André Luiz nos diz que a educação
da alma é a alma da educação. É a educação
como formação, que desenvolve interesses, valores e
atitudes. Seu princípio organizador a internalização
– incorporação de valores éticos-morais
de outra pessoa ou da sociedade. É a aceitação,
como se fosse próprio, de atitudes, regras, princípios
e sanções que o levam à formação
de julgamentos de valor ou à determinação de
sua conduta.
Nela existem estágios de desenvolvimento:
Estágio 1. As conseqüências físicas de uma
ação determinam se ela é boa ou má. Os
motivos morais são baseados no desejo de evitar punição.
Estágio 2. “Certo” é aquilo que satisfaz
necessidades pessoais. Há igualdade e reciprocidade por motivos
pragmáticos, não por lealdade, gratidão ou justiça.
Neste nível, significa: “Se ele me bate, eu bato nele”.
Estágio 3. Há necessidade de evitar a reprovação
e o desagrado dos outros. Comportamento de grupo. Tendem a se comportar
como pessoa “bem educada”. A intenção torna-se
importante pela primeira vez.
Estágio 4. Mostra respeito pela autoridade, pelas regras fixas
e pela manutenção da ordem social.
Estágio 5. Há respeito pelos direitos individuais. O
direitos e deveres são baseados no livre acordo. Há
valorização do legal, mas a lei pode ser mudada em função
da sua utilidade social.
Estágio 6. As decisões da pessoa são guiadas
por princípios éticos selecionados por ela própria,
como justiça, reciprocidade, igualdade e respeito pela dignidade
do ser humano. Compreende que nem tudo o que é legal é
moral.
Por outro lado devemos entender que a mente humana pode passar por
estados
mórbidos como: a Neurose e a Psicose, distintas primariamente
por intensidade de
desarranjo.
Neurose é um distúrbio
emocional da personalidade. Conduz a estilo de vida desajustado. Há
conflito: consigo mesmo porque tendências contraditórias
se debatem dentro dele, como a necessidade de afeto e a hostilidade
e com o meio ambiente porque luta agressivamente contra os fatores
externos como se estes constituíssem uma ameaça à
sua vida e, ao mesmo tempo, procura recuar diante deles como se julgasse
não poder enfrentá-los.
O neurótico acha que deve lutar
antes de cooperar e, por isso, é fortemente competitivo (ainda
que não pareça).
Neurose corresponde em trabalhos espíritas
ao termo clássico perturbação, definida como
estado de ânimo desajustado, em que o indivíduo não
consegue manter a estabilidade emocional e mental, desviando-se para
a tristeza, pessimismo, desânimo, agressividade. Aplica-se
especialmente ao espírito desencarnado em desequilíbrio.
Há tipos de atitude geral e tipos de personalidades: 1) aproximam-se
porque precisam ansiosamente de afeto e não suportam a solidão
– complacente; 2) opõem-se porque são ambiciosos
e querem dominar e possuir tudo – agressivo; 3) afastam-se,
mal toleram o contato humano e sentem-se melhor no isolamento –
indiferente.
As três atitudes não excluem as opostas, presentes mas
inaparentes. O sujeito em oposição aos outros é
carente de afeição, mas procura ocultar isso.
O homem normal contém esses
elementos em proporções equilibradas. É amistoso,
solidário, cooperativo.
Como fica o nosso raciocínio
quando passamos pelas duas condições?
Neurose – raciocínio
normal. Parece desviado porque usa bases falsas; “ninguém
gosta dele, o mundo é um lugar mau e perigoso, ou adora todo
mundo”. Esses juízos são falsos. O mecanismo de
pensar está intacto. Existe o senso da realidade e a vida social
é possível.
Na psicose, a desorganização
é muito mais avançada. O senso da realidade e a vida
social mostram-se nulos ou quase. Não pode responder pelo que
faz.
O que está no fundo das neuroses
e psicoses?
A tríade afetiva do desequilíbrio
mental. Os “micróbios” do egoísmo, do orgulho
e da hostilidade.
Qual a causa geral de qualquer perturbação
psíquica?
Desobediência constante às
determinações da Lei de Deus, abandono sistemático
das obrigações impostas pela Lei.
Uns estão rebelados contra
a vida, o mundo e Deus; outros estão desanimados ante os obstáculos
a remover do próprio caminho. Um dia, eclodem os variados sintomas
neuróticos ou psicóticos, conforme a intensidade da
perturbação íntima.
Egoísmo – base dos sentimentos
desequilibrantes da alma – é o excessivo apego ao próprio
bem, sem considerar o dos outros. “Hipertrofia congênita
do eu”, “Obsessão neurótica do eu”.
