Silvio
Seno Chibeni
> Quadro dos principais fatos referentes a Allan
Kardec e às origens do Espiritismo
1. Introdução
Neste trabalho procuraremos reunir alguns dados importantes da história
do Espiritismo, especialmente os referentes a Allan Kardec e ao Espiritismo
nascente. Nossa fonte básica será a obra Allan Kardec,
em três volumes, da autoria de Zêus Wantuil e Francisco
Thiesen, dada a público pela Federação Espírita
Brasileira em 1979/80. Qualquer estudioso do Espiritismo reconhecerá
prontamente que ela representa o mais completo e rigoroso estudo já
publicado sobre a vida e a obra de Kardec. Os volumes 2 e 3, da autoria
de Thiesen, contém ainda análises e comentários
de grande justeza e profundidade sobre muitos tópicos referentes
à doutrina e ao movimento espíritas.
Os três volumes dessa obra apresentam uma massa de informações
bastante densa. Dispõem de índices antroponímicos,
mas não trazem índices analíticos. Nos dois últimos
volumes, os capítulos são de amplas proporções,
contendo muitas seções. Thiesen optou, certamente com
razões ponderáveis, por não fazer uma apresentação
cronológica dos fatos. Tudo isso dificulta sobremodo a localização
dos assuntos. Por tais motivos, julgamos útil compilar aqui,
de forma mais simples e direta, alguns dos acontecimentos mais importantes.
Fomos motivados por nossa experiência pessoal, de muitas vezes
querermos citar datas e lugares precisos e não conseguirmos
encontrar de pronto as referências. Também pode ser de
alguma utilidade dispor de um painel sucinto dos fatos, que permita
sua visualização global.
Naturalmente, sabemos que o que mais importa não são
os nomes, as datas e os lugares, mas a sua significação
histórica, científica e filosófica. O pesquisador
cuidadoso não poderá dispensar a respeitável
obra de Thiesen e Wantuil. Também deve-se lembrar que a segunda
parte das Obras Póstumas de Allan Kardec consiste
de textos de enorme relevância para a história do Espiritismo,
repletos, como não poderia deixar de ser, de preciosas considerações
doutrinárias. O mesmo vale para os volumes da Revue Spirite
editados por Kardec.
Há algumas outras fontes sobre o Espiritismo e sua história,
que podem ser consultadas, embora nem de longe se aproximem, em abrangência
e precisão, da que nos legaram Thiesen e Wantuil. Entre elas
encontram-se:
- Moreil, André. La vie et l'Œvre
d'Allan Kardec. Paris, Vermet, sem data. (Wantuil menciona
outra edição parisiense, Éditions Sperar, de
1961; Thiesen se refere a uma tradução para o vernáculo,
de Miguel Maillet, publicada sem data pela Edicel. Ver Allan
Kardec, vol. I, pp. 79 e 26, respectivamente.)
- Sausse, Henri. Biographie d'Allan Kardec.
4a ed., Paris, Éditions Jean Meyer, 1927. A Federação
Espírita Brasileira faz figurar uma tradução
dessa biografia em sua edição de O que é
o Espiritismo, sem indicação do tradutor. {nota
1}
Para facilidade de referência, adotaremos as seguintes abreviaturas:
- AK I, AK II e AK III respectivamente volumes I,
II e III da obra Allan Kardec.
- OP Obras Póstumas
- RS ou Revue Revue Spirite
- SPES Société Parisienne des Études
Spirites
- FEB Federação Espírita Brasileira
Os números que aparecerão diante desses símbolos
referem-se a páginas das obras, salvo indicação
em contrário. Utilizamos a 1a edição de Allan
Kardec e a 18a edição da tradução
febiana de Obras Póstumas, traduzida por Guillon Ribeiro
(confrontada com o original francês: Paris, Dervy-Livres, 1978).
2. Hippolyte-Léon Denizard
Rivail
1804 - (3/10) - Nascimento de Hippolyte-Léon
Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, em Lyon, a segunda maior
cidade francesa depois de Paris. Seus pais foram Jean-Baptiste Antoine
Rivail, homem de leis, e Jeanne Louise Duhamel, residentes à
Rue Sale, 76; essa casa foi demolida ainda em meados do século
XIX. (AK I 29)
1815 - Rivail segue para o Instituto
de Johann Heinrich Pestalozzi para continuar seus estudos. O Instituto
ficava na cidade de Yverdon, Suíça, e funcionava em
regime de internato. Os alunos recebiam ali educação
integral esmerada, segundo inovador método pedagógico
do famoso professor, baseado na convicção de que o
amor é o eterno fundamento da educação. (AK
I caps. 2 a 11 e 15)
1822 - Rivail deixa Yverdon e instala-se
em Paris. Não há certeza plena sobre essa data. Sabe-se
que em janeiro de 1823 já residia à Rue de la Harpe,
117. Confirma-se também que pelo menos de 1828 a 1831 morou
na Rue de Vaugirard, 65. (AK I caps. 12 e 21)
1824 - Rivail publica o seu primeiro
livro didático, o Cours pratique et théorique
d'arithmétique, concebido segundo o método pestalozziano.
Foi publicado em Paris na Imprimerie de Pillet Ainé, Rue
Christine, 5. (AK I caps. 14 e 16)
1825 - Rivail funda a sua primeira escola, a École de Premier
Degrée. (AK I cap. 18)
1826 - É fundada a Institution
Rivail, instituto técnico, sito à Rue de Sèvres,
35; funcionou até 1834. Neste mesmo local existiria depois
o Lycée Polymathique, dirigido também por Rivail,
até 1850, quando foi cedido a A. Pilotet. A partir dessa
data o Prof. Rivail não mais exerceria atividades didáticas.
(AK I cap. 19 e pp. 131, 145 e 146)
1828 - Rivail dá a público
o "Plan proposé pour l'amélioration de l'éducation
publique", sugerindo diretrizes para a educação
pública. (AK I cap. 21)
1831 - Aparece, da autoria de Rivail,
a Grammaire Française Classique sur un nouveau plan.
(AK I cap. 22)
1832 - Casa-se com Amélie-Gabrielle Boudet (1795-1883), que
seria sua dedicada companheira e apoio de todos os momentos, até
a sua desencarnação. Conhecida mais tarde entre os
espíritas como "Madame Allan Kardec", Amélie-Gabrielle
era professora e colaborou com o esposo em suas atividades didáticas.
