De: Alamar Régis Carvalho
Carta aberta ao Jorge Rizzini.
Prezado Rizzini:
Quando eu era garoto em Vitória da Conquista,
com apenas 15 anos, tocava trompete na banda de música da cidade
e participava também de uma pequena orquestra que, aos finais
de anos, abrilhantava as festividades do Centro Espírita Fé
Esperança e Caridade, travando os primeiros contatos com o Espiritismo,
ouvindo as palestras que ali eram proferidas.
Naquela ocasião, lembro-me bem, já ouvia falar em nomes
como Herculano Pires, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy e Jorge Rizzini,
todos considerados como nomes ilustres e notáveis no Espiritismo.
Mas era apenas um garoto, coroinha da igreja católica, participando
como músico em um local bastante agradável, sem capacidade,
ainda, de perceber o que seria esse tal Espiritismo.
Mais tarde, já como adulto, em Belém do Pará, quando
entrei pra valer no movimento espírita, já atuando como
trabalhador, de alguma forma, porque emprestava as minhas experiências
técnicas ao colocar sistema de som nos locais onde eram realizados
grandes eventos espíritas, mais precisamente na União
Espírita Paraense, quando ouvia o nome Jorge Rizzini sempre citado
em palestras bem como em quase todos os jornaizinhos espíritas
que eu recebia. Ainda bem jovem ajudei o Nazareno Tourinho, outro nome
por mim respeitável, a fundar a “Casa do Nazareno”
e ouvi diversas vezes ele citar o seu nome com grande respeito.
O nome Jorge Rizzini então, passou a ser para mim um dos símbolos
do Espiritismo no Brasil e muita alegria eu tive quando, já como
iniciante da tarefa de divulgador espírita, nas diversas viagens
que fazia a São Paulo, pude lhe conhecer pessoalmente na redação
do “Jornal Espírita” e do “Semeador”,
na Federação Espírita do Estado de São Paulo,
nas visitas que sempre fazia aos amigos Altamirando Carneiro e João
Gianine Pascale, o que me deu bastante alegria, sobretudo quando você,
considerado por mim uma “celebridade espírita”, incentivou-me
bastante a continuar com o meu trabalho na televisão.
Em outras visitas passamos a sair pelo Centro de São Paulo para
tomarmos aquele cafezinho de fim de tarde e bater aqueles papos, eu,
você, o Altamirando e o Pascale.
Era uma época em que eu vivia muito empolgado com o movimento
espírita, achando que ele tinha alguma compatibilidade com o
Espiritismo, que fazia na prática o que a Doutrina nos ensina
e o que pregamos nas tribunas dos centros.
A minha empolgação e cegueira eram tão grandes,
quanto isto, que eu fechava os olhos e ouvidos para o experiente Jacinto
Brito, em Belém, quando me alertava: “Cuidado
com o movimento espírita!” e também
para a orientação do José Raul Teixeira quando,
em determinado momento em que eu lhe pedia uma entrevista, mas voltada
para o público “não espírita”, ele
me disse o seguinte:
-
“Por que somente para o público não espírita?
Eu acho que quem mais precisa da mensagem é exatamente o público
espírita.”
E eu, ingenuamente, dizia ao mestre:
-
“O que é isto, Raul, o público espírita
já está esclarecido, ela já tem as informações...”
Quando ele redargüiu:
-
“Baixe o facho, meu filho, você ainda não viu nada.
Vá devagar para evitar que as desilusões apaguem a luz
desse seu entusiasmo.”
Sinceramente, eu achava que o
Jacinto Brito era revoltado com alguma coisa e passei a achar também
que o Raul não estava bem, posto que eu não poderia conceber
que o movimento espírita pudesse proporcionar coisas tão
ruins aos seus próprios trabalhadores, a ponto de duas pessoas
tão nobres, honradas e decentes como o Jacinto e o Raul me alertarem
com tantas preocupações.
Só depois que me tornei, também, uma pessoa conhecida
no Brasil inteiro, posso até dizer uma pessoa famosa, sem medo
de errar, por conta da televisão via satélite que fiz
ao longo de dez anos, além das iniciativas pioneiras que tive,
como a revista Visão Espírita, os programas da TV, etc...
que vim perceber esta amarga realidade, onde verificamos, inclusive,
a aplicação de procedimentos os mais sórdidos e
vergonhosos possíveis, quando não se “vai com a
cara” de alguém em nosso movimento espírita.
