Eis o nosso urgente desafio de espíritas
no campo da divulgação:
Como fazer para que católicos
e protestantes brasileiros creiam e conheçam os mecanismos
naturais da reencarnação e da mediunidade?
Se visualizarmos o dia em que
nossos diletos irmãos católicos e protestantes abraçarem
e conhecerem profundamente estes naturais fenômenos, teremos
um outro mundo. Pois, por exemplo, por não compreenderem
profundamente o processo mediúnico, muitos dos nossos irmãos
protestantes enxergam nestas manifestações a presença
de “demônios”, inimigos de Deus. Quando na realidade
são amados filhos de Deus. Temporariamente equivocados
em suas ações, mas amados filhos de Deus.
Mas, para respondermos a este
desafio de divulgar de forma adequada os temas reencarnação
e mediunidade, nós espíritas precisamos primeiramente
começar a enxergar o Espiritismo como Filosofia e Ciência,
com conseqüência religiosa. Pois, por abraçarmos
equivocadamente o tripé Filosofia-Ciência-Religião,
o Espiritismo passou a ser mais uma religião. Com este
proceder desenvolvemos em nosso meio a religiosidade fácil,
o que faz – sem medo de errar – que 80% dos Centros
Espíritas comportem-se como Igrejas. Fato este que está
impedindo que trabalhemos com empenho para que os conceitos e
os princípios espíritas passem a ser vistos como
substratos ou base de todas as religiões, como queria
“e quer” Allan Kardec.
Sabemos que no futuro as pessoas
não deixarão de ser católicas ou protestantes
ou adeptas de outras religiões, mas, com o conhecimento
da Filosofia e da Ciência Espírita, irão acrescentar
à sua crença a realidade da mediunidade natural,
das vidas sucessivas e da pluralidade dos mundos habitados.
Divulgar o Espiritismo de forma eficiente e eficaz, isto é,
respeitando as religiões em geral, é a solução
para o grande desafio deste momento.
Uma auspiciosa notícia é a
de que, neste ano de 2008, a FEB, Federação Espírita
Brasileira, inicia a elaboração de um audacioso
projeto para divulgar o Espiritismo em nosso país. Com
isto podemos dizer: a FEB já deu o primeiro passo, que
foi decidir por um projeto de divulgação do Espiritismo.
O segundo passo será a ação firme e corajosa
da FEB, que tem as pessoas certas para comandar este processo.
Mas precisamos tomar muito cuidado para não mais cometermos
o erro de, nas divulgações espíritas, inserirmos
frases como “A única doutrina que dá respostas
a todas as suas dúvidas.” ou “Espiritismo,
a terceira revelação.” Expressões estas
que “enchem os nossos olhos” de espíritas,
mas afastam os não-espíritas, pela prepotência
presente.
Será preciso contratar
especialistas em divulgação ou publicidade. Não
se assuste. O termo publicidade foi utilizado por Kardec.
Relembremo-nos de sua fala:
“Uma publicidade
numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados, levaria
ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o
conhecimento das idéias espíritas, faria nascer
o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os adeptos,
imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder
diante do ascendente da opinião” – Obras
Póstumas, “Projeto 1868”.
Bezerra de Menezes agiu em sintonia com o plano de Kardec: nos
fins do século XIX ele teve uma coluna espírita
semanal durante mais de uma década no jornal (não-espírita)
de maior circulação do país, O País.
Agora, felizmente, estamos abrindo os olhos para esta necessidade:
divulgar por meio de publicidade o Espiritismo, isto é,
divulgar os princípios espíritas, como reencarnação,
comunicabilidade com os espíritos, pluralidade dos mundos
habitados, etc.
Tão importante quanto colocar o Espiritismo
em evidência, é principalmente divulgar a realidade
científica da reencarnação. Imaginemos, um
dia, o telespectador ver na tela da sua TV uma publicidade enfocando
o tema reencarnação, de forma extremamente didática,
e sustentada nas pesquisas científicas já existentes.
Por que não transformarmos
este sonho em realidade?
