Posturas resistentes
só embaçam o progresso
Uma frase atribuída a Albert Einstein agiganta
um dos maiores desafios da evolução humana: o preconceito.
A frase é: "é mais fácil desintegrar
um átomo do que um preconceito". O preconceito,
segundo o dicionário (1),
é conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos
adequados; opinião desfavorável, concebido antecipadamente
ou independente de experiência ou razão. A própria
definição já indica o equívoco de sua
existência e danosas conseqüências.
O preconceito é responsável pela manutenção
de paradigmas que têm atravancado o progresso humano. A palavra
paradigma não tem uma conceituação que indique
dificuldades ou males, mas como ela significa (1)
modelo, padrão, protótipo, está sujeita, em ações
concretas e nos relacionamentos humanos, à ação
do nefasto preconceito e suas manifestações.
Estas reflexões surgiram em virtude da leitura de pequeno texto,
que abaixo reproduzimos, de autoria desconhecida:
COMO NASCE UM PARADIGMA
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro
colocaram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um
macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam
um jato de água fria nos que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros
enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia
mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente
retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o
novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo
foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto
participado, com entusiasmo, da surra ao novato.
Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e finalmente,
o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas
ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca
tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse
chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles por que batiam em
quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não
sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."
Você não deve perder a oportunidade de passar esta história
para seus amigos, para que, vez por outra, questionem-se por que estão
batendo...
Neste ponto podemos notar como a frase atribuída a Albert Einstein
ganha força. Quantas e quantas situações, da
vida real, não estão enquadradas nesses preconceitos
impostos, dificultando, pois, a mudança de paradigmas impregnados
de vícios e resistências que atravancam o progresso.
Lucidez de Kardec
E melhor ainda é defrontar-se com a lucidez de Allan Kardec
em texto publicado na Revista Espírita, de julho de 1862 (2),
quando, em matéria que intitulou O Ponto de Vista, a abordagem
abre caminho sobre a questão do foco de visão em que
se coloca qualquer observador, sofrendo aí, neste caso, as
influências de si mesmo e das circunstâncias em que se
coloca. Aspectos, importância, detalhes, gravidade, foco, opções
ou decisões mudam completamente de direção se
alterado o ponto de vista em que se situam possíveis contendores
ou diante de desafios individuais.
Apresentando o novo ponto de vista que o Espiritismo apresenta para
a vida e sua finalidade, Kardec apresenta essa preciosidade:
"(...) mostra-nos a vida da alma, o ser essencial, porque é
o ser pensante (...) Entretanto o homem, colocando no centro da vida,
com esta se preocupa como se fosse durar sempre. Para ele tudo assume
proporções colossais: a menor pedra que o fere afigura-se-lhe
um rochedo; uma decepção o desespera; um revés
o abate; uma palavra o enfurece. (...) Triunfar é o fim de
seus esforços, o objetivo de todas as suas combinações;
mas, quanto à maioria delas, que é o triunfo? Será,
se não possuem os meios de vida, criar por meios honestos uma
existência tranqüila? Será a nobre emulação
de adquirir talento e desenvolver a inteligência? Será
o desejo de deixar, depois de si, um nome justamente honrado e realizar
trabalhos úteis para a humanidade? Não, triunfar é
suplantar o vizinho, eclipsá-lo, afastá-lo, mesmo derrubá-lo,
para lhe tomar o lugar. (...)"
E, referindo-se ao desejo de mudança de paradigmas pessoais
e coletivos, à luz do pensamento espírita, pondera Kardec:
"(...) Como tudo isto muda de aspecto quando, pelo pensamento,
sai o homem do vale estreito da vida terrena e se eleva na radiosa,
esplêndida e incomensurável vida de além-túmulo!
Como então tem piedade dos tormentos que se criou à
vontade! Como então lhe parecem mesquinhas e pueris as ambições,
a inveja, as suscetibilidades, as vãs satisfações
do orgulho! É como se na idade madura considerasse os brincos
infantis; (...)"
E, convenhamos, essas últimas linhas bem indicam as manifestações
e os prejuízos de tolos preconceitos, originários de
paradigmas que se estabelecem pela força, pelo orgulho. Infelizmente.
Nada mais a acrescentar, apesar da exuberância do texto integral
de Kardec. Aliás, diga-se de passagem, todo ele, convidativo
à mudança de posturas, de abertura a novos pontos de
vista, para paradigmas que estimulem o progresso e a disseminação
de idéias que tragam o bem geral.
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