O caso do nascimento de gêmeos em Israel
a partir de embriões congelados revela: os espíritos
que reencarnaram por esse processo permaneceram ligados ao embrião
por 12 anos!
Recentemente, a literatura científica
registrou um caso de nascimento de bebês a partir de embriões
congelados que permaneceram congelados por 12 anos [1].
Neste artigo pretendemos abordar o tema “embriões congelados”
e o possível uso de suas desejadas células-tronco,
baseando-nos no fato científico acima, lembrando das palavras
de Kardec: “Os fatos, eis o verdadeiro critério dos
nossos juízos, o argumento sem réplica. Na ausência
dos fatos, a dúvida se justifica no homem ponderado.”
(Ítem VII da Introdução de O Livro dos Espíritos
[2]). Antes desse caso, o maior período
de tempo em que um embrião permaneceu congelado - e foi utilizado
para o nascimento de um bebê - foi de 7 anos [3].
O processo usualmente empregado
é conhecido como criopreservação que consiste
no congelamento e preservação de embriões humanos
à temperaturas muito baixas (temperatura do nitrogênio
líquido: 196 oC NEGATIVOS) [1].
Desde o nascimento do primeiro bebê de proveta em 1978 [4],
o processo de fertilização in vitro, isto é,
dentro de um tubo de ensaio, se tornou uma forma de tratamento muito
comum para o problema de esterilidade. Devido ao fato de que apenas
20% a 30% dos embriões produzidos pela técnica de
fecundação in vitro resultam em gravidez, à
cada tentativa os médicos inserem vários embriões
ao mesmo tempo no útero da mulher. No entanto, devido a fatores
de ordem financeira [5] e ao período
fértil da mulher [5], um número
maior de embriões é produzido por ocasião de
uma fertilização in vitro, onde o excedente é
destinado à criopreservação para que novas
tentativas sejam feitas posteriormente, caso seja necessário
ou desejado pelo casal.
Um importante detalhe é que
somente no processo de congelamento e descongelamento, 30% dos embriões
morrem [5]. Apesar de existirem pesquisas
que buscam minimizar esse índice de mortalidade [6],
não existe técnica que garanta 100% a sobrevivência
de todos os embriões que passam pelo processo de criopreservação.
Diante desse contexto, analisaremos
os aspectos doutrinários relacionados ao tema servindo-nos
das questões de 344 a 360 de O Livro dos Espíritos
[2]. Se um espírito, de fato,
se liga ao seu futuro corpo no momento da concepção
(questão 344) então, desde a primeira divisão
da célula-ovo já temos um ser humano que, mesmo em
formação, tem o seu direito à vida resguardado
pela Lei (dos homens e de Deus). Por outro lado, se existem corpos
para os quais nunca houve um espírito ligado (questão
356), isso significa que alguns embriões não possuem
espírito e, portanto, não passam de um amontoado de
células. Segundo os espíritos, em resposta à
questão 358, “Há crime sempre que transgredis
a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá
crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu
nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas
a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”
Sabendo disso, como saber se um determinado embrião possui
ou não um espírito ligado? A vidência, infelizmente,
não se constitui em método seguro para responder essa
questão pois essa faculdade depende do estado do médium
e pode ser usada por espíritos infelizes para enganá-lo.
Diante da preocupação de estarmos cometendo um crime
de transgressão à lei de Deus, conforme a resposta
à questão 358, os embriões congelados devem
ser preservados. Isso, aliás, está escrito nos “Direitos
do Embrião” [7] publicado
pela Associação Médico Espírita do Brasil,
AME-Brasil, na revista da Abrame (Associação Brasileira
dos Magistrados Espíritas), cujos ítens 1 e 6 são
transcritos a seguir:
1) Os direitos do embrião
começam com a fecundação;
2) Como ainda não existem meios para identificar quais os
embriões congelados que possuem ligações com
Espíritos reencarnantes, todos devem ser preservados;
Por mais que as pesquisas com as
células-tronco sejam a esperança de muitas criaturas
sofredoras, como recentemente argumentado por Nunes Filho [8], o
Espiritismo não sustenta a utilização dos embriões
congelados nessas pesquisas, conforme a citação dos
Direitos do Embrião [7], e mencionado por outros companheiros
espíritas [9].
