Trecho inicial
O cinema já foi aclamado pelo imaginário
popular como sendo uma fábrica de sonhos. É uma
definição poética que guarda um profundo
vínculo com a realidade. No âmbito da doutrina espírita,
mais do que em qualquer outra instância, esta realidade
se evidencia. Isto porque a mediunidade descerrou à compreensão
humana a perspectiva de uma vida exuberantemente dinâmica
nas dimensões espirituais que circundam o plano da existência
física. Ao que se depreende de comunicações
espirituais diversas, a tecnologia na espiritualidade estaria
relativamente mais avançada do que a do plano terreno,
sendo esta última uma representação ainda
algo grosseira daquela.
A cinematografia, com todo o seu desenvolvimento tecnológico,
representa atualmente uma pequena parcela materializada dos recursos
comuns à erraticidade, para nos servirmos do termo da sistematização
de Kardec. As analogias são diversas e os exemplos também.
Em Memórias de um suicida, o espírito-autor
escreve pela mediunidade de Yvone do Amaral Pereira,
na metade do século passado, a experiência de regressão
de memória terapêutica para os espíritos que
cometeram suicídio mediante a representação
imagética em tela de grandes proporções dos
eventos geradores dos conflitos que redundaram em suas crises
conscienciais. É assim que em regressão, como se
assistisse a uma cinebiografia de sua remota existência
à época de Cristo, o autor espiritual se vê
na condição de grotesca personagem que atira pedras
em Jesus quando este passava carregando a trave da cruz em direção
ao Gólgota. Chico Xavier teria relatado a biógrafos
que nos romances de Emmanuel sobre as origens do cristianismo,
por diversas vezes o seu mentor projetava-lhe cenas, por assim
dizer, cinematográficas, dos episódios relatados
em seus memoráveis romances históricos.