Há muito questionamento sobre
a necessidade do uso da imposição na Educação,
ou mesmo sobre se ela é prejudicial ou benéfica ao processo
de desenvolvimento do Ser.
Como mãe, e conhecendo muitos pais e mães, sei bem que
ela pode parecer a única alternativa em muitos momentos da
vida prática, no relacionamento com os filhos. Pais freqüentemente
se sentem incapazes de dialogar ou de encontrar outras alternativas,
além de forçar um comportamento desejado.
O problema das imposições é que, a longo prazo,
ou empregadas em repetidas ocasiões, elas tendem a minar a
intimidade e acabam por deteriorar o relacionamento humano. Falando
de relações amorosas de modo geral (marido/esposa, entre
namorados, entre amigos), impor proibições ou atitudes
com freqüência ou por um longo período tende a destruir
todas as chances de um vínculo real. Amor e "impor"
não combinam.
Impor não educa. Aos pais,
eu diria que é um recurso de que se lança mão
apenas esporadicamente, quando não se vislumbra mesmo outra
maneira, e para efeitos muito imediatos, aprontar-se para sair, ou
para não se expor a uma situação de perigo, como
ir muito longe para dentro do mar.
Porém, não se impõe que uma criança estude
piano, ou que ela goste de ir à escola, ou que ela respeite
os mais velhos. O efeito das imposições contínuas
é sempre mágoa, ressentimento e raiva, porque elas são
um atentado à liberdade inata de todos os Espíritos.
A longo prazo, leva ao evitamento e ao distanciamento no convívio.
E nenhum pai quer plantar estas sementes nos corações
dos filhos.
O que fazer?
Espíritos têm natural direito de escolha, e os pais,
como seus tutores temporários na jornada planetária,
podem e devem usar seu conhecimento e experiência para ajudá-los
a se orientarem. Mas não para fazer valer sua posição
a qualquer custo.
A alternativa é dialogar. Por seus motivos às claras,
ao invés de impor suas regras. Formule perguntas que levem
a refletir. Filho, o que é importante pra você? O que
você deseja para sua vida? Tem certeza de que é uma boa
escolha? Veja, pra mim o importante é... E eu gostaria que
você pensasse se não seria bom pra você também.
Vamos analisar juntos os seus objetivos para descobrir se são
viáveis e o melhor modo de atingi-los?...
Ser educado não é sinônimo ser obediente. Uma
relação de amor não é uma relação
de obediência, mas de respeito e consideração
mútuas.
Um filho que sempre obedece provavelmente
recebe uma disciplina muito severa, invasiva, que desconsidera o seu
livre-arbítrio, e o intimida. O Dr. Lee Salk * chega a afirmar
que uma criança totalmente obediente, geralmente, já
desistiu das coisas. Então, cabe aos seus educadores perguntarem
a si mesmos se é este o fim que buscam.
Por outro lado, quando o amor está em primeiro plano, os caminhos
acabam surgindo diante de nós, inclusive os da compreensão
e das soluções.
Mas às vezes preferimos acreditar na força, ou no medo,
ou na pressão psicológica, para conseguir o que cremos
ser melhor. Mesmo dizendo amar, usamos a chantagem. Mesmo dizendo
amar, pressionamos, quando amar é o oposto destas atitudes.
Em lugar de impor, por que não pomos nossas intenções
e sentimentos às claras?