Estamos em mais um 18 de abril...
A comunidade espírita reverencia o “pontapé inicial”
de uma Doutrina que já chega aos seus 157 anos de existência,
perpassando várias fases e “lutando” para alcançar
estágio mais avançado de compreensão interna
(entre seus adeptos e simpatizantes) e propícia a, enfim, dialogar
com a Sociedade.
Já fazem mais de 32 anos
que me considero espírita. Foi em 1981 que tive minha “iniciação”,
em grupos de estudo e reuniões doutrinárias, enriquecendo
tais experiências com a variada leitura de livros e periódicos.
Por todo esse tempo tenho constatado que os espíritas em sua
imensa maioria dizem que a Doutrina Espírita É DOS ESPÍRITOS,
mesmo quando tal afirmação se destina à produção
literária assinada por Rivail, utilizando o codinome Allan
Kardec.
E isto não é verdade!
A AUTORIA dos livros e dos volumes
da Revista Espírita é do professor francês. Não
somente porque ele “assina” cada uma das obras que editou
e distribuiu originariamente em solo europeu, como pelo componente
marcante de toda a produção literária: sua MARCA,
sua IDENTIDADE, presente não só nos comentários
(muitos, aliás, após cada um dos itens da obra primeva,
“O Livro dos Espíritos”), como em outros volumes
da chamada CODIFICAÇÃO ESPÍRITA.
Você já parou para
analisar cada uma delas? Que visão você tem da obra como
um todo? Em que partes está flagrante a produção
intelectual dos desencarnados, por meio de variados médiuns?
Em que momentos se enxerga o homem Rivail?
Atente para o fato de que APENAS
cerca de 30% dos escritos contidos nas obras de Kardec têm “assinatura”.
Poderíamos citar Fénelon, Erasto, Verdade, João
Evangelista e tantos outros. Excetuando-se a forma estrutural do livro
inicial, com perguntas e respostas – em que, pelas explicações
de Kardec, as perguntas foram formuladas seja previamente seja postumamente
à obtenção das páginas psicografadas,
porque o Codificador acabava recebendo muito material que ia além
das questões originalmente previstas e, também, a partir
de respostas às perguntas antes formuladas, no período
precedente ao do seu comparecimento às “sessões
espíritas” em que se fez presente, quando do desenrolar
dessas, a partir das respostas dadas, compunha, na hora, instantaneamente,
novas questões para aprofundar o conhecimento sobre determinados
temas ou para clarificar alguns pontos que, no seu entendimento, ainda
restavam nebulosos.
Sim, a AUTORIA INTELECTUAL de
TODAS as questões é de Msr. Rivail, o que lhe dá
um dos elementos de sabedoria e perspicácia que, por analogia,
conferem magistralidade ao seu trabalho. Como tenho formação
lítero-jornalística, aprendi nos bancos escolares, com
os mestres da comunicação social, de que uma ótima
entrevista não é medida pela excelência de quem
é ou será entrevistado, mas pela tenacidade e inteligência
do entrevistador, que pode extrair do outro as melhores respostas.
Como se isso não bastasse,
temos verdadeiros compêndios técnicos, aparentemente
“sem assinatura”, em trechos das obras codificadas por
Rivail que são exatamente dele, produzidas, é bem verdade,
com o auxílio de sua interpretação e capitulação,
na memória, dos infinitos textos de produções
mediúnicas, via psicografia, que lhe chegaram às mãos.
Inclusive aqueles que foram, por seu método (o Controle Universal
dos Ensinos dos Espíritos – CUEE), descartados por conterem
elementos contrários à principiologia adotada pelo mestre
lionês e referência básica do seu trabalho.
Kardec foi um gênio, muito
além do seu tempo. Missionário, dentro do conceito que
se dá a esse termo pela exegese espiritista, aliou sua bagagem
cultural atemporal com as experiências didáticas e profissionais
de sua (então) última existência física
(conhecida) e pôde trabalhar a “quatro mãos”
quando associado a cada uma das inteligências desencarnadas
que lhe forneceu material “escrito” (psicografado) ou
com quem conversou nas sessões espíritas primitivas
– especialmente com o espíritos Erasto e Verdade, os
que mais proximamente lhe assistiram, o primeiro como mentor pessoal
e o segundo como “coordenador espiritual” da tarefa grandiosa
que abraçou.
Este 18 de abril, mais do que
uma celebração aos (e dos) Espíritos da Codificação,
aqueles “escolhidos por Jesus” e “associados à
tarefa do Bem”, que permanecem conosco nas atividades espíritas
dos dias de hoje – apesar de, lamentavelmente, os espíritas
terem em numeroso quantitativo ABANDONADO a atividade dialógica
com os Superiores, preferindo APENAS as conversações
orientativas aos desencarnados necessitados, que acodem às
casas e às sessões de mediunidade, desprezando IMPORTANTÍSSIMA
FERRAMENTA que, no próprio dizer de Rivail, seria a GARANTIA
da PERMANÊNCIA dos ensinos espirituais, quando caminhando paripasso
com a Ciência dos homens.
Mas, ainda há tempo...
Quem sabe os “homens de boa vontade”, espíritas
convictos e estudiosos, resolvam retomar e aperfeiçoar a metodologia
kardeciana para COMPLEMENTAR, AMPLIAR e REVER a própria obra
de Kardec.
Isto, é claro, se os
DOGMÁTICOS ESPÍRITAS, os que mitificam a obra original,
não se puserem – como tem-se posto – à frente,
com seus escudos e espadas para dizer que “somente com autorização
superior”, utilizando-se de “espíritas e espíritos
escolhidos ou oficiais” poder-se-á dar “continuidade”
ao trabalho de Allan Kardec.
Enquanto isso, seguimos nós...
Trabalhando sempre!
Feliz dia do livro espírita!
Ode ao 18 de Abril! Muito obrigado, Rivail!