Nunca tiveram filhos, conforme explicitamente se lê na Revue
Spirite de 1862. (AK I cap. 20, III 45)
Rivail e sua esposa foram pessoas
dignas, de moralidade inatacável, dedicando-se integralmente
ao cultivo dos ideais superiores da cultura, da educação,
do bem. Lutaram a favor das causas da liberdade de ensino e da educação
para meninas. Rivail ministrou por muitos anos cursos gratuitos
para crianças pobres. Além de mestre, foi sempre amigo
dos alunos. (AK I cap. 23 a 29)
Do ponto de vista material, o casal
Rivail levou vida simples, não raro enfrentando dificuldades
econômicas. Na fase espírita, seus parcos recursos
seriam empregados na publicação das obras iniciais
e em outras despesas referentes ao Espiritismo. Nos anos de maiores
limitações, Rivail complementou sua receita com empregos
temporários modestos, como o de contador. (AK I
cap. 33)
Há referências seguras
de cerca de 21 textos publicados pelo Prof. Rivail, entre livros
didáticos e opúsculos diversos referentes à
educação. (AK I cap. 37)
Rivail possuía sólida
erudição, conhecendo bastante bem as diversas ciências,
a filosofia e as artes. Traduziu obras alemãs e inglesas
para o francês, e vice-versa. Foi membro de diversas academias
culturais, possuindo vários diplomas. (AK I caps.
22, 30, 35)
Contrariamente ao que afirmou Henri
Sausse, e alguns mantém até hoje, Rivail não
foi médico (AK I cap. 31). Também não
há evidência de que tenha sido maçom, sendo
mais razoável assumir que não o foi (AK I
cap. 32).
3. Das observações
iniciais à primeira edição de O Livro dos
Espíritos
1848 - Início dos famosos fenômenos
espíritas que envolveram a família Fox, em Hydesville
(EUA). A 28 de março verificam-se as primeiras manifestações
físicas; três dias após, estabeleceu-se a primeira
comunicação tiptológica. Em poucos anos, fenômenos
semelhantes passaram a chamar a atenção pública
não somente nos Estados Unidos, mas também na Europa.
Foi a fase das chamadas "mesas girantes". (AK
II 49-60; ver também As Mesas Girantes e o Espiritismo, de
Zêus Wantuil, publicado pela FEB.)
1854 - Rivail é informado
pelo Sr. Fortier, magnetizador seu conhecido, acerca da ocorrência
dos fenômenos das mesas girantes. Embora estranhando-os, não
os julgou impossíveis, já que poderiam ter alguma
causa física ainda não bem determinada. No entanto,
algum tempo depois esse mesmo Sr. Fortier lhe disse que as mesas
também "falavam", isto é, davam sinais de
inteligência. A reação agora foi cética:
"Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que
uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que
possa tornar-se sonâmbula." (OP 265; AK
II 62)
1855 - No início desse ano, o Sr. Carlotti faz-lhe
longo relato dos singulares fenômenos. Embora Rivail o conhecesse
há 25 anos, mais uma vez expressa reservas, dado o temperamento
exaltado do amigo, tão em oposição ao seu.
(OP 266; AK II 124)
1855 - Em maio, Rivail vai, em companhia de Fortier, à
casa da Sra. Roger, sonâmbula, onde conhece o Sr. Pâtier
e a Sra. Plainemaison. Este lhe fala dos fenômenos, mas com
seriedade e frieza, o que o predispõe, finalmente, a observar
os fatos. (OP 266)
1855 - Numa dessas reuniões, conhece a família Baudin,
então residente à Rue Rochechouart (a partir de 1856
iria para a Rue Lamartine; ver AK 64). Convidado pelo Sr.
Baudin, passou a freqüentar assiduamente as sessões
semanais que se realizavam em sua casa. Os médiuns eram as
filhas do casal, Caroline e Julie, que no início escreviam
com o auxílio de uma cestinha. {nota
2}De numerosas e frívolas que eram, sob a influência
de Rivail as reuniões passaram a reservadas e sérias,
dedicadas à pesquisa racional e metódica do novo domínio.
"Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração
que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do
problema tão obscuro e tão controvertido do passado
e do futuro da humanidade [...]. Era, em suma, toda uma revolução
nas idéias e nas crenças; fazia-se mister, portanto,
andar com a maior circunspeção, e não levianamente;
ser positivista e não idealista, para não me deixar
iludir" (OP 267-68; AK II 64). Rivail submetia
aos Espíritos séries de questões visando a
elucidar problemas relativos à filosofia, à psicologia
e à natureza do mundo invisível. Um grupo de intelectuais
encarregou-o de analisar e joeirar cerca de 50 cadernos com comunicações
espirituais diversas. (AK II 71, 68 e 125)
1856 - Nesse ano passou a freqüentar também as reuniões
espíritas da casa do Sr. Roustan, na Rue Tiquetonne, 14.
O médium era a Srta. Japhet, sonâmbula. As anotações
de Rivail, provenientes em grande parte das comunicações
obtidas pelas Srtas. Baudin, tomaram as proporções
de um livro, embora se saiba que por volta de abril ainda não
estava claro para ele que deveria ser um dia publicado (OP
276). Depois que isso se tornou evidente, foi por intermédio
da Srta. Japhet que os Espíritos auxiliaram Rivail a fazer
uma revisão completa do texto já elaborado. Era o
Livro dos Espíritos. (OP 270, 276 e 277;
AK II 72)
1856 - A 30 de abril, pela mediunidade
da Srta. Japhet, Rivail tem a primeira notícia de sua missão,
em linguagem bastante alegórica. Outras se seguiram, de cunho
mais positivo. O conjunto dessas comunicações e, principalmente,
os comentários de Rivail indicando sua reação,
constitui leitura obrigatória para todo espírita,
por sua beleza e elevada significação. (OP
277-87; AK II 69 e 72)
1857 - No início
desse ano o texto manuscrito de O Livro dos Espíritos
está concluído; o editor, E. Dentu, envia-o à
Imprimerie de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, que dista 23 km de
Paris, a oeste (AK II 73 e 75). As despesas correm inteiramente
por conta de Rivail (AK II 257). O casal Rivail residia
então à Rue des Martyrs, 8, no segundo andar, nos
fundos do pátio, onde estava pelo menos desde março
de 1856 (OP 273).
