O avançar do tempo e o amadurecimento
consolidado em quase 41 anos de existência neste corpo conduziu-me
a desenvolver vários tipos de "cansaço". Um
deles, e é dos mais significativos, é o cansaço
com as disputas de espaço e de discurso no movimento espírita
e, por consequência, as várias tendências absolutizadoras
de visões e versões.
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(Não)Federativistas, (não)roustanguistas, (não)chiquistas,
(não)místicos, (não)científicos, (não)laicos
e (não)ortodoxos, dentre outras tantas divisões (sem
esquecer os mais recentes direitistas e esquerdistas, bem como os
contra e os a favor das adulterações nas obras de Kardec),
seguem, décadas a fio, disputando pela posse do discurso hegemônico,
sustentando, desde seus pontos de vista, que a vista do seu ponto
é mais ensolarada e garante A verdadeira visão, A visão
do todo.
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Segue-se, assim, vivenciando as mais profundas contradições
intestinas. Se, por um lado, defende-se a necessidade de tolerância
extramuros, com diálogos inter-religioso, interfilosófico
e intercientífico, por outro, falha-se grandemente no diálogo
intradoutrinário. A bem da verdade, este último só
existe entre os que rezam pela mesma cartilha, pois os que pensam
diferente são simplesmente "cancelados", para usar
a palavra da moda.
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E onde estará, de fato, A verdade? Em todo lugar e em lugar
nenhum! E, certamente, não estará ao lado de quem, a
título de defendê-la, precisa, a todo custo, passar por
cima e destruir quem pensa de modo diferente.
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A melhor defesa, no campo das ideias, nunca é o ataque. Este,
quase sempre, esconde o desejo, nem sempre inconsciente, de ocupar
o lugar do suposto oponente, seja em visibilidade, seja em postos
de influência, de poder.
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Cansei de tudo isso! Nada de "torcidas (des)organizadas",
de guetos, de trincheiras. "Mas Pedro", pode você
objetar, "e a defesa dA verdade contra os oportunistas, os de
má-fé?" E eu simplesmente direi: continue no seu
caminho, sendo sincero no que pensa, diz e faz, e deixe que cada um
ajuíze por si e responda perante a própria consciência.
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Em mim, já não deixo espaço para mais nada disso.
A cada um suas escolhas, suas certezas, seus caminhos.
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Lembrando Geraldo Vandré, na sua música "Réquiem
para Matraga":
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"Tanta vida pra viver
Tanta vida a se acabar
Com tanto pra se fazer
Com tanto pra se salvar
Você que não me entendeu
Não perde por esperar"
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É isso. Simplesmente, cansei!
Fonte: https://web.facebook.com/pedro.camilo.81
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