Imagine-se entrando num laboratório
de Microbiologia Clínica, onde se realizam exames de pacientes
com doenças contagiosas. A cada enfermidade corresponde, neste
“mundo invisível dos micróbios”, um agente
etiológico. São muitos os gêneros e espécies
patogênicos (“levianos”, “corruptos”,
etc.). Antes era mundo insuspeito, mas passamos a ser videntes, com
o uso dos microscópios.
No mundo invisível dos espíritos não seria diferente.
Para estudar a mediunidade procuramos uma metodologia que nos aproxime,
com a objetiva e a ocular, o mais possível da verdadeira realidade.
Os espíritos são as almas dos homens que "já
deixaram a Terra", por isso lidamos com mentes caprichosas, que
não estão à nossa disposição na
hora que melhor nos convier. No entanto, pesquisadores que se submeteram
à observação criteriosa, disciplinada e principalmente
sem intenções subalternas, ficaram diante de fenômenos
inusitados. Fatos que se repetiram tantas vezes quantas foram necessárias
para recolher dados estatísticos ao máximo. O observador
comanda as pesquisas físico-químicas até onde
as energias podem ser controladas. No campo das ciências sócio-morais
o cientista recolhe dados. Estão na mesma classe a Psicologia,
a História, o Direito, a Sociologia... O objeto dessas Ciências
é o animal racional, o socius, a criatura divina, no uso do
livre-arbítrio. Aqui o observador deve ser passivo. Deve aguardar
que o fato ocorra para observá-lo. E analisar, no tempo e no
espaço, a reincidência dos fenômenos.
Em termos epistemológicos o Espiritismo é um saber novo,
ainda não totalmente definido em suas dimensões e consequências
sociais e culturais. Allan Kardec o disse “uma ciência”
e “uma filosofia científica”, com resultantes morais
decorrentes. Os três primeiros volumes das Obras Básicas,
O Livros dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e o Evangelho
Segundo o Espiritismo, representam, respectivamente, uma visão
filosófica, uma metodologia experimental e um compêndio
de regras comportamentais, estabelecido a partir de premissas reafirmadas
por Jesus. Como lidar com demônios?.(*)
Voltemos ao passado. (2)
Diversos fenômenos estranhos que
consistiam em ruídos, batidas e movimento de objetos, sem causa
conhecida, chamaram a atenção nos Estados Unidos, por
volta de 1848.
O interessante é que aconteciam com frequência, com uma
intensidade e persistência singulares. Através da observação
atenta notou-se que ocorriam sob a influência de determinadas
pessoas, referidas como médiuns. Observou-se também
que esses médiuns podiam provocá-los à vontade,
o que permitiu repetir as experiências, tantas vezes quantas
foram necessárias, para documentar-se o fato, acumulando dados
estatísticos.
Para estas experiências usavam-se mesas, por comodidade e porque
eram objetos móveis. É mais fácil e natural sentar-se
à mesa do que em volta de outro objeto. Os resultados obtidos
foram a rotação da mesa, movimentos em todos os sentidos,
saltos, flutuações, golpes dados com violência,
etc. Desta forma observou-se e discutiu-se o fenômeno designado
com o nome de mesas girantes ou dança das mesas.
Várias hipóteses foram enumeradas para explicar os resultados,
como a presença de corrente elétrica ou magnética
ou mesmo a ação de uma energia desconhecida. As hipóteses
iniciais de Allan kardec não eram espíritas, mas sim
materialistas.
Os movimentos obedeciam à vontade; a mesa deslocava-se para
a direita ou para a esquerda, em direção a determinada
pessoa, obedecia ao comando de ficar sobre um ou dois de seus pés,
batia no chão tantas vezes quantas fossem pedidas, etc. Analisando
o fenômeno raciocinou-se que " se todo efeito tem uma causa,
todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente ". Chegou-se
a síntese: a causa devia ser uma inteligência, uma vez
que esta afirmação era o mais provável e sua
negação era altamente improvável. Em pesquisa
quando um cientista encontra um resultado encontra também outras
duvidas. Restava explicar a natureza dessa inteligência. Surgiram
hipóteses: reflexo da inteligência do médium ou
dos assistentes? A hipótese foi inconsistente e logo abandonada.
O plano de pesquisa previa iniciar-se um diálogo com este ser
"do mundo invisível". A técnica empregada
foi um número convencional de batidas significando “sim
ou não” ou designando as letras do alfabeto. Os resultados
obtidos com diferentes pesquisadores foram extremamente satisfatórios.
Através do método simples foram obtidas diversas respostas
para um sem número de questões que se lhes dirigiam.
Por isso o fenômeno foi denominado como "Mesas Falantes".
Interrogados sobre a sua natureza eles declararam ser espíritos.
O fenômeno assumiu dimensão racional, científica
e doutrinal. "Não foram os fatos que vieram posteriormente
confirmar a teoria, mas a teoria é que veio explicar e resumir
os fatos". É o próprio fenômeno que revela
a sua condição de espírito. O raciocínio
não precisa emitir hipótese explicativa, como ocorre
nas ciências físicas. Allan kardec vai além e
revela a faceta mais bela do Espiritismo que é o seu lado moral.
Discute a questão da atitude do homem perante o homem e o mundo,
e a projeção dessa atitude como atividade social e histórica.
Vejamos um exemplo da “Experiência do Copo”. Seu
relato na WEB (3) foi retirado do livro
“De Kennedy ao Homem Artificial”.
Diz a senhora: “ - Imagine o senhor que começamos a fazer
a experiência do copo que anda sozinho. Há uma médium
muito boa de efeitos físicos e as sessões, lá
em casa, têm sido maravilhosas. Tudo Espírito de muita
luz, de muita elevação.
Aquela notícia de que tudo era Espírito de luz não
chegou descansada em meu coração. O que se sabe, ao
contrário, é que, com raríssimas exceções,
os Espíritos que se apresentam nesse tipo de reunião
são sempre de pouca elevação espiritual. O perigo
pode sobrevir até mesmo em clima de boa vontade. Ela adivinhou
em meu olhar essa preocupação e afinal fez-me o convite:
- Venha na próxima semana. O
senhor vai conversar com eles e verá que beleza!”
O convite foi aceito. E os resultados?
“Feita a prece, a concentração, em 10 minutos
o copo estala, treme, bate e logo desliza sobre a mesa. O alfabeto
está à volta, e sobre as letras o copo vai dando as
suas paradas até ir formando frases inteiras. O método
é extremamente primitivo, cansativo e completamente superado.”
Não posso ser acusado de “revelar o final do filme”.
Como disse, ele pode ser lido em (3). No mínimo, o leitor vai
rapidamente descobrir quais são os dois principais mandamentos
do Espiritismo e compreender porque enfatizamos a necessidade do estudo
sério. De uma coisa estou certo, aquele que estudar o Espiritismo
se comportará, diante da mediunidade e dos espíritos,
como aquele que estudou o mundo dos micróbios e está
no Laboratório examinando escarros de tuberculosos.
Desconfie, previna-se. Há espíritos marqueteiros, corruptos
e levianos, que mistificam até o fim. Apresentam-se como se
fossem “santos”, como alguns políticos, na época
das eleições. Se você entendeu o perigo no laboratório
da mediunidade, não vai ter copo!