Resumo:
O que é ser espírita? Raras vezes essa questão
é colocada, embora o qualificativo espírita seja
amplamente usado. Neste trabalho examina-se como Allan Kardec
abordou a questão, em diversas de suas obras. Procura-se
salientar a relevância das considerações de
Kardec para as reflexões que cada um de nós deve
fazer acerca de sua condição de espírita.
1. O Livro dos Espíritos
Nesta primeira seção centralizaremos a análise
no tratamento dado por Kardec à questão do que é
ser espírita na obra fundamental do Espiritismo, O Livro
dos Espíritos. Como se observa pela leitura do primeiro
parágrafo da Introdução, o termo espírita,
foi, como vários outros, inventado por Kardec com o objetivo
específico de conferir clareza terminológica à
nova área que estava sendo criada. A palavra espírita
foi inicialmente introduzida como adjetivo, para qualificar diversos
substantivos, como doutrina, filosofia, fenômeno, etc. Assim,
as expressões doutrina espírita, filosofia espírita,
fenômenos espíritas e outras aparecem já na
primeira edição, de 1857.
No presente trabalho estaremos interessados primordialmente na
aplicação desse adjetivo a pessoas: homem espírita,
mulher espírita, criança espírita, etc. Desse
uso do adjetivo deriva, por omissão do substantivo, o substantivo
‘espírita’, que aparece em frases como: ‘Espíritas!
amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este
o segundo’, ‘os bons espíritas’, etc.
Trata-se de um fenômeno lingüístico comum; outros
casos semelhantes seriam, por exemplo, os substantivos jovem,
louco, criminoso, e uma infinidade de outros.