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Allan Kardec adverte: “melhor
é repelir dez verdades que admitir uma única falsidade,
uma só teoria errônea.” O crítico que
Kardec considera como sério: “é aquele que
é conhecedor daquilo que fala.”
Examinemos a monumental obra “O Livro dos Médiuns”,
que não é apenas uma obra didática sobre o Espiritismo
experimental, porém extrai do estudo sistematizado dos fenômenos,
importantes e concludentes lições morais, além
de ser o maior livro de parapsicologia escrito até agora. (*)
Este livro corresponde a um
segundo volume de “O Livro dos Espíritos”.
Kardec publicou em 1858, umas “Instruções Práticas”
sobre as manifestações espíritas, que foi substituída
em 1861 pelo “O Livro dos Médiuns”. Neste reuniu
todos os dados de longa experiência e estudo consciencioso.
A primeira parte, noções preliminares. Consta de quatro
capítulos.
Há Espíritos? Do Maravilhosos e do Sobrenatural. Do
Método. Dos Sistemas. (Charlatanismo, loucura, alucinação,
músculo estalante, diabólico ou demoníaco, sonambulismo,
etc).
A segunda parte possui 32 capítulos. Manifestações
físicas, mesas girantes; manifestações visuais,
aparições; bicorporeidade, transfiguração;
laboratório do mundo invisível; locais assombrados;
perigos da mediunidade, etc.
Esta parte inclui até um vocabulário espírita.
Na introdução Kardec faz uma observação:
“ninguém suponha encontrar uma receita universal e infalível
para formar médiuns. Seu objetivo consiste em indicar os meios
de desenvolvimento da faculdade mediúnica e dirigir-lhe o emprego
de modo útil.”
Em todas as suas obras Kardec se preocupou em dar classificação
aos espíritas. No entanto, a mais clara, precisa ou profunda
é encontrada em “O Livro dos Médiuns”: a.
Experimentadores, b. Imperfeitos, c. Exaltados e d. Verdadeiros ou
Cristãos.
Quanto às reuniões diz que podem ser frívolas,
experimentais ou instrutivas. Já as comunicações
obtidas podem ser grosseiras, frívolas, sérias ou instrutivas.
Kardec diz que “as reuniões experimentais podem deslumbrar,
mas nem sempre levam ao convencimento e à conversão.
No Espiritismo a questão dos espíritos é secundária
e consecutiva”.
“O fenômeno não é o mais importante
na Doutrina Espírita, pois há o que nenhum fato testemunhou;
que não observou uma mesa agitar-se ou um médium escrever,
mas se tornou tão convencido quanto nós unicamente por
ler e compreender”.
Ao contrário, um médico com doença cardíaca
pode ser operado por um espírito cirurgião materializado,
obter o testemunho de vários outros médicos e não
chegar ao convencimento.
Trocando o pneu do carro andando. O ato cirúrgico pode ser
feito sem utilizar instrumentos cortantes, sem anestesia convencional,
sem hemorragia significante. Uma substituição de uma
válvula cardíaca por outra nova “construída”
durante o procedimento. (1)
A conversão demora um pouco mais. No entanto, não devemos
esmorecer na divulgação das nossas experiências.
Kardec diz que “o melhor método para a divulgação
do Espiritismo deve procurar dirigir-se à razão mais
do que aos olhos. Todos os homens poderiam acreditar nas manifestações
dos Espíritos e a humanidade nada mudar”.
O Espiritismo há realizado grandes progressos, imensos,
porém, são os que conseguiu realizar a partir do momento
em que tomou rumo filosófico. Mesmo quando os fenômenos
não existissem, ainda ficaria uma Filosofia que, por si só,
resolve problemas até hoje insolúveis, que só
ela apresenta a teoria mais racional do passado do homem e do seu
futuro. Poder-se-ia abstrair das manifestações sem que
a Doutrina deixasse de subsistir.
O Espiritismo deve ser encarado pelas suas consequências
morais. A preocupação excessiva com os problemas científicos
e filosóficos não é o fundamental. O maior problema
ainda é o moral, mas a faculdade mediúnica independe
da moral do médium. Por outro lado, as condições
ideais para a obtenção de boas comunicações
são: a perfeita comunhão de vistas e de sentimentos,
a cordialidade recíproca e sentimentos de caridade cristã.
As reuniões de estudo são de grande valia para os
médiuns. Por que será que Kardec disse que “a
falta de médiuns na Casa Espírita é, muitas vezes,
até providencial”?
Vale à pena ler o número 346 no livro dos médiuns.
Questão de ordem nos trabalhos mediúnicos.
No Regulamento da Sociedade de Estudos Espíritas é que
Kardec disciplina o rumo das Sessões. Capítulo XXX.
Artigos. 17-18.
Fenômenos naquela época foram importantes, mas a legenda
de agora é a kardequização do sentimento,
do raciocínio, da ciência, da filosofia, da fé,
da inteligência, do estudo, do trabalho, do serviço,
das relações, do progresso, da liberdade, do lar, do
debate, do sexo, da personalidade, da corrigenda, da existência.
Kardequizarmo-nos na carteira de obrigações a que
estamos transitoriamente jungidos é a fórmula ideal
de ascensão. Diz Bezerra de Menezes.
Kardec não é passado ultrapassado, kardequizar é
tornar explícita a reencarnação. (2)