Espiritualidade e Sociedade





Rogério Miguez


>    Decálogo dos doentes

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Rogério Miguez
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1. Você não está sozinho: estamos todos doentes
Males de todos os matizes - físicos, espirituais, morais, sociais - têm servido de justificativa para que as criaturas busquem as propostas do Espiritismo, no afã de encontrar respostas e, principalmente, a cura desses momentâneos distúrbios, afinal, todas as criaturas adoecem, exceto os anjos – Espíritos que alcançaram a perfeição relativa. Entretanto, a Doutrina Espírita não veio ao mundo para curar corpos físicos, mas sim as almas imortais. Sendo assim, não a procuremos para tratar apenas de nossas muitas moléstias corporais, mas sim para sanar as imperfeições morais. Essas, criam e agravam as disfunções de nossos corpos biológicos. A cura real advirá pela construção de uma mente sadia, condição raramente encontrada, nestes dias turbulentos, quando a maioria busca apenas a satisfação dos prazeres imediatos e fugidios. A missão espírita é reformar a Humanidade por meio da educação e esclarecimento, e, como resultado dessas duas providências, a ignorância, que tantas mazelas já provocou em nossa história, deixará de existir. Por esta razão se diz: não há doenças, mas sim doentes. E mais, a nossa dor, seguramente, não é a maior de todas.


2. O Espiritismo não faz milagres
Nos tempos modernos, substituímos, gradativamente, os antigos santos pelos novos e destacados médiuns. Como resultado dessa conduta equivocada, realizamos peregrinações, a qualquer custo, na busca dos médiuns-curandeiros. Alguns poucos, de fato, detêm o poder da cura, contudo, a maioria...Basta informar que em determinado centro, houve o início de um novo trabalho de cura para que se formem as filas dos desesperados, movidos pelos sofrimentos e dores enfrentadas. Contudo, jamais nos dispomos a, caso haja uma verdadeira cura física, trabalhar a nossa personalidade e caráter, as posturas éticas, continuando assim a repetir os mesmos desacertos que, certamente, levaram ao surgimento das moléstias. É preciso existir sincera vontade em mudar. Afinal, nem mesmo o Médico Celeste promoveu milagres. Ele prometeu alívio às nossas muitas dores, e, aliviar não significa curar, portanto, não confundamos a proposta crística que é de renovação do Espírito imortal, e não dos corpos biológicos perecíveis.


3. Não há dor ao acaso
Impera no Universo a perfeita ordem, justiça e misericórdia do Deus Pai. Nenhuma enfermidade experimentada se lastreia em qualquer injustiça, sendo muitas delas previamente acertadas através da escolha das provas ou expiações necessárias ao nosso aprimoramento moral e intelectual. Outras surgiram em função de certas condutas na vida presente, acabando por danificar as nossas células, tais como: uso de alcoólicos e do fumo - as drogas lícitas -, isto sem falar das ilícitas, fazendo surgir incontáveis moléstias. Somos sempre os artífices de nossa própria desdita, sejam as causas forjadas em passado delituoso, sejam as de origem na atualidade. Contudo, quando sofremos as consequências do passado e as agravamos no presente, a existência se torna quase insuportável, surgindo em muitos a ideia de lançar mão da indecorosa proposta do suicídio direto. Este ato tresloucado, trará graves doenças nas futuras reencarnações, agravando todos os sofrimentos, passando o infrator a conviver com cérebro retardado e moléstias nervosas de dificílimo trato.


4. Doentes não estão sendo punidos
Em relação às doenças, a punição é condição incompatível com as bondosas e misericordiosas leis divinas. Têm por meta a retificação e educação dos que sofrem preparando-os para grandiosas missões no futuro. Sendo assim, se formos surpreendidos com a melhora física, indicando que o processo de aprendizado e reajuste foi alcançado, não abandonemos as recomendações propostas por aqueles que procuramos para atenuar as nossas dores, e não voltemos a praticar as condutas antigas que construíram as atuais enfermidades. Caso assim ajamos, novas aflições nos povoarão os caminhos e, mais uma vez, bateremos às portas daqueles que prometem a cura de nossos males, aparentemente sem fim.


5. Não busque os feiticeiros

Mandingas ou bruxarias não nos protegerão das doenças. De nada vale colocar fitas multicores nos pulsos ou ao redor do pescoço. Objetos, supostamente mágicos, não possuem nenhum valor, tais como: trevos de quatro folhas, pés de coelho, ferraduras e muito menos crucifixos. Lançar mão de benzedeiras também não nos livrarão dos infortúnios físicos. Magos e feiticeiras não detêm qualquer poder sobrenatural capaz de reconstruir um órgão em mau funcionamento. Entretanto, muitas vezes, desesperados e abatidos, desacreditados e sem ânimo, aturdidos diante de tantas agonias, nos dirigimos aos aproveitadores da fé pública, nos entregando cegamente a esses desaviados. Eles desconhecem o mau que estão praticando ao prometerem curas instantâneas para males elaborados ao longo, às vezes, de várias existências. Não incentivemos o surgimento de falsos profetas, eles visam apenas prestígio e fama e, quem sabe, obter algumas moedas. Utilizemos as quantias pagas por supostos serviços espirituais de forma mais nobre, fazendo-as chegar às mãos dos famintos e estropiados, pois essa conduta nos fortalece mais do que supostas beberagens ou pomadas mágicas, ocasionalmente, oferecidas pelos falsos Cristos. Por esta razão, Emmanuel asseverou que o melhor talismã seria, única e exclusivamente, o bom coração.


