Este estudo investiga os usos e sentidos das
crenças e experiências paranormais na construção
da identidade de médiuns espíritas por meio de pesquisa
qualitativa História de vida (entrevista), aliada à
coleta de material etnográfico / observacional.
O estudo teve como bases o modelo proposto por Ciampa (1987) para
o estudo da identidade e as categorias de análise desenvolvidas
em um estudo exploratório prévio realizado pelo autor
(Maraldi, 2008).
Os dados para a pesquisa foram coletados de (11) sujeitos, acima
de 18 anos, que têm significativa relação pessoal
e grupal com crenças e práticas mediúnicas
semanais em dois centros espíritas da cidade de São
Paulo.
A partir da análise do material coletado chegou-se a três
usos fundamentais da mediunidade na formação da identidade:
1) a mediunidade como projeto de vida;
2) a mediunidade como ocultação e revelação
e
3) a mediunidade como ideologia.
Foram explorados ainda aspectos fenomenológicos como o início
das manifestações mediúnicas, tipos de experiência,
estado de consciência durante as atividades no centro e conteúdo
das experiências.
Defende-se um modelo de retroalimentação (feedback)
para as relações entre crença e experiência.
São levantadas interpretações sobre aspectos
afetivos e inconscientes envolvidos nos relatos, bem como sobre
o papel do grupo na construção das experiências.
Destaca-se a importância do estudo das experiências
anômalas para o campo da Psicologia Social e para uma compreensão
mais alargada das transformações identitárias.