Terapêutica espírita oferece
expressiva contribuição
1 - Causas espirituais dos transtornos
psicóticos.
De acordo com os postulados espíritas,
as causas mais conhecidas de alienação mental residem
nos grandes abalos emocionais vivenciados na presente reencarnação
ou derivam dos delitos e prejuízos graves impostos aos semelhantes
em vidas anteriores. Nesta última hipótese prevalece
a idéia de que as atitudes nefastas, decorrentes da ambição,
da inveja e da maldade premeditada, se fixam no inconsciente do ser
e aí permanecem em estado de latência, vibrando em maior
ou menor desarmonia na dependência do tipo de malvadeza infligido
aos outros.
Quando as atitudes insanas atingem inúmeras vítimas,
mais intensa é a sensação de angústia
e remorso, sobretudo após a desencarnação do
infrator. Some-se a isto, os ímpetos de vingança das
vítimas desencarnadas, impulsos que se traduzem na perseguição
pertinaz, tendo como alicerce a idéia
fixa de justiça a ser imposta pelas próprias mãos.
Diante da ofensiva das sombras, o espírito assediado costuma
buscar uma alternativa capaz de protegê-lo das perseguições
obstinadas de tal forma que a opção reencarnatória
parece ser o caminho mais viável. No auge do sofrimento, a
entidade atormentada imagina que o mergulho na carne possa preservá-lo
das hostilidades sofridas nas zonas umbralinas. Contudo, quando reencarnado,
o espírito vêse às voltas com um outro fator agravante.
O seu campo mental, deformado pelo excesso de maldade, imprime, nas
matrizes psíquicas da zona consciencial do campo físico,
os desequilíbrios latentes que ressumam das profundezas da
alma. Resultado: tal contingência converte-se em fator predisponente
das manifestações psicóticas identificadas no
decorrer da experiência terrena, se bem que complicadas pela
subjugação obsessiva atribuída aos credores desencarnados.
As pesquisas comprovam que tais criaturas, logo nos primeiros anos
de vida, ressentem-se dos indícios sugestivos de alienação
mental, até que mais tarde explodem com intensidade as características
sintomáticas das esquizofrenias, das depressões profundas
ou do autismo clássico, psicopatologias sabidamente graves
implícitas na Lei de Causa e Efeito.
Inúmeras vezes, a moléstia mental marca indelevelmente
o comportamento do encarnado durante toda a existência. Em seu
curso inexorável, compromete o relacionamento afetivo, distorce
a noção de espaço e de tempo e converte a criatura
em uma personalidade apática, indiferente e desligada dos acontecimentos
ao seu redor. No entanto, a aparência física, absorta
e impassível, não corresponde à realidade dos
fatos. Lá na intimidade, o mundo psíquico do alienado
fervilha por conta dos inúmeros conflitos psicológicos
derivados da intensa sensação de culpa e da incontrolável
dor moral associada ao arrependimento tardio.
2 - As distonias mentais perante o Espiritismo
Se as benesses prodigalizadas pelo Espiritismo atingissem o maior
contingente possível de insanos, o prognóstico do desequilíbrio
mental não seria tão reservado assim e a enfermidade
evoluiria de forma menos comprometedora.
É uma lástima admitir que, após o surgimento
do Espiritismo, os bancos acadêmicos ainda refutem as informações
e pesquisas relativas à vida fora da matéria. Não
obstante tal postura, o campo experimental da doutrina tem se mostrado
de real valor no diagnóstico e tratamento dos distúrbios
espirituais, conforme preconizam as diretrizes doutrinárias.
A experiência dos grupos espíritas, acumulada nas lides
desobsessivas permite destacar algumas condutas que gostaríamos
de compartilhar com os leitores. Vejamos, então:
2.1. A questão da fluidoterapia
Os enfermos mentais graves, na vigência das crises agudas, devem
ser submetidos compulsoriamente ao tratamento fluidoterápico
(passes), pelo menos quatro vezes por dia. Tal postura encontra respaldo
no conhecido benfeitor espiritual, Manoel Philomeno de Miranda. No
livro “Loucura e
Obsessão” (FEB), ao analisar um caso de esquizofrenia
submetido ao tratamento espiritual, o citado pesquisador assim adverte:
“Enquanto isto, deve ele receber
assistência fluidoterápica quatro vezes, ao dia, objetivando
desencharcá-lo das energias que o intoxicam.” (1)
Muitos sequer imaginam que a quantidade
de “passes” aplicados nos enfermos mentais possa variar
de freqüência em face da gravidade de cada situação.
Caso o enfermo se encontre submetido ao regime de internação
hospitalar, por se tratar de um caso agudo, equipes de passistas voluntários
deverão revezar-se e dispensar o maior número possível
de aplicações fluidoterápicas.