É sobre isto que quero questionar contigo, meu caro Jorge Rizzini.
A carta que você anda difundindo pela Internet
Recebi no início deste mês, através de uma pessoa
da minha lista que faz parte do seu “fã clube”, a
retransmissão de uma carta que você está divulgando
pela Internet e a li atentamente, reli, analisei profundamente o seu
conteúdo, procurei aplicar os parcos conhecimentos de psicologia
que venho desenvolvendo, com frieza e bastante cautela, a fim de, apenas
depois de 15 dias, redigir este documento a você, que preferi
adotar o sistema de carta aberta, para que o maior
número possível de pessoas do movimento espírita
brasileiro, e também internacional, acompanhe os fatos e saiba
o que de fato acontece em nosso “fraterno” movimento espírita,
da forma mais clara e transparente possível.
Quanto ao exercício do direito de expressão eu nada tenho
a falar, porque sou um ferrenho defensor dele, o exercito intensamente,
adoto posturas enérgicas sem titubear, porque acho que a livre
manifestação deve ser respeitada sempre, desde que praticada
com responsabilidade, coerência, honestidade e dignidade.
Lembro-me de Abrahann Lincoln, quando dizia: “Os
que negam a liberdade aos outros não merecem a liberdade”,
e é por isto que respeito o seu direito de opinião do
mesmo jeito que gosto de ver respeitado o meu.
Concordo que, enquanto espíritas, devemos sim defender a nossa
doutrina contra qualquer ataque desferido contra ela e procurar esclarecer
às pessoas quanto algumas práticas que são apresentadas
como espíritas, mas que, na realidade, não são.
Todavia, amigo, eu gostaria de questionar alguns pontos e aspectos da
sua carta e levar a apreciação deste público enorme
para quem sempre estou escrevendo, (estou mandando apenas para o segmento
espírita da minha agenda), a fim de que ele avalie.
Você faz circular uma carta que, segundo diz, fora escrita pelo
Chico Xavier no ano de 1962, dirigida ao senhor Joaquim Alves, onde
o consagrado médium mineiro se dispões a escrever oito
páginas, datilografadas, para manifestar-se profundamente
magoado e aborrecido com o outro também famoso Divaldo Pereira
Franco.
Quero manifestar sobre essa sua carta, Rizzini, mas quero também
deixar bem claro que não está aqui um Alamar parcial,
já que sou declaradamente amigo pessoal do Divaldo Franco, amizade
esta que tem reciprocidade, que poderia estar utilizando o meu estilo
peculiar de defender os amigos, uma vez que não sou do tipo espírita
sem vergonha que vive em cima do muro, dando tapinhas nas costas de
pessoas quando as encontra, até mesmo as desafetas, e não
medem esforços em destilar venenos contra essas mesmas pessoas
quando por trás.
Quero defender o Divaldo, sim, da mesma forma que defenderei você,
a Doutrina Espírita, o Chico, o Allan Kardec ou qualquer outro
respeitável nome da história do Espiritismo, mas contra
os ataques dos Quevedos da vida, dos mercenários pastores protestantes
e de padres descarados como o Jonas Abib, estes sim, os verdadeiros
detratores do Espiritismo, que irresponsável e maldosamente caluniam
a nossa doutrina, dizendo dela o que ela não é.
Eu acho impressionante porque os espíritas que usam de tanta
energia contra outros espíritas, não utilizam estas mesmas
energias contra os verdadeiros inimigos do Espiritismo.
Vamos aos questionamentos, Rizzini.
Primeira pergunta:
Por que há tanto ódio no movimento
espírita, em relação aos próprios espíritas,
prezado amigo?
Quando eu questiono isto, é muito comum receber aconselhamentos
de alguns amigos muito queridos que me escrevem coisas, mais ou menos
assim:
- “Alamar, pare de se preocupar com
isto, você está perdendo tempo. Você precisa entender
que os espíritas são criaturas normais como quaisquer
outras, com todas as suas falhas, não são santos, estão
também em processos de evolução e precisam ser
compreendidos. Tenhamos caridade para com eles”.