Temos em Missionários da
Luz [10], de André Luiz, um
exemplo de descrição (cap. 13) do processo de reencarnação
de Segismundo. Segundo André Luiz, “... o elemento
(espermatozóide) vitorioso prosseguiu a marcha, depois de
atravessar a periferia do óvulo, gastando pouco mais quatro
minutos para alcançar o seu núcleo.” Após
observar que o instrutor se manteve em serviço de divisão
da cromatina, André Luiz relata que ele ajustou a forma previamente
reduzida de Segismundo sobre o embrião recém formado
observando que “essa vida latente começou a movimentar-se.”
A informação que nos interessa é a afirmativa
de André Luiz de que “Havia decorrido precisamente
um quarto de hora, a contar do instante em que o elemento ativo
(espermatozóide) ganhara o núcleo do óvulo
passivo.” Na falta de outras referências, o valor de
15 minutos pode ser tomado como típico no processo de ligação
do espírito à célula-ovo.
Nas clínicas e hospitais
que trabalham com inseminação artificial, os embriões
são congelados quando atingem 2 a 8 dias de idade, quando
já se iniciou o processo de divisão celular [4].
Portanto, não há dúvidas de que um embrião
formado in vitro, para o qual um espírito foi destinado ou
atraído, a ligação entre ambos já existe
no momento do congelamento. Sabendo do fato de que uma percentagem
significativa de embriões não sobrevive ao processo
de congelamento e posterior descongelamento, questionamos o uso
do método de criopreservação, sugerindo um
novo ítem para os Direitos do Embrião: que ele não
seja congelado. Isso implicaria em modificação dos
métodos oferecidos para os casais com problemas de fertilização
pois o ideal seria que nenhum embrião fosse congelado. Isso
certamente encarecerá o processo, mas estamos falando de
vidas humanas e de espíritos que por serem nossos irmãos,
merecem todo nosso esforço e respeito. Vale aqui, lembrar
que existe uma outra alternativa para a obtenção de
células-tronco de origem embrionária sem a necessidade
de destruir o embrião. Foi ao ar no dia 14 de janeiro de
2005, no programa Globo Reporter, uma reportagem sobre células-tronco
em que uma pesquisadora da Universidade Tufts, em Boston, descobriu
que os fetos em desenvolvimento no útero de sua mãe
fornecem células-tronco quando algum tecido ou órgão
materno está lesado [11]. As
células-tronco provindas do feto podem ser extraídas
da corrente sanguínea da mãe, reproduzidas em laboratório
e testadas quanto ao seu potencial terapêutico sem prejuízo
algum tanto para mãe quanto para o feto [11].
Essa alternativa evitaria o sacrifício de embriões
e as controvérsias em torno do assunto.
Em resposta à questão
345 de O Livro dos Espíritos [2],
os espíritos dizem que “(...) Mas, como os laços
que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente
se rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este
recua diante da prova que escolheu.” Isso significa que nenhum
espírito está, a priori, condenado a permanecer ligado
a um embrião congelado por tempo indeterminado. Se ele desejar,
e tiver condições espirituais, poderá desligar-se
do embrião que, então, passará a ser apenas
um amontoado de células. Mas esta atitude, que não
o isenta da responsabilidade pela decisão tomada, não
garante que todos os embriões que são congelados por
um período de tempo longo não possuam espíritos
ligados. O caso que motivou o título deste artigo é
um fato que demonstra isso.
De modo a vermos qual a situação
de um espírito ligado por 12 anos a um embrião congelado,
recorremos à questão 351 de O Livro dos Espíritos,
onde Kardec pergunta se entre a concepção e o nascimento,
o espírito goza de todas as suas faculdades. Os espíritos
dizem que “Mais ou menos, conforme o ponto, em que se ache,
dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas
apenas ligado. A partir do instante da concepção,
começa o Espírito a ser tomado de perturbação,
que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência
corpórea. Essa perturbação cresce de contínuo
até ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase
idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono.
À medida que a hora do nascimento se aproxima, suas idéias
se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa
de ter consciência na condição de homem, logo
que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta
pouco a pouco ao retornar ao estado de Espírito.” (Grifos
nossos). Essa resposta deixa claro que o espírito não
fica necessariamente dormindo, inconsciente ou inerte durante o
intervalo entre a concepção e o nascimento. Dependendo
de seu estágio evolutivo, ele pode se deslocar para longe
do seu embrião, estudar e trabalhar no Plano Espiritual,
da mesma forma como um encarnado durante o sono. Como a fase embrionária
é mais próxima do momento da concepção
do que do nascimento, a perturbação tende a ser pequena,
podendo o espírito gozar de mais liberdade quanto ao uso
de suas faculdades.