1857 - A 18 de abril, vem
à luz a primeira edição de O Livro dos
Espíritos (Le livre des Esprits). Contendo
os princípios da doutrina espírita sobre a natureza
dos Espíritos, suas manifestações e suas relações
com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e
o porvir da humanidade; escrito sob o ditado e publicado por ordem
de Espíritos Superiores por Allan Kardec. Paris, E. Dentu,
Libraire, Palais Royal, Galerie d'Orléans, 13.{nota
3}
Essa primeira edição
contém 501 questões, distribuídas em 3 partes
(176 pp.). Afora a tábua dos capítulos, há
um útil índice analítico ("Table alphabétique").
Não há conclusões; apenas um Epílogo,
de menos de uma página. As notas de Rivail, em número
de 17, vêm todas no final, ocupando 12 páginas. Ao
longo de toda a primeira parte ("Livre premier. Doctrine spirite.")
adota-se uma forma de exposição dupla: na coluna da
esquerda, perguntas e respostas; na da direita, o texto corrido
equivalente. É nesta obra que Rivail adota o pseudônimo
de Allan Kardec nome que teria tido em antiga encarnação
entre os druidas, sacerdotes do povo celta, que ocupou a Gália,
a Grã-Bretanha e a Irlanda (AK II 74-80). No Epílogo,
anuncia-se para breve a publicação de um suplemento,
contendo novos ensinos. No entanto, Kardec acaba desistindo da idéia,
elaborando, em seu lugar, uma segunda edição "inteiramente
refundida e consideravelmente aumentada", que viria a público
em março de 1860 (ver seção 6 deste nosso trabalho).
Em 1957 Canuto Abreu publicou edição bilíngüe
da primeira edição de O Livro dos Espíritos,
sob o título O Primeiro Livro dos Espíritos
(São Paulo, Companhia Editora Ismael).
4. A Revista Espírita (Revue Spirite)
1858 - A 1o de janeiro Kardec lança o primeiro número
da Revista Espírita (Revue Spirite), jornal
de estudos psicológicos. Contendo o relato das manifestações
materiais ou inteligentes dos Espíritos, aparições,
evocações, etc., assim como todas as notícias
relativas ao Espiritismo. O ensino dos Espíritos sobre as
coisas do mundo visível e do mundo invisível; sobre
as ciências, a moral, a imortalidade da alma, a natureza do
homem e seu porvir. A história do Espiritismo na Antigüidade;
suas relações com o magnetismo e o sonambulismo; a
explicação das lendas e crenças populares,
da mitologia de todos os povos, etc. Paris; bureau à Rue
des Martyrs, 8.
O primeiro número, com 36 páginas, foi impresso na
Imprimerie de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, a mesma que já
imprimira O Livro dos Espíritos; as despesas, como
no caso desse livro, também ficaram por conta e risco de
Kardec (AK III 21-33; II 76). A Revista era de periodicidade
mensal e durante a vida de Kardec funcionou em sua própria
residência, ou seja:
- 1o /1/1858 - Rue des Martyrs, 8.
- 15/7/1860 - Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne,
59).
- 1/4/1869 - Nessa data estava programada a transferência
dos Escritórios e do Expediente para a Librairie Spirite,*
Rue de Lille, 7, que também sediaria provisoriamente
a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; a Redação
iria para a Villa Ségur (Av. de Ségur, 39), casa
de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a qual
se mudaria com a dedicada esposa. (AK III 21-24, 35-37,
118-19; II, pp. 24-25)
Era Kardec quem redigia integralmente
a revista e cuidava de toda sua correspondência e expedição,
trabalho hercúleo suficiente para consumir todo o tempo de
uma pessoa ordinária. E isso era apenas uma parte de seus
trabalhos, havendo ainda os livros, a Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, as centenas de visitantes anuais, as viagens...{nota
4}
A Revue Spirite constitui rico manancial doutrinário,
pouco explorado pelos espíritas. Os originais franceses,
ainda necessários para pesquisas cuidadosas, são raríssimos
em todo o mundo. Kardec discorre sobre a idéia da criação
da Revista em OP 293-94. Em suas própria palavras,
ela tornou-se-lhe "poderoso auxiliar" na elaboração
da doutrina e na implantação do movimento espírita
(AK III 22; OP 294). Seus objetivos principais
eram (AK III 21-33; II 24-25):
1. Veicular relatos e análises
espíritas de fenômenos espíritas, psicológicos,
sociológicos etc.;
2. Publicar produções mediúnicas selecionadas,
obtidas na SPES ou enviadas por correspondentes;
3. Sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre
princípios em elaboração;
4. Comentar, à luz do Espiritismo, artigos de jornais,
obras literárias, filosóficas e científicas.
Kardec editou a Revue até
o número de abril de 1869, inclusive. Após a morte
de Kardec (31/3/69) ela continuou sendo publicada, graças
ao idealismo da Senhora Allan Kardec, de Pierre-Gaëtan Leymarie
e de Jean Meyer, principalmente (AK III 153-57; Reformador,
09/1990, p. 286). A partir de 1913, aditou-se ao título da
revista o artigo 'la' ('a'), que ficou, desde então 'La
Revue Spirite' (AK III 32 e 47). Em lamentável
decisão, foi extinta em 1976 por André Dumas, junto
com a Union Spirite Française,{nota
5} para dar lugar a Renaître 2000 e a Union
des Sociétés Francophones pour l'Investigation Psychique
et l'Étude de la Survivance (USFIPES), ambas de cunho
não-espírita. Sob a lúcida e firme direção
de Francisco Thiesen, a FEB envidou esforços para salvá-la
em 1977, não obtendo sucesso (AK III 45-57). Felizmente,
em 11 de maio de 1989 a Union Spirite Française et Francophone,
com sede em Tours, conseguiu judicialmente recuperar o título,
retomando a publicação da Revue, com periodicidade
trimestral.{nota 6}
5. A Société Parisienne des Études Spirites
(SPES)
1857 - Por volta de outubro desse
ano iniciaram-se reuniões espíritas na residência
do casal Allan Kardec, à Rue des Martyrs, 8. Aconteciam às
terças-feiras à noite, e o médium principal
era a Srta. Ermance Dufaux. Com o número crescente de freqüentadores,
fez-se indispensável encontrar um local mais amplo. A solução
encontrada foi alugar uma sala, cotizando-se as despesas entre as
pessoas. (OP 294-95; AK III 34)
1858 - A 1o de abril é fundada legalmente a Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, ou, em francês, Société
Parisienne des Études Spirites, cujo título Kardec
freqüentemente abreviava para 'Societé Spirite de Paris',
'Societé des Études Spirites', ou mesmo 'Societé
de Paris'.
