Resumo
Este trabalho objetivou discutir a definição
e a aplicação do termo coerência doutrinária
sob a perspectiva espírita, servindo-se de levantamento realizado
junto a adeptos do Espiritismo sobre o reconhecimento e legitimação
de fontes e referências válidas à construção
do conhecimento espírita. A amostra analisada foi formada por
dirigentes e colaboradores de uma instituição federativa.
Os resultados obtidos identificaram similaridades e divergências
entre os adeptos sobre a produção e validação
do conhecimento espírita, apontando-se o tempo de adesão
e a leitura integral das obras doutrinárias fundamentais como
variáveis relevantes à compreensão do respectivo
arcabouço teórico.
Dois aspectos essenciais já previstos
por Allan Kardec para a discussão em voga são a incorporação
do conhecimento científico e a aplicação do critério
da universalidade do ensino dos Espíritos para a legitimação
do que poderia ser considerado um novo saber doutrinário, porém
parte dos respondentes desconsideram-nos diante do uso de argumentos
de autoridade mediúnica. Diferentemente da produção
do conhecimento científico, que se serve de publicações
qualificadas e congressos específicos para a divulgação
e discussão de pontos sem consenso ou divergentes, no contexto
espírita são exíguos os espaços com essa
finalidade, sinalizando desafios a serem superados para a ampla compreensão
sobre a unidade doutrinária a ser utilizada como referência
pelos próprios adeptos coerentes.