Concordo que tenhamos que compreender as falhas normais de criaturas
humanas, independentemente de rotulação religiosa, que
tenhamos que exercer a Caridade em relação a todas as
criaturas, já que ninguém é santo. Todavia, por
causa dessa argumentação, será que devemos ter
a mesma compreensão em relação às criaturas
altamente sem vergonhas, descaradas, cínicas e de mau caráter
explícito, como alguns que praticam as mais sórdidas coisas,
conscientemente, procurando atingir friamente os outros?
E quando essa perversidade é praticada por espíritas que
não são simples iniciantes freqüentadores de centros,
mas criaturas que fazem parte das lideranças espíritas,
pessoas com décadas de militância espírita e que
no dia-a-dia vivem nas tribunas de centros falando exatamente sobre
compreensão, tolerância, fraternidade, perdão,
indulgência, não julgueis, não aponteis travas nos
olhos alheios e essas coisas ensinadas pela autêntica
moral?
Goethe cita a seguinte frase: “O comportamento
é um espelho onde cada um mostra a sua imagem”,
e é por isto que não podemos deixar de qualificar líderes
espíritas, que se comportam incompativelmente com a doutrina,
como hipócritas.
Recentemente escrevi uma matéria com o título “como
podem cegos pretenderem guiar cegos?” exatamente pra mexer
com essa gente sem vergonha.
Não dá, Rizzini, pra entender esse ódio, essa má
vontade, essa indisposição e até perversidade praticada
no movimento espírita desde os tempos de Kardec,
contra os próprios espíritas, sobretudo contra aqueles
que mais se dispõem a fazer alguma coisa além do comum.
Segunda pergunta:
O que leva você a levantar uma questão
dessa, ocorrida há 45 anos atrás, que,
acima de tudo tem alguns outros aspectos que justificam a minha indagação:
- Ainda que tenha de fato acontecido, como você quer fazer entender
ao público, caracteriza-se o “delito” como um fato
altamente irrelevante, uma coisa boba, uma falha leve e nada parecido
como um crime, um assassinato, um ato terrorista ou algo que tenha proporcionado
algum mal a alguém.
Como você justifica tamanha tempestade em copo d’água,
companheiro?
Se considerarmos que o brasileiro
João Acácio Pereira da Costa, famoso no Brasil com a alcunha
de Bandido da Luz Vermellha, preso, julgado e condenado
na mesma época pela falível “JU$TI$$A” brasileira
a 30 anos de prisão, por ter de fato assassinado pessoas, roubado
e praticado atos verdadeiramente terroristas, foi considerado livre
na década de noventa, quite com a sociedade por ter pago pelo
seu crime, assim como todos os outros assassinos e verdadeiros criminosos
da época já foram absolvidos...
Como pode o movimento espírita, que não tem nem o direito
de ser imperfeito, corruptível, viciado e parcial como a citada
“JU$TI$$A”, ser tão cruel, perverso, sádico
e desumano em continuar condenando um outro cidadão
brasileiro que não matou ninguém, não roubou, não
praticou qualquer ato terrorista, mas tem como acusação,
que é absolutamente questionável, o fato
de ter copiado trechos de alguma mensagem psicografada por Francisco
Cândido Xavier?
Que diabo de coerência espírita é essa, Rizzini?
É aí que eu chamo a atenção dos amigos leitores
deste meu manifesto que, certamente, será retransmitido para
várias outras pessoas do movimento espírita, inclusive
para meus desafetos, para raciocinarem em cima de um fato:
Se o réu cometeu o “crime” de copiar, ele copiou
quem? Adolf Hitler, Mussolini, Osama Bin Laden, Nero, algum modelo do
tráfico de drogas, Thomas de Torquemada e os seus modelos de
torturas e maldades da inquisição?
Não gente, esse réu teria “copiado” simplesmente
Francisco Cândido Xavier.
Mas vamos mais longe, para que detectemos bem a profundidade da incoerência
dessa condenação:
Ainda que tivesse feito a cópia das tais frases de alguns textos,
teria feito com que objetivos?
De ensinar as pessoas a serem más, serem vingativas, praticarem
violências ou a promoverem algum ensinamento imoral e criminoso?