Foi nas reuniões semanais da Société que boa
parte das atividades mediúnicas e de estudo supervisionadas
por Kardec se desenvolveram. As portas da SPES não eram abertas
ao público, conquanto houvesse "reuniões gerais"
em que visitantes apresentados por membros da Société
podiam ser admitidos; essas reuniões se alternavam, semanalmente,
com as "reuniões particulares", às quais
somente os sócios tinham acesso. Isso se compreende perfeitamente,
dados os objetivos das reuniões, ligados essencialmente à
pesquisa teórica e experimental dos fenômenos. A Société
era, assim como a Revue, um terreno de elaboração
da doutrina espírita. (OP 294-95; AK III
34-44; II 36-37)
Durante a vida de Kardec, a Sociedade Espírita de Paris ocupou
três endereços (OP 295; AK III 35-37
e 118):
- 1o /4/1859 - Galerie Montpensier, 12, no Palais
Royal (num salão do restaurante Douix). Nesse local SPES
reunia-se às sextas-feiras.
- 20/4/1860 - Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne,
59). Nesse mesmo endereço, a partir de 15 de julho, passa
a residir Kardec, que levou consigo a Revue Spirite. Embora
por essa época já possuísse a casa da tranqüila
Villa Ségur, Allan Kardec viu-se na contingência
de se alojar nesse apartamento com a abnegada esposa, dividindo
espaço com a Revue e a SPES, para economizar seu minguado
tempo.
- 1/4/1869 - Estava programada para essa data
a transferência provisória da Société
para a Librairie Spirite, Rue de Lille, 7.
6. As outras obras importantes de Allan
Kardec
Fornecemos a seguir alguns dados
sobre as principais obras de Allan Kardec (além de O
Livro dos Espíritos, de que já tratamos; para
uma lista possivelmente completa, ver AK III 15, 18 e 19).
Algumas das informações referentes a dias e meses
das publicações foram colhidas nas edições
da FEB. Quanto às edições em francês
atuais, indicamos as que pessoalmente possuímos; em alguns
casos, há nas livrarias outras edições. Abreviaremos
os dados referentes aos editores originais segundo estas convenções
(note-se que várias das obras saíram por mais de um
editor):
- Dentu E. Dentu, Libraire. Palais Royal, Galerie
d'Orléans, 13.
- Ledoyen Ledoyen, Libraire. Palais Royal, Galerie
d'Orléans, 31.
- Didier Didier et Cie., Libraires-Éditeurs.
Quai des Augustins, 17.{nota 7}
1858 - Instrução Prática
sobre as Manifestações Espíritas (Instruction
pratique sur les manifestations spirites). Contendo a exposição
completa das condições necessárias para se
comunicar com os Espíritos, e os meios de se desenvolver
a faculdade mediadora nos médiuns. Bureau de la Revue Spirite,
Rue des Martyrs, 8; Dentu; Ledoyen.
Com a publicação de O Livro dos Médiuns,
em 1861, Kardec não mais fez imprimir a Instruction
(152 pp.), à época já esgotada, considerando-a
superada, quanto à abrangência, pela nova obra. É,
porém, de significativo valor histórico; hoje está
novamente disponível em francês (Paris, La Diffusion
Scientifique) e em português, em tradução
de Cairbar Schutel (in: Iniciação Espírita,
6a ed., São Paulo, Edicel, 1977; também publicado
pela Casa Editora O Clarim, de Matão, em 1987).
1859 - O que é o Espiritismo (Qu'est-ce que
le Spiritisme). Introdução ao conhecimento
do mundo invisível pelas manifestações dos
Espíritos, contendo o resumo dos princípios da doutrina
espírita e respostas às principais objeções.
Ledoyen. [100 pp.]{nota 8}
Edição francesa corrente: Paris,
Dervy-Livres. Tradução brasileira recomendada: Rio,
FEB (não se indica o tradutor).
1860 - (março) - Segunda edição de O
Livro dos Espíritos. Contendo os princípios
da doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza
dos Espíritos e suas relações com os homens;
as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade.
Segundo o ensino dado pelos Espíritos Superiores com o
auxílio de diversos médiuns, recolhidos e ordenados
por Allan Kardec. Segunda edição, inteiramente refundida
e consideravelmente aumentada. Didier; Ledoyen.
Acima do título, aparece agora a
frase "Filosofia espiritualista". Essa nova edição,
que se tornou definitiva, tem 1019 questões, distribuídas
em quatro partes. São acrescentadas as Conclusões;
não há mais índice alfabético, infelizmente.
A forma de exposição dupla não aparece em
nenhuma das partes. As notas vêm agora logo após
as respostas dos Espíritos, sendo muitíssimo mais
numerosas; é fácil ver que muitas delas provêm
do texto corrido da primeira parte da primeira edição.{nota
9}
1861 - (15 de janeiro) - O Livro dos Médiuns (Le
livre des médiums), ou guia dos médiuns e dos
evocadores. Contendo o ensino especial dos Espíritos sobre
a teoria de todos os gêneros de manifestações,
os meios de se comunicar com o mundo invisível, o desenvolvimento
da mediunidade, as dificuldades e os escolhos com que se pode
deparar na prática do Espiritismo. Para fazer seqüência
ao Livro dos Espíritos. Didier; Ledoyen. [498 + iv pp.;
AK III 173]
1861 - Segunda edição de O Livro dos Médiuns.
Revista e corrigida com o concurso dos Espíritos, e acrescida
de grande número de instruções novas. Didier;
Ledoyen. [510 + viii pp.]
Edição francesa corrente: Paris, Dervy-Livres. Edição
brasileira recomendada: FEB, tradução de Guillon
Ribeiro, inteiramente revista a partir da 59ª edição.
1862 - (fevereiro) - O Espiritismo na sua Expressão
mais simples (Le Spiritisme à sa plus simple expression).
Exposição sumária do ensino dos Espíritos
e de suas manifestações. Ledoyen. [36 pp.]
