Renato Costa

>    Caminhos da Evolução Humana - Uma Imagem e uma Reflexão

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Entendemos, de nossa despretensiosa posição de permanente aprendiz, é bom deixar logo claro, que não existe religião melhor do que a outra, nem crença mais próxima da verdade do que outra qualquer. Cada religião, para nós, é a mais adequada para um determinado contingente de Espíritos, conforme seu estágio evolutivo e a sua bagagem cultural. A Doutrina Espírita, para nós, é, sem dúvida alguma, a mais adequada que existe. No entanto, é nosso entendimento que devemos aceitar, sem hesitar, que qualquer crente de outra religião pense o mesmo sobre aquela que professa. Faremos, a seguir, uma analogia para tentar explicar nossa posição.

Imaginemos a evolução como um imenso parque que se estende à nossa frente, tendo como coordenadas, ao invés de latitude e longitude, os indicadores de conhecimento e bondade. Suponhamos que somos turistas que chegam à entrada do parque. Entramos todos pelo mesmo portão de acesso, portão esse que é localizado nas coordenadas 0 de bondade e 0 de conhecimento (começamos simples e ignorantes), e nossa meta é sair em um outro portão que está situado nas coordenadas 100 de bondade e 100 de conhecimento (Espíritos Puros). Como o nosso parque se situa no mundo que conhecemos, a altitude também deve representar alguma coisa. Pois bem, suponhamos que ela represente desperdício de esforço e tempo. Se um de nós tem que percorrer, digamos, um metro de conhecimento, e sobe dez metros no eixo vertical para somente andar um metro numa paralela ao eixo do conhecimento, teve um desperdício grande, de esforço e de tempo, em relação a outro que tivesse avançado o mesmo um metro de conhecimento pela planície, diretamente por uma paralela ao eixo do conhecimento. Esse desperdício pode ter sido, por exemplo, as repetidas vidas que um Espírito teve que retornar para aprender uma única lição.

O dono do parque, Deus, não nos dá prazo para atingir a saída e não a fecha até que todos o façamos.

Cada religião ou sistema de crenças se apresenta como uma espécie de manual, mapa ou guia turístico, que usamos para percorrer o parque da entrada até a saída, havendo quiosques vários espalhados pelo parque permitindo que troquemos nosso manual por outro que, no momento, nos pareça mais adequado (troca de sistema de crenças). Alguns manuais indicarão caminhos cheios de sensações prazerosas, emocionantes, para os que não têm pressa de atingir a meta (o materialismo). Outros indicarão caminhos árduos, passando por montanhas e desfiladeiros (a mídia e seus apelos aos nossos sentidos, trazendo-nos mais angústias que sensações prazerosas), outros, ainda, indicarão labirintos e caminhos tortuosos (religiões dogmáticas e salvacionistas). Haverá, também, aqueles que apontarão, preferencialmente, as planícies e os vales (religiões espiritualistas que pregam a reforma íntima). Poderíamos prosseguir nessas hipóteses à exaustão, mas não é este nosso objetivo.

Nem todos os turistas que pegam o mesmo manual em dado momento irão progredir de modo igual. Não, um seguirá o manual com atenção, conferindo cada passo que dá para ver se está de acordo com o indicado. Outro olhará o manual só de vez em quando, acreditando mais na sua “intuição”. Um terceiro, deixará o manual na mochila, sem sequer tirá-lo do pacote em que veio embrulhado. São as pessoas das mais diversas naturezas que seguem uma religião, desde o que só se liga a uma crença por conveniência social, sem nenhuma preocupação em seguí-la, até o que a segue fielmente, nela pautando sua conduta ao longo do dia.

A visualização de nossa imagem fornece interpretações interessantes. Vejamos algumas delas:

Um observador situado a grande altura, voando de helicóptero sobre o parque, por exemplo, poderá, ao observá-lo, ter a impressão de que alguns turistas estarão praticamente parados, quando, na verdade, eles estarão subindo ou descendo picos quase verticais, isto é, aprendendo de maneira extremamente árdua algo que outros aprendem rapidamente e com pouco esforço (aqueles que seguem pelas planícies). Esse tipo de observador corresponde aos irmãos que julgam poder haver estagnação na evolução espiritual. Assim julgam por estarem observando a humanidade de um ponto de vista que lhes distorce a visão.

Dois turistas que tiverem entrado ao mesmo tempo no parque podem seguir caminhos totalmente diversos e chegar no portão de saída praticamente ao mesmo tempo. Esse fato corresponde à existência de inúmeros caminhos evolutivos, sendo que a fidelidade com que cada um segue os preceitos morais da Doutrina ou Crença que professa é mais importante do que a escolha da Doutrina ou da Crença em si. Todas as tradições religiosas da Humanidade produziram homens santos, homens normais e homens perversos.

A taxa de progresso de cada turista em relação à saída é variável. Se, em determinado instante, parece que um está mais perto, no instante seguinte, ele pode escolher um mau caminho e perder tempo recuperando seu progresso, ao passo que outro, que parecia mais distante, pode fazer uma escolha feliz e ultrapassá-lo. Esta possibilidade é interpretada com facilidade, pois são nossas escolhas, felizes ou infelizes, que determinam o esforço, menor ou maior, que fazemos para evoluir.

Se o irmão leitor conseguiu captar a analogia, esperamos que conclua conosco que o ecumenismo e a tolerância mútua entre as religiões é o que se espera de um mundo mais evoluído que o nosso, onde todos saibam que o que se pensa, se fala e se faz é o que define o quanto alguém avançou em direção à perfeição e não a crença que se professa.


Fonte: Artigo publicado originalmente na Tribuna Espírita – Ano XXVI, no 137 – maio/junho - 2007.




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