Não, gente, nada disto. Se é que este homem tenha de fato
copiado os tais trechos, o fez com objetivos de transmitir ao grande
público para quem vem falando e escrevendo há mais de
60 anos, apenas mensagens de Paz e de Harmonia, em proposta de vida
conforme os postulados do Evangelho e os postulados espíritas.
Me explique, então, meu caro Jorge Rizzini, como pode você
continuar a condenar por mais de 45 anos e, certamente promover a condenação
eterna, porque pelo que tudo indica você vai desencarnar alimentando
este seu ódio contra o Divaldo, por um motivo deste?
Em nome da defesa da pureza da doutrina espírita? Seria isto?
Relembremos Thomas Jefferson quando diz que
“a malícia sempre descobre péssimos motivos
para boas ações”, não
seria isto?
Eu imagino, prezado amigo, que dentro dessa sua visão, você
deve ter um ódio danado dos evangelistas Lucas, Mateus e João,
porque é fato que eles copiaram Marcos. E não copiaram
apenas uma ou duas frasezinhas não, copiaram textos inteiros.
Já que não importam os objetivos e as razões deles,
que eram as de divulgar os mesmos ensinamentos de Jesus, o importante
é o fato de ter copiado, então vamos nos ater a condená-los
e a manter o ódio por mais de dois mil anos, assim como você
mantém de Divaldo, por quase meio século.
Gente, será que o Alamar está errado, nestes questionamentos,
ou agindo como um simples tiete do Divaldo Franco?
Mas ainda temos mais perguntas.
Terceira
pergunta:
Por que esta carta apareceu somente depois
da desencarnação do Chico Xavier?
Por que não quando ele estava entre nós para que repórteres,
jornalistas e pesquisadores pudessem ir a ele questioná-lo e
inclusive perguntar se o documento era autêntico e de fato da
sua autoria?
Eu poderia muito bem pegar um papel, escrever com o estilo do jornalista
Carlos Lacerda, em uma máquina de escrever “remington”
da época, treinar a assinatura dele, à prova de qualquer
perícia grafotécnica, assinar com uma caneta Park 51,
em tinta de tinteiro, e ainda passar pelo mata borrão, promover
o envelhecimento do papel, que é a coisa mais fácil do
mundo, e difundir hoje para a imprensa com uma declaração
do tipo:
- “Fui eu quem matou Getúlio
Vargas, pessoalmente. Entrei no Palácio do Catete, mandei que
os meus capangas o segurassem, e fiz questão de, eu mesmo, disparar
o tiro em seu coração...”
As pessoas racionais teriam que acreditar na autenticidade
desse documento?
O Lacerda já morreu, não teria como ninguém perguntar
a ele mesmo sobre o documento.
Eu, particularmente, Alamar, tenho minhas dúvidas se a causa
mortis de Getúlio foi mesmo suicídio, mas por causa desta
dúvida eu teria que estar sensível a admitir todo documento
que surgisse como autêntico e verdadeiro só para provar
aos outros que estou com razão em achar uma coisa totalmente
diferente da versão que fora colocada na história do Brasil?
Talvez você conteste:
- “O Alamar está falando como
amigo do Divaldo, ele quer dizer, por dizer, que a carta não
foi escrita pelo Chico...”
Então avancemos nos nossos questionamentos, com raciocínio:
Chico Xavier viveu uma vida inteira de sofrimentos, desde a sua infância,
sem reclamar. Consta que lambeu até ferida da perna de uma pessoa,
por ordem da sua insensata madrasta, apanhou e sofreu todas as agressões
da parte dela, porém nunca alimentou qualquer rancor
e muito menos ódio contra ela.
David Nasser e outros jornalistas fizeram o diabo contra ele, tudo para
“desmascará-lo”, todas as calúnias foram feitas,
processos de difamação terríveis foram espalhados
por este país, a revista “O Cruzeiro” foi implacável,
inclusive aquela terrível reportagem sobre o caso da vela, que
os mais antigos e os pesquisadores conhecem, que é algo extremamente
humilhante a qualquer homem, porém ele nunca alimentou
qualquer rancor e muito menos ódio contra o David Nasser
e nem contra qualquer jornalista.
O bispo de Uberaba fez também o diabo contra ele, até
mesmo coisas impublicáveis, mas ele sempre o tratou com dignidade,
sem alimentar qualquer sentimento menor.