Em 1994 esse opúsculo foi reeditado pelo Centre d'Études
Spirites Allan Kardec, de Paris. Existem várias traduções
para o vernáculo, sendo hoje disponíveis as de Dafne
R. Nascimento, publicada pela Federação Espírita
do Estado de São Paulo em 1984, e a de Joaquim da Silva
Sampaio Lobo (in: Iniciação Espírita,
6a ed., São Paulo, Edicel, 1977).{nota
10}
1862 - Viagem Espírita em 1862 (Voyage spirite
en 1862). Contendo: 1. As observações sobre
o estado do Espiritismo; 2. As instruções dadas
por Allan Kardec nos diferentes grupos; 3. As instruções
sobre a formação dos grupos e das sociedades, e
um modelo de regulamento para o uso deles e delas. Ledoyen. [64
pp.]
Esse livro é atualmente publicado em Paris pela Éditions
Vermet; no Brasil, em Matão, pela Casa Editora O Clarim,
em tradução de Wallace Leal Rodrigues. Em nenhuma
dessas edições constam dizeres após o título;
tomamo-los de AK III 18, onde não se esclarece
se estavam nas edições originais. Afora as mencionadas
instruções e regulamento, o corpo da obra consiste
de três discursos proferidos por Kardec aos espíritas
de Lyon e Bordeaux em sua famosa viagem.
1864 - (abril) - Imitação do Evangelho segundo
o Espiritismo (Imitation de l'Évangile selon le
Spiritisme). Contendo a explicação das máximas
morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua
aplicação às diversas posições
da vida. Por Allan Kardec, autor do Livro dos Espíritos.
Fé inabalável só o é a que pode encarar
frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
Paris, os editores do Livro dos Espíritos; Ledoyen, Dentu,
Fréd. Henri, livreiros, no Palais Royal, e no escritório
da Revue Spirite, Rue e Passage Sainte-Anne, 59.
Essa obra, impressa na Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie, Rue
Mazarine, 30, possui 444 + xxxvi páginas. É precursora
de O Evangelho segundo o Espiritismo, e não mais
seria impressa por Kardec após a publicação
deste, em 1866. No entanto, é de grande valor histórico,
sendo essa a razão pela qual em 1979 a FEB reeditou-a em
reprodução fotográfica. Não temos
notícia de outras edições recentes, nem de
traduções. Naturalmente, 'imitação'
aqui não se deve entender no sentido hoje popular, de 'cópia',
mas no de 'prática' (ver a introdução de
Hermínio Miranda à edição febiana
para esclarecimentos adicionais).
1865 - (1o de agosto) - O Céu e o Inferno, ou
a Justiça Divina segundo o Espiritismo (Le ciel
et l'enfer, ou la justice divine selon le Spiritisme). Contendo
o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal
à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos
e os demônios, as penas eternas, etc.; seguido de numerosos
exemplos acerca da situação real da alma durante
e depois da morte. "Por mim mesmo juro, disse o Senhor Deus,
que não quero a morte do ímpio, senão que
ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva." (Ezequiel,
33:11). Paris; os editores de O Livro dos Espíritos,
Librairie Spirite.
Em nossos dias, está disponível edição
belga da Éditions de l'Union Spirite. A tradução
da FEB é, neste caso, de Manuel Quintão. (AK
III 108 faz menção à "21a edição,
revista, 1974.)
1866 - O Evangelho segundo o Espiritismo (L'Évangile
selon le Spiritisme).
Os dizeres da página de rosto são idênticos
aos de L'Imitation, exceto pela data e pela frase "Terceira
edição, revista, corrigida e modificada". Vê-se,
portanto, que Kardec considerava esta obra uma nova edição
da anterior, apesar da simplificação do título.
Segundo se lê no prefácio de Thiesen à edição
da FEB de L'Imitation, a segunda edição,
de 1865, seria apenas outra tiragem do primeiro livro. No entanto,
em AK III 18 esse mesmo autor escreve: "Da 2a ed.
- 1865 - em diante, essa obra tomou novo título...".
Para que esta última informação seja compatível
com a anterior, deve-se entender aqui '2a edição
exclusive'.* De qualquer modo, é a terceira edição
que se tornou definitiva, servindo de base para as edições
posteriores em francês e nos vários idiomas em que
foi traduzida. Também devido à sua raridade e seu
valor histórico, a FEB lançou, em 1979, uma reprodução
fotográfica dessa edição. Na França,
é hoje em dia publicada por La Diffusion Scientifique.
Em português, a tradução clássica recomendada
é a de Guillon Ribeiro (FEB), inteiramente revista a partir
da 104a edição.
1868 - (6 de janeiro) - A Gênese, os milagres e as predições
segundo o Espiritismo (La genèse, les miracles
et les prédictions selon le Spiritisme). Paris, Librairie
Internationale. *
Esse foi o último livro publicado por Kardec. Pode ser
encontrado hoje em edição da La Diffusion Scientifique,
de Paris. A corrente edição da FEB foi traduzida
por Guillon Ribeiro.
1890 - (janeiro) - Obras Póstumas (Œuvres
Posthumes). Paris, Société de Librairie Spirite.
[450 pp.]
Editado por Pierre-Gaëtan Leymarie, esse livro reúne
importantes textos de Kardec, quer de caráter teórico,
sobre diversos assuntos, quer sobre fatos relativos às
atividades espíritas do mestre. Em AK III 19 lê-se
que uma segunda edição veio a lume ainda no mesmo
ano de 1890. Guillon Ribeiro traduziu o livro para a FEB, a partir
da primeira edição francesa. A edição
atual da Dervy-Livres conta com controversos comentários,
introdução e notas de André Dumas.
Consoante ao objeto deste nosso trabalho,
a lista acima contém apenas os textos mais importantes
e, sobre eles, apenas algumas informações básicas.
O volume III da obra Allan Kardec é de consulta obrigatória
para o estudioso que queira acercar-se da fonte mais extensa e
segura de dados sobre o conjunto da produção de
Kardec.
7. A partida de Allan Kardec e alguns acontecimentos posteriores
1869 - (31 de março) -
Desencarna subitamente Allan Kardec, enquanto atende a um caixeiro
de livraria, no seu apartamento da Rue Ste.-Anne, muito provavelmente
vitimado pela ruptura de um aneurisma de aorta (AK III
110, 116 e 119). No dia seguinte, deveria desocupar esse imóvel,
indo para a casa da Villa Ségur; os escritórios
da Revue iriam para a Rue de Lille, Librairie Spirite,
que sediaria também a SPES.
