"Lá na escola todo
mundo fuma maconha..."
Argumento é raciocínio
pelo qual se tira uma conseqüência ou dedução.
Crise é manifestação
violenta e repentina de ruptura de equilíbrio. Estado de dúvidas
e incertezas. Fase difícil, grave, na evolução
das coisas, dos fatos, das idéias. Tensão, conflito.
Frequentemente as pessoas utilizam o argumento
- "todo mundo faz" - para justificar condutas assumidas.
É comum encontrá-lo entre jovens, não resistindo
à "pressão do grupo" na crise
da adolescência.
O critério de frequência (todo mundo) deve ser olhado
com prudência. Um profissional de saúde não pode
formar um diagnóstico sem o apoio das noções
de "normalidade" e de "valor". Não são
suficientes os critérios estatísticos ou sócio-culturais.
Aborto, dentes cariados, eutanásia e terrorismo podem ser freqüentes,
mas não devem ser considerados como "normais".
Nos aparelhos, como por exemplo, o microscópio ótico
ou eletrônico, normalidade se prende à finalidade; nos
seres naturais é preciso estar a par das exigências de
sua natureza corporal e espiritual. Surge então a necessidade
de parâmetros que não podem fugir à perspectiva
dos valores. Valores devem ser entendidos como tudo o que contribui
para a perfeição integral do ser e para a realização
de seus fins existenciais como pessoa.
Na análise do comportamento são necessários enfoques
de ordem biológica, psicológica, sócio-cultural,
antropológica e espiritual. Não deve ser considerado
normal o que reduz nosso coeficiente de liberdade de opção.
Não apenas opção por uma conduta ou outra, mas
também a capacidade para resistir à impulsão
e compulsão, seja ela sexual, religiosa ou outra.
"Todo mundo faz" é argumento
tão enganoso quanto os de incurabilidade, sofrimento e inutilidade,
na justificativa prática da eutanásia direta ou indireta.
Nesta, existe pouca diferença entre "ação"
e "omissão" e estamos diante do mesmo fim.
Ninguém pode licitar o que é ilícito só
porque está a seu favor. No mínimo vai dar em CPI, mesmo
após a morte, no mundo espiritual.
A melhor maneira de se medir a licitude de uma ação
é imaginá-la como regra geral. Imaginem determinadas
ações legalizadas (aborto, pena de morte, eutanásia)
e nas mãos de interesses diversos, econômicos, políticos,
ou outros.
Soubemos de uma mãe que, sofrendo as pressões da "revolução
sexual", aconselhou a filha adolescente o caminho do sexo
livre. O argumento foi "uma forma de prevenir
seqüelas psicológicas na idade adulta".
Alguém já disse que "a falsa compreensão
da Psicanálise a respeito do sentimento de frustração
lançou uma grande confusão sobre os métodos educativos".
De equívoco em equívoco chegou-se a conclusão
de que o indivíduo disciplinado e auto-controlado é
neurótico, ao passo que o sujeito desregulado e impulsivo é
o normal.
Na adolescência, os pais colhem o que plantaram na infância.
Nesta fase da vida, que não é mais a infância
e ainda não é a maturidade, aparece o dilema sério
de possuir um corpo apto para a reprodução acompanhado
de uma clara imaturidade social e emocional, para enfrentar as conseqüências
derivadas disso.
Hoje, fala-se em sexo seguro por causa da Aids. Mas, o que é
sexo seguro? Sexo seguro é aquele que é seguro, uai!
E o que é seguro?
A semeadura pode ser aparentemente livre, mas a colheita é
obrigatória.
A conseqüência paradoxal da revolução sexual
do século XX foi redução do índice de
natalidade. A França, Itália e Alemanha apresentaram
taxas negativas de crescimento demográfico (uso de métodos
anticoncepcionais e aumento da instabilidade das ligações
afetivas, aumento de homossexuais de ambos os sexos).
A observação dos comportamentos dos filhos dos liberados
da década de 60 nos leva a supor a existência de um movimento
de mudanças em relação a casamento, família
e fidelidade, principalmente após a crescente pandemia de Aids.
Crises e argumentos coexistem à
beira do terceiro milênio. É difícil defender
o controle da natalidade sem pensar em racismo ou colonialismo dos
países industriais.
Argumenta-se que a contracepção não
combate a mortalidade infantil; que os meios anticoncepcionais não
são inócuos e que eliminando-se a pessoa do pobre não
se suprime a miséria. O controle da natalidade não reduz
a gravidez de alto risco. Argumenta-se também,
que as pessoas do terceiro mundo vivem em "alto risco",
com a desnutrição, anemia carencial e verminose.
Diante da crise, fase difícil, grave, todos
estavam tensos, no conflito. Queriam justiça com as próprias
mãos, mas a mulher (com comportamento de risco) encontrou aquele,
que argumentou e evitou o apedrejamento.