Quem já leu a história do nosso maior médium sabe
muito bem o que ele passou, pelo que fizeram com ele e verifica em todas
as obras que ele nunca alimentou esse rancor e ódio contra ninguém.
É aí que eu pergunto:
Cabe na cabeça de quem a idéia de que o Chico Xavier teria
alimentado todo esse ódio exatamente contra Divaldo Pereira Franco,
um homem que durante toda a sua vida só se referiu a ele com
carinho, respeito, admiração, afeto, ternura e gratidão?
Existem milhares de fitas de gravadores de som, vídeos VHS e
até DVDs espalhados pelos lares de inúmeras pessoas, inclusive
nos lares dos meus leitores e eu pergunto a todos:
O Alamar está mentindo ou exagerando? Alguém já
ouviu Divaldo Franco dirigir-se ao Chico, que não fosse desta
forma conforme relatei? Quem tiver dúvidas, que reveja as fitas.
Não quero aqui fazer como fazem muitos espíritas que vêem
o Chico como São Chico Xavier, já que
sei que ele foi humano, sentava-se em vasos sanitários também
como qualquer um de nós, com certeza se aborreceu muitas vezes
(afinal de contas, como poderia ele não se aborrecer tendo
aquele “filho” que ele teve, que nunca foi filho dele?)
e inclusive, assim que chegou em Uberaba, pegou pelo colarinho e deu
uma enérgica esculhambação no chato, nojento e
incoerente dirigente da Aliança Municipal Espírita de
Uberaba, só faltando dá-lhe uma porrada no meio da cara,
por querer este mantê-lo sob seu “controle remoto”,
inclusive dar ordens na sua casa espírita e determinar quando
ele deveria e não deveria viajar para outras cidades além
de outras ostentações de uma “autoridade”
que o presunçoso “dono” do movimento espírita
uberabense achava que tinha.
Diante de tudo isto, gente, dá pra admitir que este diabo desta
carta tem alguma coisa a ver com o estilo do Chico?
Quarta pergunta:
Por que usar a Rede Globo de Televisão
para denunciar uma coisa dessa, Rizzini?
Que tipo de intenção há numa atitude de um grupo
“espírita” que promove uma coisa
desta, que não seja a de destruir a imagem do companheiro, calando-lhe
definitivamente, através do tiro de misericórdia que esse
grupo acreditava estar dando, utilizando o devastador poder da Globo?
Quem é o espírita que consegue ser tão besta para
acreditar que aquela foi uma iniciativa movida por muita fraternidade?
Que fraternidade é essa?
Entre vários detalhes desta sua carta, aqui da Internet, eu anotei
este aqui:
- “Repercutiu fundo no movimento espírita
nacional a denúncia feita em 29 de fevereiro de 2OO4 pela TV
Globo de que Divaldo Pereira Franco plagiara mensagens psicografadas
por Chico Xavier. A reportagem colocara diante dos olhos do público
trechos de uma carta com oito páginas datilografadas assinada
por Chico Xavier relatando o lamentável episódio.”
Embora saibamos que as notícias ruins sobre alguém são
muito mais recebidas e admitidas como verdade pelo movimento espírita
que as notícias boas, pergunto a você:
Que repercussão funda no movimento espírita nacional é
essa que você disse que teve, em relação a Divaldo?
Eu não vi e tenho certeza de que milhares de espíritas
não viram, pois, ele continua a colocar milhares de pessoas nos
auditórios e ginásios de esportes onde fala, inclusive
vendo pessoas sentadas ao chão, devido a lotação,
continua sendo aplaudido de pé, a tiragem dos seus livros não
teve qualquer queda, muito pelo contrário, teve um considerável
aumento nos últimos anos.
Sei que isto não agrada aos que gostariam de vê-lo no ostracismo,
calado até pela Rede Globo, mas é uma realidade.
Ele disse a mim, como a outros amigos seus, que a partir deste ano iria
dar uma parada nas suas viagens porque, ao chegar aos 80 anos, já
se considerava cansado, apesar do invejável preparo físico
que tem, raríssimo para homens da sua idade, sem considerar a
impecável lucidez e o bom humor. Só que os apelos não
somente do Brasil, mas de pessoas de vários países, têm
sido tão grandes para que ele não pare, que ele não
sabe o que fazer.