O corpo foi sepultado ao meio-dia de 2 de abril, no cemitério
de Montmartre. Estima-se que mais de mil pessoas acompanharam
o cortejo, que seguiu pelas ruas de Grammont, Laffitte, Notre-Dame-de-Lorette,
Fontaine e pelo Boulevard de Clichy. À beira da sepultura,
Camille Flammarion, astrônomo e médium da SPES, pronunciou
o seu importante discurso, que a FEB fez figurar na sua edição
de Obras Póstumas. Na primeira reunião
da SPES após esse fato, os membros presentes lançaram
a idéia de se levantar um monumento ao mestre, que logo
recebeu adesão de espíritas de muitas cidades. Foi
assim que se fez construir o famoso dólmen do cemitério
Père-Lachaise, para onde os restos mortais de Kardec foram
transladados a 29 de março de 1870.
1870 - (31 de março) - Inaugura-se o monumento druida do
Père-Lachaise. Esse famoso cemitério é considerado
museu, tendo sido ali sepultados inúmeros dos grandes vultos
franceses e mesmo de outros países. O de Kardec é
o túmulo mais visitado e o mais florido de todos.{nota
11}
Quando de sua inauguração, o dólmen não
registrava a célebre frase "Nascer, morrer, renascer
ainda e progredir continuamente, tal é a lei", que
foi insculpida ainda em 1870. Ao contrário do que muitas
vezes se afirma, essa frase não se deve textualmente ao
próprio Kardec, não obstante represente corretamente
o pensamento espírita (AK III 118-152).
1871 - ( junho) - Pierre-Gaëtan Leymarie assume a gerência
da Revue e da Librairie Spirite (AK III 157).
1875 - Vêm à público as primeiras edições
brasileiras de livros de Kardec (excetuando-se o já citado
opúsculo O Espiritismo na sua Expressão mais
simples, publicado em São Paulo em 1862; ver nota
no 10, acima): O Livro dos Espíritos, O Livro
dos Médiuns e O Céu e o Inferno, traduzidos
por Fortúnio, pseudônimo do Dr. Joaquim Carlos Travassos.
No ano seguinte também apareceria, pelo mesmo tradutor,
O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Editor dessas obras
foi B. L. Garnier, do Rio de Janeiro. (AK III 175-80)
1883 - (21 de janeiro) - Morre Madame Allan Kardec. Dois dias
após seu corpo é sepultado junto ao do esposo, no
Père-Lachaise, saindo o féretro de sua casa na Villa
Ségur. Amélie-Gabrielle Boudet nascera em 1795,
a 23 de novembro, e não a 21, como se insculpiu no túmulo.
(AK III 158-60)
1883 - (21 de janeiro) - Fundação da revista Reformador,
por Augusto Elias da Silva.
1884 - (2 de janeiro) - Fundação da Federação
Espírita Brasileira, também por Augusto Elias da
Silva.
1898 - A Revue muda-se da Rue du Sommerard, 12 para a
Rue St.-Jacques, 42, onde permaneceu por algumas décadas;
no local existe hoje a Librairie Leymarie, que pertenceu a Pierre-Gaëtan
Leymarie. (AK III 226-27)
1923 - Jean Meyer funda a Maison des Spirites, na Rue Copernic,
8 (AK I 172; cf. porém AK III 203 *).
Continha arquivos importantes que forma destruídos pelos
nazistas. Sediou a Éditions Jean Meyer (B.P.S), que publicou
muitas das obras clássicas do Espiritismo, bem como a Revue,
de 1923 a 1971, quando morreu Hubert Forestier (AK III
227).
8. Relação dos
endereços:
Fornecemos abaixo uma relação
dos principais endereços ligados ao Espiritismo na França,
destinada a facilitar visitas e a localização em
mapas:
1. Rue Sale, 76 (Lyon) - Local
onde nasceu Rivail.
2. Rue de la Harpe, 117 - Rivail estava nesse
endereço em janeiro de 1823.
3. Rue Vaugirard, 65 - Rivail esteve nesse endereço
pelo menos de 1828 a 1831.
4. Rue Christine, 5 - Imprimerie de Pilet-Ainé,
que em 1824 publicou o primeiro livro de Rivail.
5. Rue de Sèvres, 35 - Institution Rivail,
de 1826 a 1834; Lycée Polymathique, até 1850.
6. Rue Grange-Batelière, 18 - Casa da
Sra. Plainemaison, onde Rivail fez as primeiras observações,
em maio de 1855.
7. Rue Rochechouart - Família Baudin,
1855. Aqui começaram as pesquisas sistemáticas
de Rivail.
8. Rue Lamartine - Novo endereço dos
Baudin, a partir de 1856. Grande parte do trabalho inicial de
Kardec desenvolve-se nas reuniões dessa família.
9. Rue Tiquetonne, 14 - Casa do Sr. Roustan.
Com a médium Srta. Japhet, Rivail desenvolveu importantes
trabalhos, incluindo a revisão do Livro dos Espíritos.
10. Rue des Martyrs, 8 (segundo andar, ao fundo
do pátio) - Residência de Rivail pelo menos desde
março de 1856, ficando até 14/7/1860. Em outubro
de 1857, começaram aí as reuniões de estudo
que dariam origem à SPES. No local foi publicada 1a ed.
de O Livro dos Espíritos (18/4/57) e lançada
a Revue Spirite (1/1/58).
1. Saint-Germain-en-Laye (23 km oeste de Paris)
- Imprimerie de Beau, que imprimiu a 1a ed. de O Livro
dos Espíritos e a Revue Spirite.
11. Galerie d'Orléans,
13 (Palais Royal) - Dentu, editor da 1a ed. do Livro dos
Espíritos, da Instrução Prática,
da Imitação e do Evangelho.
12. Galerie d'Orléans, 31 (Palais Royal) - Ledoyen, editor
da 2a ed. do Livro dos Espíritos, da Instrução,
do Livro dos Médiuns, do Espiritismo em
sua Expressão mais simples, da Viagem Espírita,
da Imitação, do Evangelho e
do Céu e o Inferno.
