"E, no entanto, ela se move!" Galileu-Galilei
- esta frase foi dita por Galileu
após ter sido obrigado pelo Tribunal do Santo Ofício
(Inquisição) - que o estava julgando, entre outras
acusações, pela sua afirmação, baseada
em Nicolau Copérnico e em suas próprias observações
científicas, de que a Terra não é o centro
do universo - a renegar suas descobertas.
"Não compreendo como o Padre Oscar González-Quevedo
pode permitir-se este julgamento [de fraude, no que se refere
ao fenômenos dos desenhos de rostos que se plasmavam na
cozinha de uma casa no povoado de Belmez de la Moraleda, em Jaén,
Espanha, confirmado por várias testemunhas e objeto de
intensa pesquisa científica, fotos e gravações
que não demonstraram quaisquer indícios de fraude],
porque ele jamais esteve em Belmez. Eu nunca o encontrei em nenhum
congresso de Parapsicologia, nem na Europa nem nos Estados Unidos,
e assim não posso fazer nenhuma idéia da atitude
do Pe. Quevedo para formular tal julgamento a priori. Os rostos
de Belmez são o que se chama de teleplastia espontânea.
Se o padre González-Quevedo continuar com a hipótese
de fraude, que demonstre isto de forma contundente. Mas isso ele
não pode demonstrar. Em vista disto, parece-me correto
que, de agora em diante, ele se contenha em seus julgamentos".
r. Hans Bender, do Institut für
Grenzgebiete der Psychologie und Psychohygiene, Friburgo, Alemanha
"Quanto maior a ignorância, maior será o dogmatismo."
William Ostler
"Além disso, Rueda em um artigo recente no Journal
of Parapsychology, faz o importante assinalamento de que Quevedo
"tem usado a Parapsicologia como uma arma ideológica
em uma briga para marcar sua perspectiva conceitual particular…
De fato, para atingir suas metas, o Pe.Quevedo tem distorcido
a Parapsicologia em seus livros, querendo, a maior parte do tempo,
acomodar dogmas católicos à sua conveniência"(p.183).
Ainda que seja certo que a ideologia permeie toda atividade científica
(Longino, 1990), no caso de Quevedo esta toma uma primazia quase
absoluta, ficando marcadamente afastado em suas obras o espírito
crítico, a falibilidade e a tolerância que deve caracterizar
o esforço de toda pessoa que valorize a atividade científica
(Karl Popper, 1962). Em vez disso, no Pe.Quevedo encontramos o
tratadista escolástico, que crê que a crítica
e o trabalho de cadeira são suficientes para modelar uma
determinada disciplina".
Alfonso Martinez-Taboas, Parapsicólogo
associado ao Parapsychology Foundation (PF), de Nova Iorque.
"Não há limitação legal para
quem se denomine parapsicólogo. Reservo o termo para aqueles
que têm treinamento científico ou acadêmico
e têm contribuído para a literatura científica
e acadêmica sobre o tema. Quase todas essas pessoas são
membros da Parapsychological Association. Eu nunca ouvi falar
do Pe.Oscar Gonzales Quevedo e ele não está na lista
de membros da Parapsychological Association."
Charles Tart, psicólogo transpessoal,
pesquisador, teórico e uma das mais conhecidas autoridades
do mundo sobre Estados Alterados de Consciência, em carta
ao parapsicólogo Wellington Zangari, membro-diretor do
Portal Psi, Centro de Estudos Peirceanos do Programa de Comunicação
e Semiótica da PUC, São Paulo.
Eis que lá vem ele...
Aos poucos sua silhueta vai se deixando formar por entre a penumbra
e a névoa artificial, feita pela fumaça de gelo seco,
em um cenário que lembra os corredores que levam ao salão
de torturas de um castelo medieval...