Mas que homem ruim este, que dá saudades em tanta gente, hem?
Tem mais pergunta:
Quinta pergunta:
Você insiste em dizer, inclusive na
sua carta, que Divaldo não é médium. Mas não
é só você quem diz isto em São Paulo não,
o Nelson Moraes também disse para mim, em sua casa no Aricanduva,
que ele tem certeza de que Divaldo não é médium.
Ele é, mas Divaldo não. Quer dizer então que todos
os seus mais de 170 livros representam fraudes?
Qual é
o “mediúmetro” ou “mediunímetro”
que você e o Nelson Moraes utilizam?
Molière dizia: “As coisas só
valem o que nós queremos que valham” e com
ele eu pergunto: Será que só tem valor o que vocês
querem que tenham?
Eu, particularmente, assim que conheci o Divaldo foi por conta das suas
palestras e comecei a admirá-lo por elas, já que os seus
ensinamentos falados nas conferências e gravados por mim, no começo
apenas em fitas cassetes, serviram-me muito, quando despertei-me para
divulgar a sua palavra junto com a divulgação do Espiritismo
que me propunha.
Mas como não sou espírita besta, resolvi também
conhecer a Mansão do Caminho, o seu trabalho de perto e, sobretudo,
a sua mediunidade.
Tenho uma característica diferente do que querem alguns espíritas,
quando participam de reuniões mediúnicas, do tipo: silêncio,
fale baixo, feche os olhos e se concentre.
Ora, vá caçar o que fazer. Não fecho os olhos coisa
nenhuma, não falo baixo, falo normalmente, não fico em
silêncio, a não ser por educação e respeito
quando alguém está falando e nem me concentro. Primeiro
porque eu não sou médium, não vou dar passagem
a espírito nenhum pra me concentrar e quero ficar com
os zóios bem abertos, bem arregalados, para prestar
bem atenção a tudo o que acontece ali, para ter competência
e capacidade pra discernir o que é comunicação
de espírito, o que é animismo e o que é recadinho
sem vergonha que alguns médiuns se aproveitam para dar a alguém,
sobretudo quando querem dar autenticidade a determinadas vontades da
direção da casa. Eu gosto de comprovar a autenticidade
da mediunidade de forma bem lúcida, bem acordado, bem atento
e bem alerta para poder enfrentar os padres Quevedos da vida, como já
enfrentei em Belém, com segurança e falando com firmeza
e não como fanático religioso.
Foi exatamente isto que fiz todas as vezes que fui à Mansão
do Caminho, inclusive nos diversos momentos em que fui convidado pelo
próprio Divaldo a compor a mesa do plenário ao lado dele:
Olhos bem abertos. Não me contaram sobre Divaldo não,
Rizzini, eu vi Divaldo de perto, várias vezes.
Da mesma forma que assim faço, companheiro, vários outros
espíritas fazem por este mundão a fora.
Será que nós todos somos imbecis, prezado amigo?
Será que milhares de espíritas por este Brasil e pelo
exterior, inúmeros deles que também tem décadas
de Espiritismo, como você tem, tem cabelos brancos como você
tem, estudamos intensamente as obras básicas e outras obras clássicas
do Espiritismo, para conhecer a doutrina com solidez e não apenas
nos deixando levar pela “romançomania” somos todos
incompetentes, não sabemos nada sobre doutrina espírita,
já que, conforme a sua ótica, apenas um ou outro companheiro
se acham conhecedores exclusivos da obra que fora didaticamente
organizada por Allan Kardec?
