Falar em Livro dos Médiuns
nos dá a impressão de que se está falando de
uma obra pertencente a uma categoria especial de pessoas, e que somente
a estas pessoas interessaria. No entanto, O Livro dos
Médiuns é um livro de todos, que a todos nós
pode interessar.
Nele mesmo encontramos a confirmação disto: A primeira
frase do item que abre o seu Capítulo XIV diz que toda
pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer
grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é
inerente ao ser humano...
Podemos então dizer que ele fala a todos os seres humanos,
desde que todos somos médiuns, não na medida do desenvolvimento
de nossas faculdades, mas na medida em que desejamos aprender a lidar
com as influências espirituais em nossas vidas.
O subtítulo desta obra também é bastante esclarecedor:
Guia dos Médiuns e dos Evocadores.
O que é um guia? É um roteiro, uma obra de orientação,
podemos dizer, um mapa. De fato, O Livro dos Médiuns
é como um mapa que nos descortina os territórios
de mediunidade de maneira completa e minuciosa, respondendo questões
básicas e analisando a fundo suas conseqüências.
O que é mediunidade? É a faculdade dos médiuns.
(Cap. XXXII - Vocabulário Espírita)
Que são médiuns? São pessoas que sentem a influência
dos Espíritos e que podem servir de intermediárias entre
elas e os homens. (Itens 159 e 224).
Para que serve a mediunidade? Para servir à Humanidade. (Item
226).
Quais as qualidades essenciais de um bom médium? Desinteresse,
modéstia e abnegação. (Cap. XXXI, XIV)
Onde praticar a mediunidade? Todo médium que sinceramente não
queira se transformar em instrumento da mentira deve procurar produzir
nas reuniões sérias. (Item 329)
O Livro dos Médiuns, situado por Kardec como
continuação de O Livro dos Espíritos, é
a conseqüência prática dos postulados filosóficos
explicitados neste último, fundamentando-se nos seus princípios,
como a existência de Deus e dos Espíritos, a imortalidade
e a comunicabilidade dos Espíritos, a evolução
e a vida no Plano Espiritual.
Por ocasião do lançamento de O Livro dos Médiuns,
em janeiro de 1861, Allan Kardec manifestou seu desejo de que, conhecendo
a fonte da mediunidade, pudéssemos nela haurir o ensinamento
adequado a nos assegurar a felicidade futura - segundo suas próprias
palavras. Diz ainda que seus esforços sempre tenderam a conduzir
o Espiritismo a este objetivo.
O conhecimento da mediunidade e suas implicações nos
ajuda, tanto na administração de nossa vida interior,
reconhecendo e trabalhando com os pensamentos bons ou ruins, que não
nos pertencem, mas que adentram nosso campo mental, quanto na vasta
aprendizagem que se torna possível a partir do contato com
Espíritos elevados e seus esclarecimentos, os quais nos chegam
através de outros médiuns, na forma de livros ou mensagens,
ou diretamente, pela via da inspiração.