6. Cultive a sua fé
Podemos nos curar pela fé e pelas ações nobres, contudo, talvez não encontremos a cura completa, nessa particular existência, em função da inexorável lei de causa e efeito, mas, certamente, tudo que fizermos de positivo para sanar agora as deficiências de nossa vestimenta material refletirá positivamente no futuro. Muitas vezes a causa é antiquíssima, sendo o efeito agora duradouro, aguardando do doente uma mudança radical em seus pensamentos, palavras e ações. Entretanto, a fé deverá ser sustentada pela razão, e, a última, precisará ser iluminada pela fé. Ambas se apoiam e se sustentam, autoajudam-se, uma sem a outra conduz ao fanatismo e ao ceticismo, respectivamente. Não foi em vão que o Médico Celeste afirmava: Tua fé te curou, vai e não peques mais.


7. Use a medicina da Terra e do espaço
Busquemos os atendimentos médicos, pois a medicina é dádiva de Deus para cuidar de nossos corpos, contudo, não creiamos que apenas com o uso de alguns comprimidos, certas injeções e possíveis cirurgias, possamos ser conduzidos à integral restauração física. Há necessidade de cuidar do perispírito e, principalmente, do Espírito. Neste sentido, o Espiritismo possui em seu arsenal farmacológico significativas providências de apoio: fluidoterapia - materializada pelos passes magnéticos -, e a água fluidificada, que podem trazer imenso bem-estar a todos os sofredores, ambas baseadas nas leis do magnetismo humano, uma ciência ainda por ser descoberta pelo pensamento cético. Adicionalmente, a vigilância, a mudança de conduta e o estudo, tão bem incentivados pela Doutrina, são elementos valiosos no processo de reajuste corporal e mental. Além desses, a laborterapia e a caridade irrestrita são estimulantes poderosos das nossas forças espirituais, tão importantes para a manutenção de nosso bem-estar.


8. Cuide do seu coração e da sua mente
Os males, em última instância, procedem do coração e da mente. Dessa forma, de que vale buscar avidamente tratamentos físicos se continuamos rebeldes, desanimados, tristonhos, encolerizados, insatisfeitos com tudo e com todos, maledicentes, orgulhosos, intolerantes, desesperados, doentemente apegados aos bens materiais provisoriamente em nossa precária posse...? O desânimo, por exemplo, é atitude anestesiante dos sentidos, destruindo pouco a pouco as nossas energias, possuindo o poder de nos conduzir ao suicídio inconsciente. A rebeldia e a intolerância geram vibrações perturbadoras e, se produzidas com constância e intensidade, adoecem qualquer organismo. A maledicência poderá provocar desarmonias no aparelho fonador, tais como o câncer laríngeo ou até o lábio leporino em próximas etapas de aprendizado na Terra. A tristeza e a melancolia possuem efeito maléfico, com a capacidade de impedir o progresso do Espírito. É imperioso sanear o nosso mundo mental com pensamentos de alegria, gratidão, esperança, tranquilidade, tolerância, brandura e submissão aos desígnios de Deus. O último, se traduz pela aceitação das doenças, após termos envidado todos os esforços lícitos para sanar os desajustes do nosso implemento material.


9. Faça por merecer
Em qualquer processo de desajuste material consideremos, para seu término, o indispensável merecimento. Foi este elemento que permitiu a Jesus promover algumas curas aparentemente milagrosas. Tome-se como exemplo, a cura da mulher hemorroíssa. Além do alívio prometido, o Médico das almas, em situações particulares, podia fazer por terminar um processo de doença, pois a etapa de aprendizado do doente havia atingido o seu término. Além disso, para bem entendermos essas curas, é oportuno lembrar que alguns que receberam essa chamada graça, foram eunucos que se fizeram de eunucos para que houvesse o maravilhoso desfecho. Ou seja, foram Espíritos que solicitaram as doenças, como um dos cegos curados por Jesus, reencarnando sem a possibilidade da visão, não por terem algum resgate a realizar, mas como demonstração de fé e compromisso com a missão do Cristo. Aguardaram pacientemente a chegada do Mestre para dar fim ao seu testemunho, dessa forma, fortalecendo a fé dos que tiveram o privilégio de assistir tal fenômeno, previsto nas leis naturais de Deus.

10. Seja paciente e ore com fervor
Podemos evoluir na saúde e mesmo na doença por meio da paciência, que nos permite refletir sobre as razões de termos sido procurados pelas moléstias. Enfrentemos os nossos sofrimentos com nobreza, sempre atentos à farmacopeia dos Céus ao nosso alcance. Jamais deixemos de orar, por nós mesmos e pelo próximo. Ao orarmos, lembremos de que se não há injustiças, devemos merecer esta doença, há que existir um justa causa. Assim, devemos nos submeter sem queixas a esses sempre sábios desígnios, pois o sofrimento que agora experimentamos só pode ter por fim o nosso bem. Ao orar por outros doentes peçamos que a Divindade lhes inspire a paciência, a resignação e a submissão às determinações divinas. Em ambos os casos, se não aceitarmos essas provas, blasfemando e nos rebelando contra Deus, a prova perderá seu objetivo e, além de não acontecer o seu fim, em futuro próximo, a mesma provação nos procurará.

 

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Fonte: texto enviado pelo autor

 

 

 

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