Orgulho, inflação da
personalidade, é o desejo de parecer superior ao que é.
Assim esses indivíduos só
se ocupam de suas conveniências e vantagens. “Eles gostam
de levar vantagens em tudo” ignorando os outros.
Existe outro fator quase sempre presente
que é a obsessão. Ela pode se definida como a influência
maléfica, intencional ou inconsciente, exercida por Espíritos
imperfeitos sobre a humanidade encarnada, de modo prolongado. É
o predomínio de uma mente sobre a outra produzindo constrição.
Um homem pode enlouquecer só
porque um Espírito mau se lhe aderiu à organização
perispiritual, dominando-lhe a vontade e impondo-lhe seus pensamentos.
Obsessão é, portanto, um constrangimento que se sente,
graças à presença perturbadora de um ser espiritual.
Ela possui três graus distintos: 1. Obsessão simples
– peculiar a quase todos – seria um tipo de “gripe
emocional”. Porque vivemos num mundo atribulado, imediatista,
agressivo, desequilibrando-nos e sintonizamos com os Espíritos
também agressivos e desequilibrados. 2. Quando ela se agrava
é a obsessão por fascinação. O indivíduo
se acredita abençoado por forças superiores e não
admite o intercâmbio com os Espíritos menos ditosos;
3. Quando a pessoa perde o senso de equilíbrio, cai no que
o Evangelho chamava de possessão e que Allan Kardec, denominou
como obsessão por subjugação, porque a entidade
subjuga-o, imprime-lhe a vontade e passa a exercer nele um predomínio
quase total.
Como podemos perceber o indivíduo que possui inteligência
emocional-moral em equilíbrio esta distante destes estados
acima descritos. Nesse particular nos lembramos da figura do médium
Chico Xavier, que como verdadeiro homem de bem perseguiu os 12 passos
do equilibrio abaixo. Afinal de contas uma inteligência emocional-moral
equilibrada:
1. É generosa – Cumpre a lei de justiça e de amor,
na sua maior pureza. Se ela interroga a consciência sobre seus
próprios atos, a si mesma perguntará se violou essa
lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se
desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil;
enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
2. Percebe a existência de uma Inteligência Suprema –
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça
e na Sua sabedoria. Tem fé no futuro, razão por que
coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas
as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções
são provas ou expiações e as enfrenta sem murmurar.
3. É justa – Possuída de amor ao próximo,
faz o bem pelo bem, sem esperar paga
alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o
forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
4. É altruista – Encontra satisfação nos
benefícios que espalha, nos serviços que presta. O egoísta,
ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes
de toda ação generosa.
5. É sem preconceitos – É boa, humana e benevolente
para com todos, sem distinção de
raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê
irmãos seus.
6. É livre – Respeita nos outros todas as convicções
sinceras e não é falso com os que como ele não
pensam. Tem como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras
malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade
de alguém, que não recua à idéia de causar
um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode
evitar, falta ao dever de amar o próximo.
7. Perdoa – Não alimenta ódio, nem rancor, nem
desejo de vingança; a exemplo de Jesus,
perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra,
por saber que
perdoado lhe será conforme houver perdoado.
8. É indulgente – É indulgente para as fraquezas
alheias, porque sabe que também necessita de indulgência
e tem presente esta sentença do Cristo: “Atire-lhe a
primeira pedra aquele que se achar sem pecado.” Nunca se compraz
em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los.
Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar
o mal.
9. Possui autocritica – Estuda suas próprias imperfeições
e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços
emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em
si de melhor do que na véspera.
10. É incentivadora – Sabe que autovalorizar-se não
é de sua atribuição, por isso procura não
dar valor a si mesma, aos seus talentos, a expensas de outrem, mas
aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar
o que seja proveitoso e de valor encontrado em outros.
11. É sem vaidade (humilde) – Não se envaidece
da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais. Usa, mas não
abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é
um depósito de que terá de prestar contas e que o mais
prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo
à satisfação de suas paixões.
12. Sabe obedecer e comandar – Se a ordem social colocou sob
o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência,
porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade
para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu
orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição
subalterna em que se encontram. Se subordinada, compreende os deveres
da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.
Finalmente, o ser em equilíbrio respeita todos os direitos,
que as Leis da Natureza dão aos seus semelhantes, como quer
que sejam respeitados os seus.
Admiro Chico porque demonstrou inteligência
privilegiada ao adotar o Mestre como modelo, mas, principalmente,
por ter aplicado à própria vida a “Pedagogia do
Exemplo” de Jesus.