No dia a dia da prática
médica, o tema que mais impressiona a todos provavelmente é
o da morte prematura. Conviver diariamente com pacientes acima dos 80
anos de idade que apresentam problemas crônicos de saúde
e caminham para o desencarne, soa a todos nós como algo absolutamente
fisiológico, por maior seja a dor dos familiares na hora da despedida.
Porém quando o assunto é o desencarne de crianças,
adolescentes e adultos jovens que se dirigem ao plano espiritual antes
dos pais, nem sempre a racionalidade que o espirtismo traz pode ser
suficiente para acalentar a alma dos que ficam.
O termo "morte prematura", talvez não
seja adequado, pois não podemos pensar em uma espiritualidade
superior onde as coisas são feitas de improviso. Evidentemente
nos referimos aqui a prematuridade do ponto de vista físico,
ou seja, desencarnar jovem e não desencarnar antes do tempo programado.
Jesus foi um exemplo de morte prematura, desencarnando
antes de sua mãe. Mas durante todo o seu apostolado, ele deu
mostras de sobra, que sabia antecipadamente o que aconteceria.Mateus
26, João 2:19, Alias esse fato foi narrado várias vezes
no velho testamento, em especial por Isaias. Saber por antecipação
não o impediu de levar a cabo sua missão, pois várias
vezes ele afirmou que o que lhe interessava acima de tudo era realizar
a vontade do Pai.
Para os pais que enxergam na morte do filho o fim de
tudo, o sofrimento parece mesmo não ter fim, porém um
outro caminho, de mais amor e paz interior pode existir. Entender o
mecanismo pelo qual as doenças ocorrem é fundamental para
se libertar da tristeza imensa que invade a vida dos familiares.
Enquanto houver a crença de que Deus levou,
que Deus quis, como se houvesse um Senhor de barbas brancas sentado
em uma mesa apertando botões coloridos escolhendo quem vai e
quem fica, distribuindo benesses e concessões, castigos e punições,
não vamos conseguir sair do lugar. A mesmice atávica do
benefício para quem é bonzinho e castigo pra quem é
do mal, não aplaca mais as nossas dúvidas e incertezas.
Até porque, se olharmos com cuidado, quem de nós pode
ser classificado como evoluído ou inferior? Todos sem exceção
temos qualidades e defeitos. Como escolheria então Deus?
Como explicar que uma criança de dois anos de
idade, que nem teve tempo de fazer coisas boas ou ruins tenha um câncer
com metástases e desencarne após 6 meses de tratamento?
Punição para os pais? Resgate de um carma familiar? Acreditar
nessa hipóteses é diminuir Deus a um tirano despótico
sem sentimento, que castiga um inocente para punir os pais. Que tipo
de amor é esse? Pois João evangelista nos define Deus
da única forma que podemos compreender. "Deus é amor!"
A resposta é uma só. Cada um responde
por atos praticados em outras vidas, resgatando pelo amor, as dívidas
do passado e caminhando com passos cada vez mais sólidos em direção
ao Pai. Não há punição, mas oportunidade.
Não há fim, mas continuidade da vida, e vida plena, vida
espiritual. É muito mais lógico pensar que se em outra
vida, eu lesei tanto meu corpo espiritual por atitudes e vícios,
nessa vida eu limpo meu corpo espiritual, drenando para a carne, para
o corpo físico aquilo que me faz mal.
Se você vicenciou essa situação,
a primeira coisa a fazer é parar de se questionar o que você
fez de errado. Não há nada de errado. Está tudo
certo. Jesus nos dizia que quem quisesse seguí-lo deveria pegar
sua cruz e ir. Bom, chegou o momento. É a sua chance de mostrar
a ele(Jesus) que você entendeu a lição. Creia que
seu filho, seu familair, seu amigo que desencarnou continua mais vivo
do que nunca, e com certeza mais feliz, porque drenou para o corpo físico
algo que o impedia de crescer. Veja, a lição é
clara, Deus não puniu ninguém, foi uma cobrança
automática imposta por compromissos do passado. Não houve
castigo, houve libertação.
No processo de aceitação e entendimento
que ocorre após a morte prematura, o primeiro item é não
remar contra a maré. Não lute contra a correnteza. Não
se desespere, não aja como se a vida tivesse acabado. Aceite
suas limitações, chore, mas sem desespero. Procure ajuda.
Abra seu coração com pessoas que estão ao seu redor,
consulte um psicólogo, reuniões de terapia de grupo, e
deixe a ferida ir cicatrizando aos poucos. E acima de tudo, não
faça disso uma desculpa para deixar de viver. Você não
precisa se matar aos poucos como se dissesse para a pessoa querida que
desencarnou "olhe, gosto tanto de você
que eu também vou morrer". A isso chamamos de suicídio
e não amor.
Confie e se entregue nas mãos desse Pai amoroso,
que nos acolhe e alivia. E lembre-se, o melhor remédio para as
nossas dores é aliviar a dor do próximo. Converta esse
sentimento de dor em algo sublime como a ajuda aos necessitados. Em
prol daquele que desencarnou primeiro e da sua própria evolução
espiritual, transmute o sentimento e passe a ser um seareiro do Cristo.
Dia virá que você será capaz de olhar pra trás
e entender tudo que a vida queria lhe ensinar com esse fato.
Paz e luz!
Fonte:
http://medicinaespiritual.blogspot.com.br/2009/07/morte-prematura-entender-para-aceitar.html
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