Quem será este que vem de negro,
ao som de uma música misteriosa, fazendo aguçar atenção
dos telespectadores de forma tão explicitamente calculada,
para criar um clima artificial de mistério, como se diante
de nós estivesse a se materializar um antigo monge medieval
atualizado, porém, por um moderno (?) blusão de couro
igualmente negro, e tendo no rosto o riso de quem se julga dententor
dos segredos de "conhecimentos ocultos"?
Segundo a emissora de TV que o contratou para tomar
o lugar de um famoso mágico mascarado - aliás, melhor
seria dizer que a dita emissora tornou famoso - trate-se de um padre
que é (ou melhor, se diz) "autoridade" em parapsicologia,
prolífico escritor e inequivocamente detentor de extraordinários
dotes intelectuais . Mas faltou à compentente emissora expor
que o mesmo padre, porém, não é reconhecido
como tal estrela de primeira grandeza por vários outros parapsicólogos
e instituições sérias ligadas a área
no Brasil e no exterior.
Implicitamente, o mais novo polemista das noites
de domingo é apresentado como "o maior parapsicólogo
do Brasil", mas, além do que diz ele de si mesmo o "Caçador
de Enígmas" e seus discípulos, não sabemos
quais foram os referenciais e critérios de comparação,
já que não vemos nehum debate realmente aprofundado
entre o dito contratado e outros parapsicólogos nacionais
ou estrangeiros. Entre estes, como vimos na epígrafe a este
texto, mais acima, temos opiniões contrárias de Hans
Bander, da Alemanha, Charles Tart, dos EUA, e do Sr. Matinez-Taboas,
de Porto Rico, que cita igualmente outros autores-pesquisadores
estrangeiros (ver o artigo Uma
Revisão Crítica dos Livros do Padre Quevedo, do
citado autor, encontrado Portal Psi da PUC, São Paulo). Na
verdade, a lista de nobres acadêmicos que criticam o pretenso
auto-intitulado parapsicólogo seria ainda maior, como iremos
ver. Mas vamos por partes.
A nível de pesquisadores nacionais, o breve
confronto que houve entre o tão enfaticamente auto-intitulado
parapsicólogo jesuíta e o Professor e pequisador Clóvis
Nunes sobre a Transcomunicação
Instrumental, pi fenômeno de gavração de
imagens e vozes atribuidas a pessoas mortas (também conhecido
como E.V.P - Electronic Voice Phenomena, ou F. V. E., Fenômeno
das Vozes Eletrônicas de ruído branco) apesar da edição
tendente ao lado do Sr. "Caçador de Enigmas", deixou
a impressão de ser inconcludente.
Este "debate", apresentado no dia 23 de
janeiro de 2000, foi truncado na montagem da edição
levada ao ar, e, apesar das interessantes imagens apresentadas,
inclusive expondo pesquisadores e técnicos internacionais,
entre os quais se encontram outros sacerdotes católicos,
como o Padre Fraçois Brune, o processo de edição
miniaturização das matérias deixou no ar um
monte de dúvidas, em especial no que tange à resposta,
à guisa de explicação, dado pelo "Caçador
de Enígmas" - e vimos que a parte do Sr. Padre Quevedo
foi gravada por fora do local onde o encontro com Clóvis
Nunes foi realizado... por quê?
A hipótese de ação do inconsciente
enquanto agente da ação do fenômeno não
foi apresentada como tal, ou seja, como uma hipótese, um
modelo explicativo sujeito à confirmação ou
não, portanto se prestando ao debate e ao confronto construtivo
com outras hipóteses verossímeis, que é o teste
de falibilidade necessário à lógica da pesquisa
científica, como bem defendeu Karl Popper. Ao menos faltou
ao ilustre e inteligente interlocutor católico apresentar
evidências e pesquisas que apontassem indícios firmes
para a questão, para ele indiscutível, de que as imagens
gravadas por meios eletrônicos obitdas por técnicos
e cientistas em rigorosas experimentações eram frutos
de uma "ideoplastia" ou "escotografia" da ação
do inconsciente.
