O Espiritismo
pulsava livremente antes da 2° Guerra Mundial na antiga Tchecoslováquia.
Depois os regimes políticos acabaram com Ele. O que sobreviveu
ao Nazismo foi destruído pelo Comunismo. (1)
Revelador é que Marx, para destruir os hegelianos de esquerda
que acreditavam que as palavras entram na argamassa da construção
da sociedade, tenha feito isso com o auxílio de palavras. (2,3)
Rubem Alves, em “Vida e Morte, Escritos
Sobre uma Espécie em Perigo”, diz que:
“quando o escravo era vendido
um novo nome lhe era dado. Isto não era acidental. O primeiro
ato de domínio exige que o dominado esqueça o seu
nome, perca a memória do seu passado, não mais se
lembre de sua dignidade, e aceite os nomes que o senhor impõe.
A perda da memória é um evento escravizador. Rubem
Alves diz que é por isto que a mais antiga tradição
filosófica do mundo ocidental afirma que o nosso destino
depende de nossa capacidade e vontade de recuperar memórias
perdidas. Na linha que vai de Platão a Freud, o evento libertador
exige que sejamos capazes de dar nomes ao nosso passado. Lembra-nos
ainda que a lembrança é uma experiência transfiguradora
e revolucionária. Tanto que podemos nos referir à
função subversiva da memória. Por mais curioso
e paradoxal, parece que o mais distante é aquilo que está
mais próximo do nosso futuro.”
Qual o regime político vigente
enquanto atuavam os Núcleos Espíritas Universitários
no Rio de Janeiro? Os jovens acadêmicos universitários
espíritas procuravam discutir, com auxílio de um opúsculo,
a defesa da vida intrauterina: “Eleição? Antes
de Votar pergunte ao Candidato Sobre o Aborto.”
(4)
Sempre que se quer castrar, limitar ou matar o outro se recorre a
esta técnica consagrada. O primeiro ato é desumanizar.
Se o embrião é um "vir a ser", mas não
é ainda por que não suprimi-lo em favor dos que são?
Hitler e Stálin tinham ideias pelas quais se delegaram o direito,
e até o dever, de matar judeus, dissidentes, capitalistas,
comunistas e católicos. O que se quer é “desumanizar”
o embrião para adormecer as consciências com uma legitimidade.
(5)
Posteriormente a vida intrauterina perdeu de goleada, 8 x 2, no Supremo
Tribunal Federal. (6,7)
No período de 2006 a 2013, a política do aborto caminhou
celeremente. Em abril de 2006, a descriminalização do
aborto foi oficialmente incluída, pelo Partido dos Trabalhadores
(PT), como diretriz do programa de governo para o segundo mandato
do Presidente.
Em setembro de 2006, o Presidente Lula incluiu o aborto em seu programa
pessoal de governo. Em setembro de 2007, o Terceiro Congresso Nacional
do PT aprovou a descriminalização do aborto, em caráter
obrigatório para todos os membros do Partido.
Para não ficar enfadonho, vamos direto ao ponto. Em junho de
2012, o governo Dilma declara que "o sistema de saúde
acolheria mulheres que desejassem fazer aborto e as orientaria na
utilização correta dos métodos.” O governo
declara à imprensa que "é crime praticar o próprio
aborto, mas entende que não é crime orientar uma mulher
na sua realização”.
Em 01 de agosto de 2013, o projeto foi sancionado integralmente, Lei
12.845, pela presidente Dilma Rousseff. (8)
Hoje, com a pandemia as atividades dos Núcleos foram afetadas.
Resgatemos memórias.(9)
O Primeiro Seminário de Estudos Espíritas na Universidade
aconteceu na Estadual de Londrina, Paraná, em 23 de maio de
1984. A iniciativa paranaense parece ter estimulado a formação
de outros grupos. Assim nasceu o NEU-Fundão, UFRJ em 29/10/1992.(10,
11)
A chama se espalhou e em dois anos, foram criados outros Núcleos
Espíritas Universitários. Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Universitária Augusto Motta
(SUAM), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade
Federal Fluminense (UFF), Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO)
e Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
Como as palavras entram na argamassa da construção da
sociedade ainda procuramos manter um NEU- Virtual, no Recanto das
Letras. Qual é a importância de um núcleo espírita
na universidade? (12,13)
“Ficando em casa”, obrigados não apenas pela política
de prefeitos e governadores, tentamos contribuir com material para
a argamassa em formas sintéticas. Poesias amadoras foram feitas
e são uma resistência à escravização.
Eventualmente poderão ser úteis aos calouros no Espiritismo,
não apenas na universidade.
A uma delas, muito compactada, demos o título “Diminuto”
(14) e outra, que procura repisar pontos
fundamentais, intitulamos “Enfatizando” (15).
Saímos assim do passado para pensar o futuro.
Não estamos iludidos. Sabemos que nos encontramos no início
da regeneração planetária. Por isso, o mercado
de mentiras ainda é atraente e mais compartilhado, em detrimento
da verdade gratuita. Haja argamassa!