Um parêntese: é fato que a maioria
dos brasileiros acredita na realidade da reencarnação,
mas esta maioria não conhece as conseqüências
éticas e morais deste conhecimento. Pois se conhecessem,
não seriam necessárias campanhas contra o aborto,
pois a futura mãe saberia que mesmo antes da concepção
o espírito do seu filho já estaria circundando-a!
Pesquisa da extinta TV Manchete
constatou o que acima menciono: a maioria dos brasileiros acredita
na reencarnação. Vejo esta informação
como a mais pura realidade, pois, reflitamos: será que
a Rede Globo, que está à frente da TV com maior
audiência do país, iria levar ao ar novelas com teor
reencarnacionista se este tema desagradasse seu público?
O foco não pode ser divulgar a reencarnação
simplesmente, mas, principalmente as conseqüências
desta crença. Pois, não basta crer na lógica
reencarnacionista, é preciso que conheçamos os princípios
que a norteiam para que a responsabilidade esteja presente em
nossas ações.
Voltando ao tema pesquisa. Onde estão estas pesquisas científicas
sobre reencarnação? Elas existem em profusão
principalmente nos Estados Unidos. Pois se o Brasil é
o coração do mundo, os Estados Unidos são
o cérebro. E lembremo-nos: foi lá, com as pancadas
nas mesas, que tudo começou!!! Para lá devemos
voltar! Neste especial momento, o movimento espírita
brasileiro precisa conhecer as sérias pesquisas norte-americanas
sobre o tema reencarnação.
O comentário dos parágrafos
anteriores pode induzir-nos à seguinte a indagação:
por que utilizarmo-nos de pesquisas científicas para divulgar
os princípios espíritas? Kardec dá a resposta
a esta indagação:
“Os
meios de convencer variam extremamente conforme os indivíduos.
O que persuade a uns nada produz em outros; este se convenceu
observando algumas manifestações materiais, aquele
por efeito de comunicações inteligentes, o
maior número pelo raciocínio.” –
O Livro dos Médiuns, cap.
III (Do Método).
Claramente
Kardec nos diz que a opção mais apropriada para
convencer o maior número de pessoas sobre os princípios
espíritas, é dar-lhe condição de raciocinar
sobre o tema.
Alguém poderia comentar, mas o raciocínio
está presente tanto na filosofia quanto na ciência!
E isto é fato, no entanto vejo que a ciência presente
nas pesquisas científicas é muito mais apropriada
para quebras de paradigmas, pois elas não se baseiam em
deduções que variam de grupo a grupo, mas, sim,
em fatos incontestáveis. A filosofia entra num segundo
momento, onde o diálogo passa a ser a melhor ferramenta.
No início deste artigo escrevi: “Eis o nosso urgente
desafio de espíritas: como fazer para que católicos
e protestantes brasileiros creiam e conheçam os mecanismos
naturais da reencarnação e da mediunidade?”
A seguir, através de respostas a algumas perguntas, explico
melhor o porquê desta forma de direcionar este artigo.
a) Por que incluir neste trabalho de divulgação
apenas católicos e protestantes?
Resp: Por questão de foco
prático. Estes grupos representam a maioria da população
brasileira. Uma vez a maioria sendo persuadida, os grupos complementares
serão mais fáceis de trabalhar.
b) Por que trabalhar a divulgação
principalmente com os brasileiros?
Resp.: Considerando que a literatura
espírita nos esclarece que o Brasil é o coração
do mundo e a pátria do Evangelho, cabe-nos fazer com que
este sonho torne-se realidade. Isto é,
é preciso que de fato sejamos o coração
do mundo e a pátria do Evangelho, pois, quando merecermos
esta denominação, os demais países terão
onde se espelhar.
Não obstante priorizando a divulgação em
nosso país, é essencial que continuemos e ampliemos
a divulgação espírita nos outros países,
pois esta abençoada semente necessita ser lançada
em todos os cantos, para que no tempo certo ela possa desabrochar.
c) Por que neste trabalho de divulgação
incluir apenas os temas reencarnação e mediunidade?
