Conhecereis a verdade e ela vos fará livres, das
lepras, do suicídio, das obsessões espirituais e
da ignorância mediúnica.
A inteligência será rica de méritos, porque
sob a condição de ser bem empregada.
Haverá responsabilidade na maturidade e conforto-prazer
na realização da tarefa confiada. Não esperando
receber nada em troca nos sentiremos úteis, o que nos bastará.
Moisés proibiu o intercâmbio entre “vivos e
mortos”? O leitor poderá tirar conclusões
examinando a Bíblia, em Deuteronômio capítulo
18 e Números 11.
Os espíritos são as almas dos homens que já
deixaram a Terra. São “corações e mentes”
que não estão à nossa disposição
na hora que melhor nos convier. No entanto, pesquisadores que
fizeram intercâmbio e se submeteram à observação
criteriosa, disciplinada e, principalmente, sem intenções
subalternas ficaram diante do fenômeno. Foram inúmeros
fatos, que se repetiram para a colheita de dados estatísticos
ao máximo.
Em 1869, o cientista William Crookes assistiu a uma sessão
mediúnica com “raps”, levitação
de corpos pesados e escrita direta. Na mesma época esteve
presente a sessões onde houve a psicofonia. Em 1907 recebeu
o Prêmio Nobel de Química.
Voltemos a 1870 para registrar que o cientista havia publicado
“O Espiritualismo visto à luz da Moderna Ciência”.
Nesse artigo lembramos o “conhecereis a verdade e ela vos
libertará”, porque o Nobel de Química afirma
que “o crescente emprego dos métodos científicos
produzirá uma geração de observadores, que
lançará o resíduo imprestável do Espiritualismo
ao limbo desconhecido da magia e da necromancia”.
Na época, seus pares achavam que ele desvendaria uma farsa.
Isso não aconteceu. O cientista examinou médiuns
como Daniel D. Home, cujos efeitos físicos eram produzidos
à luz clara, permitindo total controle. Diversos fenômenos
foram catalogados como levitação; suspensão
de corpos pesados; efeitos luminosos, materializações
à luz do dia, transportes e outros.
Crookes considerou ser seu dever enviar os resultados à
Royal Society, lançando o peso da sua reputação
científica em apoio à verdade. Causou impacto. Além
de Crookes, testemunharam outras pessoas de “notório
saber e reputação ilibada”. Isso não
o livrou de perseguições e injúrias.
Ele examinou também uma médium de nome Florence
Eliza Cook.
Sua mediunidade havia surgido na infância.
Na adolescência, aconteceu com a médium em vigília
a primeira materialização parcial do espírito
Katie King. Posteriormente, com Florence em transe profundo, o
espírito adquiriu autonomia e pode sair da cabine escura
e deixar-se observar à luz do dia.
Pensando em fraude, um experimentador despreparado tentou imobilizar
o espírito materializado, que se lhe escapuliu das mãos.
Imediatamente verificaram que a médium estava na cabine.
Encontraram-na ainda atada às amarras, com o lacre que
a prendia à cadeira. Florence adoeceu, mas depois se ofereceu
para quebrar no laboratório científico outras incredulidades.
Crookes durante três anos trabalhou com o espírito
Katie, em materialização total. O espírito
submeteu-se a medidas de pulsação, pesagem e fotografias.
Katie, numa materialização tangível, se permitiu
abraçar pelo pesquisador. Diante dos fatos, Crookes declarou:
“Não digo que isso é possível; digo
que é real!”
Realmente, a experimentação é o método
ideal de aquisição de conhecimentos positivos. Nada
como uma observação provocada, em condições
controladas. Afinal, o fenômeno deve repetir-se tantas vezes
quantas forem necessárias para a verificação
do fato. A regra geral não é observada nas ciências
sociais, nem podemos reproduzir à vontade os fenômenos
astronômicos e meteorológicos.
O fornecimento de uma prova científica esbarra num número
apreciável de hipóteses. Assim, é necessário
depurar variáveis para chegar-se à hipótese
mais provável, capaz de melhor explicar o fenômeno.
Nasce a relatividade, porque a ciência é feita com
o uso autoconsciente de nossas faculdades mentais e o homem não
possui uma medida absoluta da verdade.
Podemos dizer que a ciência é um conjunto de declarações
ou afirmações que são assumidas como verdades
sobre a realidade.
O observador comanda as pesquisas físico-químicas
até onde as energias podem ser controladas. Nessas pesquisas
o objeto é passivo e nos apoiamos na experimentação
ou na analogia.
No campo das ciências sócio-morais o cientista recolhe
dados e usa a Estatística. Nesta, o observador deve ser
passivo. Aguardará que o fato ocorra, para observar e analisar
a reincidência dos fenômenos, no tempo e no espaço.
Na Psicologia, na História, no Direito, na Sociologia,
o objeto é o animal racional, o socius, a pessoa, a criatura
divina, o espírito, no uso do livre-arbítrio.
Na Ciência que estuda a mediunidade encontramos dois socius:
o encarnado e o desencarnado, agindo e reagindo, racionalmente.