A Bahia, por exemplo, aquela mesma Bahia que alguns espíritas
paulistanos insistem em afirmar que não tem Espiritismo, que
ninguém entende de Espiritismo e chegam até a irresponsabilidade
de dizerem que na Federação Espírita Baiana pratica-se
a queima de pólvoras, banhos de sal grosso, defumações
e outras práticas da Umbanda, o que é uma mentira, conforme
eu pessoalmente ouvi um palestrante dizer na Federação
Espírita do Estado de São Paulo, existem espíritas
notáveis, pessoas de elevado nível de escolaridade como:
André Luiz Peixinho, Psicólogo,
Filósofo, Mestre e Doutor em Medicina, uma cultura e um conhecimento
prático doutrinário extraordinário, trabalhador
militante ativo; Adenauer Marcos Ferraz Novaes, também Engenheiro
Civil, Psicólogo, Filósofo e Analista de Sistemas, fundador
e criador de uma grande casa espírita, onde vivencia durante
décadas um Espiritismo praticado e profundamente estudado...
além de inúmeros outros doutores e pesquisadores, como
Luiz Barreto, Marcel Mariano, Ildefonso do Espírito Santo, Djalma
Argollo, Ruth Brasil Mesquita e muitos outros...
Será que na sua concepção são todos esses
homens imbecis, meu caro Rizzini?
Homens que conseguem ser mestres e doutores, estudando durante anos
e anos em volumosos livros de mais de um curso superior, não
conseguiriam conhecer a doutrina espírita composta apenas por
7 livros com uma média de apenas 400 páginas cada um?
Estes homens todos conhecem e convivem com Divaldo
Franco, há décadas. Seriam todos ingênuos pra se
deixarem enganar por tanto tempo por essa suposta mediunidade fraudulenta?
Conversando com um outro companheiro, respeitável também,
médico psiquiatra do Rio de Janeiro, escritor espírita
e que também não gosta do Divaldo, ele chegou a afirmar
que a obra da Joanna de Ângelis foge dos conceitos científicos
da psicanálise, estão ultrapassados, dando um entendimento
até de que seria um desserviço à Psicanálise.
Eu não poderia ser leviano para contestar uma afirmativa daquela,
no momento do diálogo, por uma questão de coerência
que gosto sempre de usar, já que eu não tenho por hábito
discutir o que eu não entendo, sobretudo com pessoas especializadas
na área, como ele. Mas já que gosto de checar tudo, em
busca das verdades verdadeiras das coisas, comprovei que a afirmativa
do companheiro não era uma verdade e sim uma opinião
pessoal dele, já que inúmeros outros Psicólogos
e Psiquiatras, dentre os quais possuidores de doutorados e mestrados,
pensam totalmente ao contrário dele e muitos chegam a dizer:
- “Com
a Joanna de Ângelis eu aprendi coisas que nunca aprendi na faculdade,
na graduação, na pós-graduação
nem nos congressos diversos que participei da minha especialidade.
Aplico os seus ensinamentos em meu consultório com excelentes
resultados.”
É aí que o Alamar
questiona:
Será que esse pessoal não sabe nada sobre Psicanálise
e somente o nobre companheiro é conhecedor exclusivo do assunto?
O grande Frederico da Prússia dizia o seguinte: “o
ridículo mata mais que todos os argumentos deste mundo”.
Concluindo
São essas exclusividades de conhecimentos
que eu questiono, Rizzini. Como alguém poderia acreditar que,
num universo de mais de 20 milhões de espíritas no País,
somente uma meia dúzia conhece a Doutrina? Tem sentido isto?
Contesto, nobre companheiro, veementemente esse ódio absurdo
e interminável que existe no movimento, de espíritas em
relação a espíritas, que representa uma vergonha,
uma contradição, um perturbação e uma lamentável
incoerência.
Vou contestar isto a vida inteira, enquanto encarnado, e quando tiver
desencarnado vou continuar insistindo até ver se esse pessoal
toma vergonha na cara.
Já é hora de paz verdadeira no movimento
espírita, companheiro, porque essa “Paz” da boca
pra fora, que muitos espíritas desejam uns pra os outros, no
ritualístico “muita Paz” que costumamos dizer, é
uma hipocrisia muito cínica que precisa ser abolida.
Desculpe, mas se nós espíritas não temos competência
para perdoar confrades nossos, alimentando ódios intermináveis,
creio que perdemos toda a moral para subirmos em qualquer tribuna de
centro ou redigirmos qualquer artigo para jornal ou revista espírita
falando em postulados espíritas, já que a Doutrina nos
ensina que o maior modelo e guia que devemos seguir é Jesus,
e o comportamento é totalmente incompatível com o Mestre.
Por uma nova era no movimento espírita, a era da coerência,
pelo bem do futuro do Espiritismo no mundo.
Alamar Régis Carvalho
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