Quando minha mãe sugeriu assistir
a palestra eu não imaginaria que me defrontaria com a figura
amorosa de Amazonas Hércules. Mainha tinha razão.
Os anos passaram e nos tornamos amigos.
Veja o artigo-homenagem "Laços Afetivos". (1)
Amazonas era secretário do Centro Espírita filhos de
Deus, no “Curupaiti”, Jacarepaguá, RJ, RJ. (
2)
Pensando em espiritualidade surgem
questões. Há espíritos?
O Espiritismo é doutrina definida
por Allan Kardec :
"a ciência que trata
da origem, natureza e destino dos espíritos bem como das
relações entre o mundo corporal e o mundo espiritual."
Seus ensinos repousam na crença em Deus, na imortalidade
da alma, na comunicabilidade dos espíritos, na reencarnação
e na pluralidade dos mundos habitados. Tem a estrutura filosófica
estatuída em "O Livro dos Espíritos ".
O que pensar da proibição
imposta por Moisés aos hebreus, no sentido de não se
evocarem as almas dos mortos? É possível evocar as almas
dos mortos e estabelecer relações com elas. A proibição
de se fazer uma determinada coisa implica a possibilidade de fazê-la.
Se as almas podem se manifestar, o fazem com a permissão de
Deus, e não há mal em se fazer o que Deus permite.
(3)
O Espiritismo, como ciência prática,
consiste nas relações que se estabelecem entre nós
e as almas dos homens que já viveram na terra. Como filosofia,
compreende todas as consequências morais derivadas dessas relações.
Sem a ciência o espírito será desatento, sem a
filosofia não terá habilidade analítica e sólida
argumentação racional.
Depois daquela palestra. feita pelo Amazonas, tornei-me mais
tarde professor universitário. Na universidade surgiram os
Núcleos Espíritas Universitários no Rio de Janeiro.
(4, 5)
Ainda hoje podemos encontrar na internet
um Blog do NEU-UERJ. (6)
O primogênito foi o NEU-Fundão
(UFRJ), tendo como norte o “Estatuto das Casas do Caminho”.
Uma “Carta aos Companheiros”, assinada por dois espíritos,
José Petitinga e Vianna de Carvalho é útil aos
que trabalhamos em IES laicas. (7)
Vejamos alguns dos seus pensamentos.
“O excesso e rigorismo em
matéria de organização podem matar a alma do
ideal, formando um corpo frio, inexpressivo...”
“Há lugar para todos
trabalharem; não, porém, como pretensos chefes, hierarquizados
perigosamente e com uma supervalorização dos títulos
e conquistas mundanos...”
“A realeza é, sempre
espiritual. A superioridade, em nossos labores, é de qualidade
moral, merecendo respeito todos os esforços que visem à
meta sempre ingente: melhorar o homem e a comunidade humana, guiando-os
para Jesus. Não olvidando que o maior sempre aquele que,
conforme afirmou Jesus, é servo do seu Irmão menor.”
“O compromisso de divulgar
o Espiritismo é de emergência e relevância, nunca,
todavia, em prejuízo da ação da Caridade.”
Se o Plano Superior já te permite
pisar na seara espírita não te limites à prece.
Nas reuniões no Neu-Fundão (UFRJ), na hora do almoço,
perguntas deram origem a um opúsculo, útil ainda 17
anos depois. (8)
O que é o espiritismo? Onde
fica o espírito de uma pessoa viva? Os espíritos sofrem?
Existem as chamadas curas espirituais? O que é a morte? É
possível provar que a reencarnação existe mesmo?
É normal médiuns utilizem instrumentos cirúrgicos?
Você acredita em horóscopo?
Voltemos.
Minha mãe era filha de espíritas.
Alguns espíritos precisam nascer em lares espíritas.
Embora naquela época eu estivesse na infância, tinha
a intuição de que sua formação espírita
lhe permitia suportar a morte de minha irmã, que desencarnou
ainda na juventude. (9) Aprendi a lidar
com o luto, na visão espírita, muito cedo. (10)
Essa dor materna "sem nome" pode levar ao suicídio.
(11)
Estive com diversas mães sofredoras,
quando participei de uma reunião no Centro Espírita
da Prece, em Uberaba. Com Chico Xavier aquelas mães acabavam
concordando que a morte era apenas uma mudança de estilo de
vida. (12)
Na adolescência, minha mãe
observando minha maturidade biológica associada à clara
imaturidade psicológica e social para assumir o sexo com responsabilidade,
recomendou-me respeito pelas meninas, da mesma forma que gostaria
respeitassem minha irmã.