Resp.: Também por questão
de foco prático. Estes dois temas têm relação
direta com pluralidade das existências e a comunicabilidade
com os espíritos, os quais – por sua vez - são
temas subjacentes aos princípios relacionados com a existência
e sobrevivência da alma, a existência de Deus e a
pluralidade dos mundos habitados. Trabalhando a divulgação
destes dois temas, os demais virão de roldão.
d) Por que a urgência em começar
este tipo de divulgação:
Resp.: A questão é
que por termos falhados na divulgação do Espiritismo
(falamos muito para nós mesmos, somos tímidos) hoje
caminha a passos largos o culto ao Bezerro de Ouro. Haja vista
que a expressão religiosa que vertiginosamente mais cresce
em nosso país, é composta de pastores cujas pregações
não correspondem aos preceitos da essência evangélica,
apesar deles se autodenominarem pastores “evangélicos”.
Neste determinado grupo evangélico
as orações dirigidas aos fiéis são
condicionadas aos pagamentos de boletos bancários. Isto
é, o seguidor dessa doutrina tem seu nome inscrito na relação
de beneficiários das orações, somente se
estiver com sua contribuição financeira quitada.
Estes “pastores” confundem a riqueza espiritual que
Jesus nos induz, com a riqueza material, que, diga-se de passagem,
não é um mal em si. Mas, da forma que divulgam e
persuadem, a riqueza material está passando – para
estes pastores e seus seguidores - a ser um “fim”
e não um “meio”.
Atenção: É
preciso que fique bem claro que a maioria das religiões
denominadas evangélicas é séria e trabalha
com dedicação e amor exemplares. No caso que citei,
refiro-me a uma delas em particular, por todos nós bem
conhecida.
A urgência da eficaz divulgação:
A boa lógica leva-nos a concluir que
nossa missão vai além do que hoje estamos fazendo.
Precisamos começar uma verdadeira cruzada a favor da divulgação
de nossa Doutrina, especialmente em relação aos
temas reencarnação e mediunidade. O culto ao Bezerro
de Ouro precisa ser combatido com todas as forças.
Cruzada? Combater o culto ao Bezerro de Ouro?
Não nos assustemos com a palavra “cruzada”
e a frase “combater o culto ao bezerro de ouro”,
estas citações não são minhas. Elas
são transcrições do nosso guia de vida, o
livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nele,
disse o espírito Erasto:
“(...) parti em cruzada contra a injustiça
e a maldade. Ide e aniquilai esse culto ao bezerro de ouro,
que se expande dia após dia. Ide, Deus voz conduz!”
(ESO-cap.XX, item 4)
Talvez pensemos: “Será que essas
novas atitudes não implicariam em pisarmos em terreno perigoso?”
Reflitamos, Jesus e Kardec, não pisaram em terrenos perigosos?
Se Jesus e Kardec foram audaciosos, pisando em terreno “minado”,
sendo maltratados, criticados e ultrajados, por que nós
espíritas devemos, tranqüilos, continuar sendo levados
ao sabor do vento calmo? Trabalhando na divulgação
espírita por amor à causa, certamente passaremos
por momentos de dificuldades. Mas, lembremo-nos da proteção
divina sempre presente, conscientes e crentes de que “só
os lobos caem nas armadilhas para lobos e o bom pastor saberá
proteger suas ovelhas”.
Concluindo:
Tendo em vista o especial momento em passa o nosso
Planeta, é importante que nossos belos discursos de espíritas
transformem-se em práticas. E para que isto ocorra torna-se
urgente formar entre nós – espíritas - Grupos
Afetivos fruto da ação dos Grupos de Diálogo,
ou algo semelhante, para trabalharmos a favor da divulgação
e vivência da abençoada causa espírita. Minha
sugestão é a de que cada grupo tenha de quatro a
seis participantes, pois grupos pequenos facilitam o exercício
do verdadeiro diálogo, e assim, decisões são
bem mais rápidas.
No assunto específico deste artigo, a proposta é
que estes Grupos de Diálogo, ou algo semelhante, encontrem
respostas à mencionada questão básica: Como
fazer para que católicos e protestantes brasileiros creiam
e conheçam os mecanismos naturais da reencarnação
e da mediunidade?