A patologia espiritual induzida pelos seres desencarnados recebe,
no Espiritismo, a denominação generalizada de obsessão.
Allan Kardec, analisando-a na prática,
identificou a verdadeira causa do mal e descreveu os mecanismos sutis
da ação deletéria patrocinada pelo obsessor.
Apesar da expressiva sintomatologia de alguns casos, para surpresa
de muitos, a enfermidade não decorre da ação
patogênica de nenhum vírus desconhecido, mas de um agente
etiológico jamais imaginado pela Ciência, embora, largamente
disseminado na crosta planetária, - o próprio homem
-. Este agente é sem dúvida, um vetor de reconhecida
virulência e de comportamento mutável, por ser dotado
de inteligência, sentimento e vontade própria, o que
lhe confere, em última análise, ampla possibilidade
de ação para o bem e para o mal.
Aproveitando-se do estado de invisibilidade, o espírito desencarnado
menos esclarecido, exerce a sua ação deletéria,
manipulando energias fluídicas de teor densificado, extremamente
prejudiciais àqueles a quem jurou vingança.
A obsessão espiritual, quando visualizada pela ótica
espírita, se constitui em um dos mais antigos flagelos da humanidade,
prolongando-se pelos raios de ação. Investigando-se
a causa do mal, chegou-se a uma interessante conclusão: o problema
é de natureza moral e engloba, na maioria das vezes, a participação
culposa de ambos os personagens enredados na inditosa trama.
Vige no contexto doutrinário a seguinte postura filosófica:
enquanto o homem alimentar sentimentos de ambição, ódio
e vingança, a obsessáo espiritual existirá por
muito tempo ainda.
Os vínculos de sintonia entre a vítima e o agressor
se estreitam, na proporção direta do envolvimento emocional
entre as partes, já que as deficiências morais, quase
sempre, estão presentes, bilateralmente, levando-se em conta
que a vítima de hoje foi o algoz do pretérito. Por isso,
a consideramos um flagelo de face dupla, identificado pela semelhança
de malefícios.
A dívida moral é considerada o mais importante fator
predisponente da obsessão, por conta das brechas cármicas
que se desenvolvem a partir da consciência culpada. Além
do mais, o mal praticado contra o semelhante não só
extingue junto com a dor da vítima; ele permanece vibrando
em torno da psicosfera individual, constituindo-se uma espécie
de morbo fluídico que, aos poucos, se enraiza na tela eletromagnética
do perispírito, originando focos de baixa resistência
espiritual, por onde os obsessores costumam injetar, com facilidade,
os seus fluidos deletérios. Por isso, é uma ilusão
pensar-se que o mal feito às escondidas, por não contar
com testemunhas, nos isente dos processos retificadores.
O mecanismo psíquico, no seu complexo dinamismo, registra,
na intimidade da tela consciencial, toda atitude contrária
às Leis Morais da Vida, nos expondo às exigências
do Princípio da Ação e Reação.
O ato obsessivo é uma contingência decorrente da própria
miséria humana, a qual predispõe o infrator ao assédio
espiritual dos inimigos e vítimas de outrora. Por isso, quando
em reunião específica de desobsessão, escutamos
esses pobres espíritos, tão vingativos, clamarem por
justiça, imaginamos o quanto de ódio lhes oblitera o
raciocínio, a ponto de não se aperceberem tanto ou mais
comprometidos que as suas pretensas vítimas.
A obsessão é constrangimento fluídico a comprometer
o patrimônio mento-afetivo ou orgânico da criatura enfraquecido
em suas defesas espirituais e, por isso mesmo, tão necessitada
quanto o próprio obsessor, da terapêutica do perdão,
única alternativa de cura definitiva para ambos.