Resumo:
A Ciência da Religião
está indubitavelmente no olho do furacão na guerra
entre ciências e religião. Ela mesma encontra-se cindida
e confusa em uma dualidade de posicionamento. De um lado é
e quer ser Ciência da Religião (sistemática)
e está em franco contato com a filosofia e a teologia. De
outro é Ciências da Religião, agregado de disciplinas
que buscam objetividade e cientificidade em seu discurso.
Ambos os lados sofrem com a indefinição quanto às
perguntas típicas da área: A religião pode
ser objeto de um estudo científico? Que tipo de estudo deveria
ser este? Ele pode ameaçar ou depende da Teologia? Além
de vislumbrar o seu “estado da arte” no Brasil, pretendemos
sugerir novos aportes ao campo.
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Introdução
Radicada no seio das ciências humanas,
sejam estas vistas como “da cultura” ou “do espírito”,
a Ciência da Religião vive tão intensamente
quanto qualquer ciência da natureza as consequências
do conflito cultural entre ciência e religião. Diferenciando-se
de todas as ciências por um acolhimento da religiosidade em
seus próprios termos, a Ciência da Religião
tenta dar voz ao discurso religioso em pleno campo acadêmico,
sem o que não trataria da religião, senão de
outro fator explicativo que a reduzisse. Não obstante, organizando-se
como ciência, precisa “traduzir“ de algum modo
o seu objeto para uma forma crítica e sistemática;
e, neste tocante, a relação temática natural
com a teologia torna-se problemática, pois acusações
de carência de cientificidade partem de adversários
da Ciência da Religião, tanto quanto de profissionais
da área que intentam imunizar-se contra estes ataques.
Como se suas dificuldades próprias já não fossem
imensas, a Ciência da Religião sofre também
com as indefinições correntes quanto à natureza
da ciência em geral e da objetividade possível dos
discursos, um problema que inclui radicalismos relativistas, que
tentam exprimir todos os princípios do conhecimento como
questões de paradigma cultural, e certo isolamento da hard
Science, que para não ver seus programas afetados pelo relativismo
acabam dando as costas ao diálogo sobre a filosofia e a sociologia
do conhecimento.
A Ciência da Religião é prejudicada por cada
um destes fatores. Primeiro, porque muitas de suas implicações
metafísicas e psicológicas teriam de ser postas em
diálogo com disciplinas das ciências naturais, como
as neurociências; em segundo lugar, porque a carga subjetiva
de seu objeto – de seu fenômeno – a coloca também
inevitavelmente no centro do debate hermenêutico, aquém
das concepções de ciência, e em companhia da
filosofia. Um recorte que eliminasse qualquer fração
deste amplo espectro poria em risco a natureza multidisciplinar
da Ciência da Religião, possivelmente condicionando-a
a uma ciência previamente existente.
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