O que significa comprovar uma idéia
ou um fenômeno? Presenciá-lo, ver e tocar seus efeitos?
Ou admiti-lo como razoável, dentro de uma linha de raciocínios
lógicos, experimentações pessoais e observações?
Inúmeras pessoas não acreditam em Espíritos,
em fenômenos anímicos ou mediúnicos.
Algumas esperam provas, de preferência produzidas exclusivamente
para si, zombando daqueles que consideram crédulos ou ingênuos.
Sobre essas pessoas, diz Kardec:
Os que no Espiritismo unicamente
procuram efeitos materiais, não lhe podem compreender a força
moral. Daí vem que os incrédulos, que apenas o conhecem
através de fenômenos cuja causa primária não
admitem, consideram os Espíritos prestidigitadores e charlatães.
Não será, pois, por meio de prodígios que o
Espiritismo triunfará da incredulidade: será pela
multiplicação de seus benefícios morais, porquanto,
se é certo que os incrédulos não admitem os
prodígios, não menos certo é que conhecem,
como toda gente, o sofrimento e as aflições de quem
recusa alívio e consolação. (1)
E observa, ainda:
Os meios de convicção
variam extremamente, segundo os indivíduos. O que persuade
a uns não impressiona a outros. Se um se convence por meio
de certas manifestações materiais, outro por comunicações
inteligentes, a maioria é pelo raciocínio. (2)
Enquanto um olhar atento e uma mente
aberta poderiam ver evidências da vida espiritual e da fenomenologia
espírita por toda parte, continuamos encontrando pessoas que
as negam sistematicamente.
Talvez, porque o convencimento dependa do grau de entendimento da
natureza da realidade espiritual, que só pode advir de um estudo
aprofundado das leis universais e de uma observação
isenta de paixões e sectarismos.
Sincronismo
Muitas das comprovações possíveis, de uma ação
inteligente presidindo nossas vidas, ocorrem no campo do que chamamos
de sincronismo.
Criado pelo psicanalista Carl Gustav Jung, em 1929, o termo sincronicidade
define um princípio de "ligação não-causal",
ou seja, ligações subjetivas e significativas entre
fatos aparentemente não relacionados entre si.
Alguma vez você já teve um palpite ou intuição
sobre uma coisa que quisesse fazer? Um rumo que quisesse dar à
sua vida? E se perguntou como isso poderia ocorrer? E então,
depois de quase ter esquecido o assunto e se concentrado em outras
coisas, de repente encontrou alguém, ou leu alguma coisa, ou
foi a algum lugar que levou àquela mesma oportunidade que tinha
vislumbrado? (3)
Fatos sincrônicos revelam o propósito evolutivo da vida,
orientando e incentivando através de pequenas e simples ocorrências,
em geral percebidas somente por aquele a quem se dirigem. Podem acontecer
(e acontecem) com qualquer pessoa, o que varia é o grau de
consciência a seu respeito.
É preciso estar em contato consigo mesmo e com um nível
mais sutil de percepção, para constatar que existem
e funcionam. Pode ocorrer um fato externo banal para a maioria das
pessoas, mas com um significado subjetivo que descobrimos posteriormente,
um significado que conduz a uma nova compreensão ou a percepção
de sentidos anteriormente ocultos nas situações da existência.
Os caminhos da Espiritualidade são sutis e delicados. Somente
as almas endurecidas pedem provas retumbantes, e ainda assim seriam
capazes de delas descrer.
Para os filhos de almas sensíveis, uma flor que nasce no jardim
pode ser um recado de sua mãe, pelos significados e conexões
internas que se estabelecem, pela sintonia de afeto que se cria.
Não é curioso que aqueles que mais exigem provas e comprovações
sejam aqueles que estão mais longe de percebê-las e de
compreender?
(1) A Gênese, Cap. 15, item 28
(2) O Livro dos Médiuns, "Do método", item 29
(3) Redfield, James. A profecia celestina. Ed. Objetiva