O médium e o espírito se interpenetram para o efeito
da ação conjunta. O Espírita quando examina
o fenômeno mediúnico e depois realiza as deduções
e projeções do que foi observado estará “filosofando”
e, ao manter a harmonia interior e a postura ética estará
exercendo a “consequência moral” espírita.
Na Microbiologia Médica, por exemplo, temos os Postulados
de Koch. Observação ao microscópio, isolamento
microbiano em cultura pura, reprodução da doença
em modelo animal e a recuperação da mesma bactéria
a partir do animal doente. Esses postulados permitiram que o pesquisador
confiasse nos resultados. A etiologia bacteriana da tuberculose
era altamente provável e sua negação era
improvável. Estava demonstrada a origem microbiana da Tuberculose.
A pesquisa experimental, em Espiritismo, exige uma série
de procedimentos, tanto prévios quanto concomitantes e
posteriores, como em qualquer área das ciências estabelecidas.
Antes de pesquisar, o experimentador já escolheu o objeto
a ser pesquisado. Um exemplo é a comprovação
da existência da faculdade mediúnica de materialização
na médium Florence.
Ao realizar suas observações, Allan Kardec estabeleceu
como seu objeto o mundo espiritual, enquanto “lócus”
de vivência do Espírito desencarnado, e sua interação
dialética com o mundo material. Objeto extremamente ambicioso
pela amplitude. O resultado foi “O Livro dos Espíritos”,
uma filosofia espiritualista decorrente de um procedimento científico
de observação controlada de fatos e análise
do material dele derivado.
Como ponto fundamental, o pesquisador espírita deve ter
claro que ele será um dos elementos essenciais da pesquisa
e que não haverá condições para uma
“neutralidade axiológica” absoluta, como nas
“ciências exatas”. Pesquisador e objeto estarão
indissoluvelmente comprometidos a nível energético.
A começar pelo relacionamento psicológico e magnético
com o médium, o qual poderá facilitar ou prejudicar
o bom andamento das experiências.
Como os fenômenos estão ligados ao psiquismo do médium,
e se produzem por seu intermédio, se ele sofrer um desequilíbrio
emocional, sentir-se ferido em sua dignidade, o bom êxito
da investigação estará fatalmente comprometido.
Ao estabelecer os meios e as formas de controle, o pesquisador
deverá fazê-lo de modo a evitar a fraude e o charlatanismo,
mas levando em conta que o médium é um ser humano
que deve merecer o devido respeito.
Na pesquisa mediúnica sempre se parte do fato para se chegar
à teoria. Isto evitará ideias e teorias “pré-concebidas”.
O experimentador que mantenha uma ideia fixa quanto à corroboração
de uma teoria, a priori, irá interferir no processo.
Na Física existe a suspeita de que muitos resultados não
são os que deveriam ocorrer naturalmente, mas fruto da
maneira tendenciosa como a pesquisa foi conduzida.
Na investigação psíquica um fato indiscutível
é que a mente do experimentador tem o poder de interferir
e pode impor um resultado diverso do normal. Um grande número
de experiências proporcionará massa crítica
necessária para se determinar leis e princípios
do fato estudado. Este foi o procedimento adotado por Allan Kardec.
Outro fator importante é a conduta moral do pesquisador.
Nas ciências exatas o estado moral do cientista não
tem a menor interferência no andamento da experiência.
Respeitado o método requerido pelo estudo, um cientista
ético e um canalha chegarão às mesmas conclusões.
No estudo dos fenômenos psíquicos isso não
ocorre. É necessário criar um clima de serenidade,
recolhimento e pensamentos nobres, para que funcione a lei de
afinidade psíquica, atraindo para colaborar com as experiências
entidades honestas e confiáveis.
Cremos que mais uma vez devemos lembrar a posição
de Moisés em Números, Cap XI, v.16 -39, com ênfase
no v. 26. Ainda hoje a melhor referência bibliográfica
sobre esse assunto é “O Livro dos Médiuns”.
Como pesquisar o fenômeno “Jesus”?
O máximo que conseguimos foi discutir a morte na crucificação.
(*)
Por ser espírito superior, o Mestre tinha um estilo de
vida que estava além do limite de tempo e espaço.
Poucos foram aqueles puderam se aproximar deste nível do
existir.
Ele proclamava que sua vida estava além dos limites do
tempo e do espaço, mas a nossa ciência trabalha dentro
dos intervalos do tempo. Como estudar fenômenos que estão
além desses limites?
“Como homem, Jesus tinha
a organização dos seres carnais; porém,
como Espírito puro, desprendido da matéria, havia
de viver mais da vida espiritual, do que da vida corpora”.
A vida futura é o delineamento
essencial de todo o ensinamento de Jesus. Sua trajetória
revela para a Humanidade a certeza da vida espiritual aquela que
aguarda a todos. O Reino que Ele nos trouxe deve ser erguido no
Templo da Alma, na consciência do homem de Bem.
“Então Ele veio
e disse que já era hora de seguir. Indicou o caminho
tortuoso, mostrou as pedras e os espinhos. Mas quando viu que
o medo assolava os nossos corações, nos fez olhar
o sol atrás dos montes e disse: “confiem e vão”.
Então viemos, porque ninguém resiste ao Seu chamado”
(**).
*
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