Codificação
contou com grandes personagens da história
A desencarnação de Allan Kardec, ocorrida em 31 de março
de 1869, sugere retorno às bases da Doutrina Espírita
em seus aspectos históricos. É comum ouvirmos palestras
ou participarmos de reuniões de estudos onde as mensagens contidas
especialmente na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
são citadas, lidas e comentadas. O mesmo ocorrendo com artigos
na imprensa, onde os articulistas fazem transcrições
parciais no embasamento de suas matérias e citando uma ou outra
mensagem, inclusive identificando o capítulo, o título
e inúmeras vezes também referindo-se ao espírito
autor do texto.
Porém, há um lacuna imensa nessa área. Muita
gente ouve falar ou lê tais comentários e não
conhece historicamente seus autores. Na verdade, este é um
ponto importante: quem foram os espíritos que comparecem na
Codificação Espírita, assinaram inúmeras
mensagens e comentários, cujos textos usamos em nossos estudos?
O ideal é que articulistas e expositores comecemos
a formar o hábito de toda vez que citarmos uma frase, um texto,
citemos a fonte da citação com o maior número
possível de informações para facilitar posteriores
pesquisas. No caso de autores, que também possamos
identificá-lo, claro que resumidamente mas situá-lo
na história. É comum no meio espírita alguém
dizer ou escrever: “o espírito tal disse isso...”
Onde está a frase? Quem disse? Qual a fonte da citação
para ampliar a pesquisa e o estudo?
O mesmo raciocínio vale para os autores espirituais, especialmente
neste caso em que estamos nos referindo à Codificação.
Quem foram Santo Agostinho, Swedenborg, Fénelon, Lacordaire
ou Vianney, por exemplo, para ficarmos só com esses personagens?
Para o articulista ou expositor pode parecer óbvio, mas para
o ouvinte ou leitor isto significará acréscimo de conhecimento
e melhor avaliação da exuberância dos postulados
espíritas.
Rápida busca em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”,
acima referido, nos levará ao encontro de belíssimas
mensagens assinadas por Erasto, Pascal, Um Espírito
Protetor, Lamennais e outros vultos que destacadamente orientam
a humanidade pelas luminosas páginas desse incomparável
livro. Mas o público que ouve as palestras ou lê os artigos,
em sua maioria, desconhece esses personagens. Espalhar esse conhecimento
cabe ao articulista, ao expositor e ao coordenador de estudos.
Pois bem! Para aliviar os estudiosos, esses dados estão
disponíveis na Revista Espírita. Como se sabe,
a Revista Espírita foi publicada sob a coordenação
de Allan Kardec no período de 1858 a 1869, quando desencarnou.
A Revista continuou sendo publicada e circula até os dias atuais.
E no volume de 1869* (páginas 213 a 248), os editores
incluíram um Índice Bio-Bibliográfico, onde comparecem
inúmeros personagens da Codificação, para estudo
e pesquisa do leitor, em síntese biográfica de cada
um. Cada nome está relacionado ao volume (ano e página)
onde há referência ou mensagem assinada pelo autor. E
no mesmo volume, nas páginas seguintes, há um índice
remissivo das matérias publicadas nos anos anteriores, desde
a fundação da Revista.
Com o objetivo de motivar o leitor a ampliar suas pesquisas, espalhando
esse conhecimento, transcrevemos parcialmente um trecho de Fénelon
(1), em mensagem recebida em 1861 e constante
da Revista Espírita de fevereiro de 1868 - página 46
da edição já referida -, onde podemos avaliar
a atualidade de suas palavras, cujos valiosos textos só serão
descobertos realmente através do estudo e da pesquisa, embasando
a necessidade do estudo e divulgação da Revista Espírita
fundada por Allan Kardec:
“(...) A corrupção
no seio das religiões é o sintoma de sua decadência,
como é o da decadência dos povos e dos regimes políticos,
porque ela é o índice de uma falta de fé verdadeira;
os homens corrompidos arrastam a humanidade por uma rampa funesta,
de onde ela não pode sair senão por uma crise violenta.
Dá-se o mesmo com as religiões que substituem o culto
da Divindade pelo culto do dinheiro e das honras e que se mostram
mais ávidas dos bens materiais da terra do que dos bens espirituais
do céu.”
Mas, voltando a citar a desencarnação
de Allan Kardec, lembrada neste mês, o mesmo volume da Revista
Espírita (mês de maio de 1869, páginas 154 a 156)
publicou uma síntese de comunicações do Espírito
Allan Kardec - reunindo ensinamentos de interesse geral -, recebidas
através de diversos médiuns. Para concluir esta matéria-homenagem
ao Codificador, destacamos trecho parcial de referida síntese:
“(...) Na fase nova em que entrarmos,
a energia deve substituir a apatia; a calma deve substituir o ímpeto.
Sede tolerantes uns para com os outros; agi sobretudo pela caridade,
pelo amor, pela afeição. Oh! Se conhecêsseis
todo o poder desta alavanca! (...) A Humanidade estará livre
do jugo terrível das paixões que a acorrentam e pesam
sobre ela com peso esmagador. Então, na Terra não
mais existirá o mal, nem o sofrimento, nem a dor; porque
os verdadeiros males, os sofrimentos reais, as dores cruciantes
vêm da alma. O resto é apenas o deslizar fugitivo de
um rocio sobre as vestes! ... ( ...)”
Resgatar os valores históricos
da Doutrina Espírita, conhecer e aprofundar os estudos em torno
de personalidades pioneiras que a ditaram e/ou estiveram ao lado do
Codificador - e claro que espalhando esses conhecimentos em nosso
círculo de ação - significa ampliar os horizontes
da divulgação para sermos espíritas esclarecidos
que alcancem o pensamento de Allan Kardec acima expresso.