2.2. Desobsessões freqüentes e individualizadas
A desobsessão individual, aquela em que todos os esforços
e atenções convergem para um só paciente, nos
casos mais complicados, poderá ser repetida a cada três
dias. Tal providência justifica-se porque, à medida que
os algozes espirituais são atendidos e afastados, ocorre uma
reversão no estado de abatimento geral do encarnado, seguida
de sensível melhora na evolução do quadro clínico.
Quando a terapêutica espírita é mobilizada em
sua totalidade (passes e desobsessão), os enfermos mentais
recuperam-se da fase aguda com mais rapidez, se comparados com aqueles
outros submetidos apenas ao tratamento clínico. A experiência
assim o tem demonstrado.
2.3. Importância do “choque anímico”
para o desencarnado
Nas reuniões mediúnicas assistenciais, os espíritos
obsessores, como de praxe, submetem-se aos benefícios da dinâmica
desobsessiva. A repercussão favorável do intercâmbio
mediúnico com os desencarnados hostis serve para reforçar
a certeza de que a desobsessão espírita destaca-se como
iniciativa da mais alta valia, não devendo jamais ser descurada
pelos cultores da mediunidade com Jesus. Aliás, a interação
magnética entre os campos vibratórios do obsessor e
do médium de incorporação constitui-se uma forma
de tratamento específico e ao mesmo tempo proveitoso ao desencarnado,
conforme nos revela Manoel Philomeno de Miranda:
“Trazido o espírito rebelde
ou malfazejo ao fenômeno da incorporação, o
perispírito do médium transmite-lhe alta carga fluídica
animal, chamemo-la assim, que bem comandada aturde-o, fá-lo
quebrar algemas e mudar a maneira de pensar”
(2)
Mesmo que a entidade, por conta do lastimável
estado de perturbação, não ofereça condições
de diálogo, nada impede que ela seja submetida ao “choque
anímico” ou terapia magnética de contato, prática
pouco utilizada por falta de maiores esclarecimentos a respeito. Em
tese, a desobsessão sempre se destacou no contexto amplo da
terapêutica espiritual alicerçada nos moldes doutrinários.
Portanto, jamais deveria ser relegada a plano secundário por
algumas instituições... Caso a desobsessão caia
em desuso, haverá prejuízos para os doentes mentais
e demais portadores de outras complicações obsessivas.
2.4. Orientações quanto aos desencarnados
As considerações feitas até agora nos permitem
fixar algumas iniciativas a serem levadas em conta quanto aos espíritos
obsessores:
– recepcionar em cada oportunidade
o maior número deles, por intermédio das tradicionais
incorporações;
– resgatá-los, sempre que possível, da erraticidade
penumbrosa;
– tentar demovê-los pela retórica esclarecedora,
das perseguições vingativas contra o desafeto encarnado;
– concitá-los ao perdão incondicional;
– e, por fim, encaminhá-los às estâncias
de recuperação no Astral.
De fato, com o passar do tempo, o tratamento
espírita poderá surpreender. Uma vez satisfeita as exigências
acima, não é incomum observar a melhoria lenta, mas
sempre progressiva do doente mental.
3 - Cuidados com os pacientes psiquiátricos
Detalhe digno de nota refere-se às transformações
especiais que se operam no íntimo do ser encarnado, no decorrer
das desobsessões. O fato mais destacado, sem dúvida,
diz respeito à redução do sentimento de culpa
albergado na mente enfermiça. Quanto mais obsessores forem
resgatados das
sombras, mais evidente e animadora a recuperação do
enfermo encarnado. É como se a consciência perturbada
pelo sentimento de culpa, aos poucos manifestasse alívio, ao
perceber que as suas vítimas do pretérito estão
sendo socorridas após tanto tempo de sofrimento. Tal observação
é corroborada pela informação do ilustre Manoel
P. de Miranda:
“A consciência de culpa
somente desaparece quando o delinqüente liberta aqueles que
lhe sofreram o mal”. (3)
Por conseguinte, uma vantagem incontestável
da metodologia desobsessiva se expressa na possibilidade do mais amplo
recolhimento dos espíritos obsessores. Fato que aos poucos
vai sendo reconhecido pelo componente mental do próprio doente
encarnado, com boa repercussão na melhoria gradual do seu estado
de insanidade.
4) Psicopedagogia evangélica e voluntariado assistencial
Assim que possível, não descurar das instruções
de ordem ética, a serem repassadas ao encarnado, evitando,
no entanto recorrer ao expediente do moralismo que humilha. Uma vez
iniciado o período de convalescença lembrá-lo
a necessidade de se familiarizar com as exortações da
psicopedagogia
evangélica. Orientá-lo, ainda, a se dirigir em prece
ao Senhor da Vida, com as finalidades de elevar o próprio padrão
vibratório mental, rogar o perdão das faltas e implorar
o benefício da libertação de suas vítimas
pretéritas. Por fim, no instante favorável, sugerir
que ele se filie ao voluntariado filantrópico, com vistas a
consolidar aos poucos a verdadeira cura que a alma endividada necessita
perante a própria consciência.