Com o espiritismo os valores humanos
projetam-se além da existência corpórea; a existência
material é superada pela espiritualidade da essência,
o ser eterno é responsável perante a sua consciência,
em face da lei natural, de caráter pedagógico. (13)
Num encontro de jovens recebi uma
pergunta anônima: “o senhor acha que seria lícito
um relacionamento sexual com meu namorado antes do casamento? O casamento
é apenas uma convenção, para que serve esse papel?
Nosso namoro já tem cinco anos e nos amamos."
Respondi que era uma questão
de direito. Direito de opção. Liberdade com responsabilidade.
O bilhete perguntava se era "certo ou errado".
Comentei que de nada adiantaria responder, porque
se eu dissesse o que esperava ouvir ficaria apenas reforçada
nas suas convicções, mas não teria resolvido
a questão. Porém, se eu o fizesse de forma diferente
a pessoa, valor fonte de todos os valores, concluiria que eu estava
apenas reforçando os mecanismos de repressão. As pessoas
parecem escutar somente aquilo que querem ouvir.
O Espiritismo demonstrando Leis nascidas
da observação despoja seguidores de tudo que é
supérfluo, inútil e sem fundamento. Liberta de pseudo
regras morais, de crenças, preconceitos e superstições.
Nele não há proibições, escolhe-se o que
é mais conveniente. A Doutrina Espírita amplia o discernimento
no uso do livre-arbítrio, para evitar o que conflita com a
evolução do espírito imortal.
O espírito, André Luiz
no livro Missionários da Luz (14),
afirma que a glândula pineal é responsável pela
segregação de unidades forças que controlam as
glândulas sexuais. Frenadora da sexualidade na infância,
acorda essas forcas criadoras na puberdade e na adolescência,
ao acentuar o seu funcionamento, faz a recapitulação
da sexualidade. Desta forma, sob forte impulso, as paixões
vividas em outras vidas reaparecem de forma inconsciente no reencarnante.
A pineal é quem preside os fenômenos nervosos da emotividade.
Em Evolução em Dois
Mundos, (15) André Luiz diz que
sendo criadora, não apenas agente de reprodução,
a energia sexual é reconstituinte das forcas espirituais pelo
qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente,
na permuta de raios magnéticos, que lhe são necessários
ao progresso.
A sexualidade deve ser responsável, tanto quanto a mediunidade.
Dai a proibição de Moisés, na segunda.
Joanna de Ângelis, no livro
“Entrega-te a Deus”. Divaldo P. Franco (2010) (16)
diz que se criou um conceito infeliz, que se popularizou, a respeito
da mediunidade, informando ser uma pesada cruz para os seus portadores.
A mediunidade é uma faculdade neutra, por meio da qual podem
se comunicar bons ou maus Espíritos.
A mediunidade exercida com responsabilidade
diminui o resgate daqueles que se encontram comprometidos com as Soberanas
Leis, em razão das admiráveis contribuições
de que se fazem portadores, atendendo os padecentes de ambas as esferas
da vida: a material e a espiritual.
Lembremos o trabalho do Chico Xavier
com as mães da “dor sem nome”
Logicamente, diz Joanna, transformando-se
numa ponte entre as dimensões física e espiritual, desperta
a animosidade dos Espíritos infelizes que se comprazem em gerar
obstáculos ao progresso geral.
O médium com seu desempenho
fiel e a sua abnegação no desiderato a que se entrega
consegue a simpatia dos Espíritos nobres que passam a auxiliá-lo,
inspirando-o em todos os lances da trajetória existencial.
Ainda me lembro com clareza o que mainha me ensinou.
Respeitar a natureza, pela fartura
sobre a mesa agradecer ao Criador.
Sempre andar num bom caminho, tirar
o espinho de uma flor.
Pra dar e receber carinho, pra não
viver em desalinho, só se entregar a um grande amor.
O espiritismo além de ser um
fenômeno científico é uma nova interpretação
do homem, de seu destino espiritual e ético relacionado com
o processo social e histórico da humanidade. O espírito
encarna e desencarna e se instala na sociedade para a transformar,
através do seu progresso e evolução palingenésica,
movimenta a história dando ao seu processo verdadeira intencionalidade
teleológica.
Hoje sou painho e também posso
cantar.
“Hoje eu sou mainha, mainha
tem razão. (17)
Clique no link 17, na leitura adicional,
e tenha ouvidos de ouvir, com alguém de posse da genética
de Elis.
Mainha tinha razão!