13. Galerie de Valois, 35 (Palais Royal)
- primeiro endereço da SPES, a partir de 1/4/58 (reuniões
às terças-feiras)
14. Galerie de Montpensier,
12 (Palais Royal; restaurante Douix) - segundo endereço
da SPES, a partir de 1/4/59.
15. Quai des Augustins, 35 -
Didier et Cie, editor da 2a ed. do Livro dos Espíritos,
do Livro dos Médiuns e do Céu e o
Inferno.
16. Rue Mazarine, 30 - Imprimerie
de P.-A. Bourdier et Cie, que imprimiu L'Imitation de l'Évangile,
em abril de 1864.
17. Passage Sainte-Anne (Rue
Sainte-Anne, 59) - SPES, a partir de 20/4/60; domicílio
de Kardec e Revue Spirite, a partir de 15/7/60;
18. Villa Ségur (Av.
de Ségur, 39) - casa de propriedade de Kardec pelo menos
desde 1860, para a qual se mudaria definitivamente em 1/4/1869.
O casal por vezes usava a casa para recepcionar visitas e para
realizar trabalhos que exigiam recolhimento. Amélie-Gabrielle
ficou nela até sua morte, em 1883. Era desejo de Kardec
que a casa se transformasse, quando não mais estivessem
encarnados ele e a esposa, em abrigo para espíritas desvalidos.
19. Rue de Lille, 7 - Revue
e SPES depois da morte de Kardec (31/3/69); aí já
funcionava a Librairie Spirite.
20. Rue du Sommerard, 12 - Sediou
a Revue por breve período, de 1897 (quando foi
liquidada a Librairie Spirite *) a 1898 (AK III 202,
227 e 262).
21. Rue Saint-Jacques, 42 -
Librairie Leymarie, que abrigou a Revue de 1898 até
1923 (AK III 227); existe ainda hoje como livraria
espiritualista.
22. Rue Copernic, 8 - Maison
des Spirites, fundada em 1923 por Jean Meyer (AK I
172), funcionou até a década de 1970. *
23. Rue Jean-Jacques Rousseau,
15 - Union Spirite Française, fundada em 1919 Jean Meyer
e Gabriel Delanne; substituída em 1976 pela U.S.F.I.P.E.S.
24. Rue du Docteur Fournier,
1, 37000 Tours - Union Spirite Française et Francophone,
que atualmente publica La Revue Spirite.
25. Rue de Flandre, 131, Résidence
Île de France, bâtiment E1, 75019 Paris, tel.: (01)42090869-
Centre d’Études Spirites Allan Kardec (em funcionamento).
26. Cemitério de Montmartre
(região norte de Paris) - Sepultamento de Kardec a 2/4/69.
27. Cemitério do Père-Lachaise
(região leste de Paris) - Sepultura definitiva de Kardec,
a partir de 29/3/70; o dólmen é inaugurado dois
dias depois.
Notas
1. A primeira edição
dessa biografia data de 1896 e aparecia traduzida na coletânea
O Principiante Espírita, que a FEB publicava no
passado; a quarta edição foi prefaciada por Léon
Denis (ver Allan Kardec, vol. I, pp. 200, 198 e 29; vol. II, p.
15). Há referências a uma "nouvelle édition",
de 1910, com prefácio de Gabriel Delanne (ver ibid., vol
III, p. 117 e vol II, p. 15).
2. Em Obras Póstumas, p. 271, há uma comunicação
atribuída à mediunidade da Senhora ("Mme"
) Baudin; teria sido uma falha tipográfica, ou ela também
era médium? Embora na página 267 Kardec diga que os
médiuns eram "as duas senhoritas Baudin", nas comunicações
mediúnicas transcritas nunca especifica qual serviu de médium,
escrevendo simplesmente "MlleBaudin". Na Revue Spirite
de 1858 (ver AK II 64-65) Kardec refere-se explicitamente
a uma série de comunicações transmitidas por
Caroline, notando, incidentalmente, que "mais tarde o médium
se serviu da psicografia direta". Em OP 271 Kardec
relata que em fins de 1857 ambas se casaram e a família se
dispersou, ficando implícito que não pôde mais
contar com sua mediunidade. Em seus controversos comentários
à edição bilíngüe da primeira edição
de O Livro dos Espíritos (p. viii), Canuto Abreu
avança que Caroline e a irmã tinham, em agosto de
1855, 16 e 14 anos, respectivamente, e que a mais velha era o médium
principal; não pudemos confirmar essas informações
em fontes independentes.
3. Esses dizeres que se seguem ao título são os que
constam da página de rosto da obra (ver fac-símile
à p. 75 de AK II). Observações semelhantes
valem para os demais livros de Kardec mencionados nas seções
seguintes.
4. Em 1866 sofreu séria crise de saúde, conseqüente
à sobrecarga de trabalho e de preocupações,
sendo assistido pelo Dr. Demeure, que o advertiu quanto aos limites
das forças corporais. Por insistência desse Espírito,
Kardec passou a contar, para a correspondência comum e a parte
mais material das tarefas, com a ajuda de um secretário,
o Sr. A. Desliens, médium e membro da SPES (*** AK
III 111, 286, 301, 302 e 42). Com a desencarnação
do mestre em março de 1869, Desliens ficou como secretário-gerente
da Revue, até junho de 1871 (AK III 157, 136).
5. A Union Spirite Française foi fundada por Jean Meyer e
Gabriel Delanne em 1919, não tendo relação
direta com a antiga SPES, que encerrou suas atividades ainda no
século passado, bem pouco tempo após a morte de Kardec.
(AK II 16 e 17; III 156)
6. Notícia veiculada em Reformador, abril e maio de 1990,
pp. 128 e 130, respectivamente; ver também La Revue Spirite,
janeiro de 1997 (no 30), p. 7. Assinaturas podem ser feitas escrevendo-se
para o endereço da USFF: 1, Rue du Docteur Fournier, 37000
Tours, France. Além de editar La Revue Spirite,
a Union, promove o intercâmbio entre os grupos espíritas
da França (pouco mais de uma dezena, a maioria de criação
recente), e tem representado o movimento espírita francês
no plano internacional. Segundo se depreende de artigo da autoria
de Affonso Soares publicado em Reformador de novembro de
1986 (p. 341), a USFF teria sido fundada em fins de 1985, junto
com uma publicação oficial, a Revue des Spirites.
