Rogério
Coelho
> As Tensões nossas de cada dia
Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.
Jesus. (Mt., 11:28.)
Stress é um neologismo inventado por engenheiros
ingleses para expressar o ponto de tensão máxima capaz
de causar a ruptura de uma estrutura.
Hoje em dia, com a explosão demográfica e o novo status-quo
vigente, isto é, a Vida interpessoal, deixando aquela característica
pachorrenta e morigerada dos velhos tempos de nossos avoengos para
o frenesi e desassossego da atualidade, a palavra stress transcendeu
sua etimologia e emprego inicial e hoje é sinônimo do
mal do século.
O stress tem motivado a maior parte das doenças que
acometem o homem moderno...
José M. Martins que fez doutorado em Psicologia
Clínica nos U.S. afirma:
(...) Ao longo de sua Vida o homem moderno vai se repletando de lixo
psicológico, ou seja: acumula na intimidade da personalidade
situações psicológicas não equacionadas
que, num processo de somatização provocam, a longo prazo,
a implosão do stress.
O corpo humano possui defesas naturais para situações
de conflito, mas são defesas que têm as suas limitações.
O arsenal defensivo presto se esgota e o indivíduo fica à
mercê dos desgastes perniciosos.
O stress, segundo Martins,
(...) é uma resposta de alerta diante de uma ameaça:
O coração dispara, o sangue foge das superfícies
(colapso periférico) e a criatura fica pronta para atacar ou
fugir como o homem primitivo ficava diante das feras. Há descarga
de hormônios no organismo, a musculatura fica tensa, pronta
para a ação. O organismo tem um dispositivo automático
regulador do desarme dessa tensão, mas se a situação
se repete com muita freqüência, sem a respectiva resposta
do esgotamento da tensão, o stress se torna crônico e
daí surgem as doenças.
Se a pessoa dilui a carga descarga hormonal em uma conseqüente
ação de defesa ou ataque, respondendo adequadamente
ao conflito que a gerou, a situação passa, equaciona-se
a situação estressante, e o seu organismo se reequilibra,
voltando à normalidade.
Eliminar ou diminuir o stress nem sempre significa descansar, tirar
férias, segundo ensina o psicólogo:
(...) As pessoas precisam reaprender ou permitir que aconteçam
os períodos de restauração. E esse período
só ocorre se houver a expressão emocional.
Faz-se mister uma aprendizagem específica das relações
da emoção com o corpo. A mesma parte do sistema nervoso
que coordena a relação emocional é responsável,
também, pelo funcionamento da digestão, da circulação,
etc... Chama-se Sistema Nervoso Autônomo (SNA). Isso quer dizer
que, pela lei natural, é um sistema independente, que deveria
funcionar por si próprio, mas, nós estamos sempre tentando
interferir nele com reações do tipo: não posso,
não devo...
O stress em si não é problema. O problema
é a forma como a pessoa reage a ele, tentando bloquear o sistema
nervoso autônomo. Portanto, não é uma situação
externa que leva à doença: O que nos faz adoecer é
o jeito como a gente lida com a gente mesmo.
Há que se permitir - cada um - o seu
momento de stacato. Temos que ter a nossa ilha de sossego interno;
parar as correrias, as azáfamas...
A prece e a meditação são componentes
importantes de nosso arsenal defensivo; uma leitura edificante,
uma música suave, relaxante, também atendem à
nossa necessidade de refazimento.
Quando, porém, toda a nossa munição foi gasta
e o desassossego íntimo continua; quando não estamos
mais sabendo lidar conosco mesmos, recorramos a Jesus, o Médico
das Almas, lembrando-nos de Suas consoladoras palavras: Vinde a
mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
O auto-conhecimento é outro expressivo fator de combate ao
stress; e Sócrates identificando isso, propalou alto e bom
som a frase que encontrou gravada no Templo de Delfos, na Grécia:
Conhece-te a ti mesmo.
Hoje em dia, a psicologia vem reafirmando a necessidade de viajarmos
aos escaninhos interiores do Self.
Segundo o psicólogo espírita Adenáuer
Novaes (1),
(...) A mente humana cria mecanismos de defesa para seguir as tendências
arquetípicas, face à necessidade de manutenção
do complexo do ego, que, ao longo do processo evolutivo, vai se
estruturando com muita autonomia, e, enquanto não se encontra
fortalecido, evita o desabrochar da verdadeira personalidade que
é o Espírito imortal.
A própria Vida nos ensina que devemos encontrar nossa via
pessoal, que se constitui na descoberta do próprio caminho
traçado por Deus. Essa via é o fio condutor de nossas
Vidas. Somos como a seta do arqueiro que não sabe em que
direção vai, mas ela é previamente estabelecida
e obedece ao impulso inicial de ir sempre para a frente.
Disse Jesus: Todo aquele, pois, que ouve as minhas palavras e as
pratica, será comparado a um homem prudente, que edificou
a sua casa sobre a rocha.
Certamente que Seu objetivo não é nos ensinar técnicas
de construção de fundação de casas.
Ele apenas se utiliza de uma comparação de solidez
da rocha à maturidade de quem segue e pratica os Seus ensinamentos.
Do ponto de vista psicológico, percebe-se que Ele nos leva
à base do psiquismo humano, trazendo-nos a necessidade de
perceber a dialética entre a prática e a teoria. Construir
a casa sobre a rocha equipara-se a construir, na consciência,
um ego estruturado sobre a segura orientação do Self.
A consolidação do ego como agente consciente do Self
é fundamental ao progresso espiritual. Colocar o ego em sintonia
com o Self equivale a descobrir os propósitos da encarnação,
isto é, o por quê e o para quê se está
encarnado.
Construir a casa sobre a rocha equivale a dizer que o processo é
interno, e não externo, é profundo, e não superficial.
Jesus, o inigualável Psicólogo já
nos orientava a respeito da importância do autoconhecimento
como fator de alforria espiritual e liberação de toda
e qualquer forma de stress ao informar que O Reino dos Céus
está dentro de nós. Encontrá-lo em nós
mesmos, tal a finalidade da encarnação, tal o diploma
da libertação, tal a profilaxia e ao mesmo tempo o
antídoto para as enfermidades!...
(1) Adenáuer Marcos Ferraz de Novaes Psicologia
do Evangelho Cap. 18, Ed. Fundação Lar Harmonia
Publicado no Boletim GEAE Número 347 de
1 de junho de 1999
Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/as-tensoes-nossas.html
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