Francisco Cândido Xavier
psicografou pouco mais de quatrocentas obras atribuídas
a um número expressivo de espíritos desencarnados,
conforme o paradigma espírita. De sua lavra mediúnica
constam autores espirituais brasileiros e portugueses. Haveria
algum índice linguístico na psicografia de Xavier
que permitiria identificar a lusitanidade dos autores espirituais
que escreveram por suas mãos, distinguindo-os de seus
pares brasileiros?
Neste estudo, pretendemos apresentar um recorte nessa singular
massa crítica que remete a uma sutileza cultural performática
da psicografia de Chico Xavier, inserta no âmbito da
filosofia da linguagem, que realça o caráter
de excelência geralmente atribuído à mediunidade
xavieriana em uma expressiva performance cultural relacionada
à indagação apresentada, motivadora deste
trabalho.
Para tanto, utilizaremos da conceituação de
um dos principais teóricos da performance cultural
e artística, Richard Schechner, assim como nos serviremos
também de pesquisadores ligados ao campo da filosofia
da linguagem, como Ferdinand de Saussure e Claudio Ferreira
Costa. Do campo filosófico, este estudo se servirá
da historiografia do pesquisador e professor Danilo Marcondes
para contextualizar o pensamento dos filósofos da linguagem
selecionados para este trabalho.
Estabeleceremos, ainda, o diálogo entre esses autores
e a epistemologia espiritista sistematizada por Allan Kardec,
além de autores psicografados por Chico Xavier, como
André Luiz e Humberto de Campos, para estabelecer a
interdiscursividade epistêmica entre o espiritismo e
os campos do conhecimento selecionados.
Como metodologia científica, utilizaremos a pesquisa
bibliográfica. A partir do dialogismo epistemológico
entre os autores elencados, pretendemos apresentar, descritiva
e analiticamente,o que sugere sutil índice de lusitanidade
na fenomenologia mediúnica em torno de Francisco Cândido
Xavier como resposta à indagação que
problematiza este estudo