No entanto, no número de junho de 1989 do periódico
febiano, o mesmo autor diz que a fundação da Union
ocorreu em 1987; essa informação parece-nos incorreta.
Neste artigo mais recente assevera-se ainda que a publicação
trimestral se chama La Nouvelle Revue Spirite. Desse modo,
antes de conseguir recuperar o título 'La Revue Spirite'
o valoroso grupo espírita de Tours teria dado dois outros
nomes à sua revista.
7. Pierre-Paul Didier foi um dos mais dedicados colaboradores de
Kardec, membro fundador da SPES, tendo nela atuado como médium
(AK III 377, 79, 323 e 82); desencarnou em 2/12/1865, mas
como Espírito continuou diretamente envolvido nas atividades
de Kardec (ibid. 85, 92, 289).
8. Não vimos a primeira edição; nas edições
a que tivemos acesso, há divergência quanto ao texto
que segue ao título. O que traduzimos consta da edição
atual da Dervy. Nas notícias da segunda edição
de O Livro dos Espíritos (ver fac-simile no Reformador
de abril de 1989, p. 105) está do seguinte modo: "Introduction
à la connaissance du monde invisible ou des Esprits, contenant
les principes fondamentaux de la doctrine spirite et la réponse
à quelques objections préjudicielles." O
que se encontra em AK III 13 corresponde aproximadamente a esse
texto.
9. Constatou-se, em época relativamente recente (ver Reformador,
abril de 1989, pp. 104-107), que Kardec anexou à segunda
edição algumas notas e erratas, destinadas a complementar
e corrigir o texto. Pôde-se também verificar que na
oitava edição elas ainda apareciam; não se
sabe a partir de qual edição deixaram de figurar,
nem por que Kardec não conseguiu inserir as correções
e acréscimos refundindo o texto. Lamentavelmente, nem as
edições francesas atuais nem as traduções
para o vernáculo incorporam ou sequer mencionam as modificações,
que o próprio Kardec considerava imprescindíveis.
Parece-nos de suma importância que esse material
venha a público de forma completa, e que seja incorporado
nas novas edições.
10. Em AK III 18, 176 e 353-54 informa-se acerca de três
traduções antigas: uma por Alexandre Canu, colaborador
da SPES, "que se achava à venda com J.P. Aillaud, Monlon
e C..., em Lisboa, Rio de Janeiro e em Paris (1862); outra publicada
em São Paulo, sem indicação de tradutor, pela
Typographia Litteraria (1866); e finalmente outra da FEB, traduzida
e anotada por Guillon Ribeiro (não se menciona a data da
primeira edição, dizendo-se apenas que ainda há
nos arquivos exemplares de 1921 e 1933).
11. Destaca-se esse ponto no próprio mapa do cemitério.
Na madrugada 2 de julho de 1989 o túmulo sofreu um atentado
a bomba, que o danificou parcialmente, sendo posteriormente restaurado
pela Prefeitura de Paris. (Reformador, julho de 1989, p.
194, e setembro de 1990, p. 284.)
Fonte: Portal do Espírito
--> http://www.autoresespiritasclassicos.com
topo
Leiam
outros textos Silvio Seno Chibeni
->
As acepções da palavra 'Espiritismo' e a preservação
doutrinária
->
Algumas noções sobre o Formalismo Quântico
->
Os acréscimos e modificações na 13a edição
francesa do Livro dos Espíritos
->
Algumas abordagens recentes dos fenômenos espíritas
->
Caracteres da Revelação Espírita
->
Características Conceituais Básicas da Física Clássica
->
Caridade e Amor
->
Ciência Espírita
->
A "ciência oficial"
->
O desenvolvimento dos textos de Allan Kardec sobre o caráter da
revelação espírita
->
O enobrecimento do Movimento Espírita
->
Entrevista
->
Epistemologia: Noções introdutórias
->
A Errata do O Livro dos Espíritos
->
O Espiritismo em seu tríplice aspecto: científico, filosófico
e religioso
->
Espiritismo: uma abordagem experimental da questão da sobrevivência
post-mortem (em inglês) / Spiritism: An experimental approach to the issue
of personal post-mortem survival
->
A Excelência Metodológica do Espiritismo
->
Filosofia: Noções introdutórias
->
A Interpretação da Mecânica Quântica
->
Kuhn e a Estrutura das Revoluções Científicas
->
Notas de aula de introdução à filosofia da ciência
->
Notas históricas e bibliográficas sobre edições
francesas de O Livro dos Espíritos
->
Notas sobre tipos de argumentos
->
Notas sobre lógica: O condicional
->
Observações sobre as relações entre a ciência
e a filosofia
->
A página de rosto da segunda edição do Livro dos
Espíritos
->
As paixões: uma breve análise filosófica e espírita
->
A Pesquisa Científica do Espírito
->
A Pesquisa científica espírita
->
Por que Allan Kardec?
->
O paradigma espírita
->
O prefácio de Kardec à segunda edição francesa
de O Livro dos Espíritos
->
Quadro dos principais fatos referentes a Allan Kardec e às origens
do Espiritismo
->
O que é ciência?
->
Questões acerca da natureza do Espiritismo
->
As relações da ciência espírita com as ciências
acadêmicas
->
A Religião Espírita
->
Resenha: Le Livre des Esprits
->
Revisão da terminologia espírita?
->
Ser Espírita
->
Sinopse dos principais fatos referentes às origens do Espiritismo
->
The Spiritist Paradigm
->
O Surgimento da Física Quântica
->
Teorias construtivas e teorias fenomenológicas
->
O Texto Acadêmico
->
Os Trabalhadores da Última Hora
Chibeni, Silvio Seno & Almeida, Alexander Moreira
->
Investigando o desconhecido: filosofia da ciência e investigação
de fenômenos “anômalos” na psiquiatria
Chibeni, Silvio Seno & Chibeni, Clarice Seno
->
> Estudo sobre a mediunidade
Chibeni, Silvio Seno &
Chibeni, Silvia Seno
->
A concepção espírita de fatalidade
Chibeni, Silvia Seno
->
Estudo sobre o passe
Chibeni, Silvio Seno; Faria, Luciana
->
> Kardec e a "desmaterialização" dos Espíritos.
Um texto esquecido da escala espírita na primeira edição
de O Livro dos Médiuns
topo
|