Mas Quevedo é conhecido - como vimos pelas
citações dos Srs Drs. Martinez-Tabos e Charles Tart
- por jamais produzir qualquer pesquisa experimental séria,
mas em se apropriar e manipular a de outros (veja maiores detalhes
mais adiante). Mas, ao contrário disto, a - para ele Lei
da - "escotografia" inconsciente (faltou dizer como isso
se dá, e porque é preciso que a fita magnética
de vídeo tenha de correr em equipamentos eletrônicos
de gravação para que a imagem seja registrada, quando
a "escotografia", ou seja, a hipótese da impressão
mental em meios físicos de registro, poderia simplesmente
agir sobre a própria fita) foi apresentada como uma certeza
do tipo "Dogma", sobre o qual que não há
possibilidade de contestação (o que, na verdade, é
o que mais há, como veremos mais adiante). E dogma é
algo que a ciência não pode admitir, pois impossibilita
qualquer confronto sério de argumentos, sendo, portanto,
imposto como uma verdade estabelecida.
Por conta de Dogmas rígidos, impostos, em
especial de cunho religioso (mas também os há em outras
áreas, impostos algo ditatorialmente), a história
científica registra uma corrente de assassinatos institucionalizados,
até mesmo racionalizados, de pessoas inocentes que apenas
"ousaram" pensar de modo diferente do establishment Igreja/Estado
(ex. Giordano Bruno, Galileu-Galilei, a paraibana Branca Dias e,
bem mais recentemente, no século XX, assassinando "apenas"
moralmente, o antropólogo jesuíta francês Pierre
Teilhard de Chardin e o teólogo brasileiro Leonardo Boff).
De qualquer modo, nas imagens do "debate" que foram ao
ar, sem que tenham sido feitas edições pró-contratado,
ficou bem visível o semblante de deboche do ilustre sacerdote
parapsicólogo por todo o tempo em que seu interlocutor explicava
a técnica de registro de sons e imagens paranormais. O padre,
enfim, parece, em seu programa, que "possui a chave" que
desvenda os enígmas do "desconhecido" - ou ao menos
é nisso que ele crê (a íntegra do debate entre
"O Caçador de Enigmas" e Nunes, porém, foi
gravada pela Globo e pode ser obtida com o professor Nunes, cujo
e-mail é: paz@gd.com.br. Neste vídeo vemos que o Sr.
Sacerdote "Parapsicólogo" fica a tal ponto em dificuldades
para manter seus argumentos, que tenta acabar o debate várias
vezes, incluisive com seu habitual ponto final: "Não
discuto com fanático!").
Isso é fazer arrogante pouco caso de pesquisas
sérias levadas à cabo com sábios das mais diversas
áreas que confirmaram a existência autêntica
de fenômenos metapsíquics e paranormais sem afirmar,
contudo, que estejamos sequer perto de entende-los dentro da visão
de mundo que a ciência de hoje nos dá, quanto mais
de imputá-los à pecha de fraudulentos em sua totalidade,
ou frutos do inconsciente (palavra mágica que aparenta explicar
não explicando, de fato, nada). Citemos o Prêmio Nobel
Charles Richet, os Físicos Sir William Crookes e Oliver Lodge,
o astrônomo Luigi Schiapareli e, mais atualmente, o parapsicólogo
Karlis Osis, o Professor Ian Stevenson, o Dr. Stanley Krippner,
o Dr. Pierre Weil, dentre inúmeros outros.
Para dar um exemplo, na década de 70 do século
XIX, um extraordinário cientista britânico, chamado
William Crookes, mas tarde agraciado com o título de Sir
e de Cavaleiro do Império Britânico, por suas muitas
contribuições à ciência (dentre as quais
a descoberta do elemento químico tálio e do quarto
estado da matério, estado radiante ou guza, dentre inúmeras
outras descobertas e contribuições)fez uma série
de experiências com grandes médiuns, mas suas mais
famosas pesquisas foram com o fenômeno de materializações
de espíritos, em especial a do Espírito de Katie King,
pela médium Florence Cook, que foi fotografado mais de quarenta
vezes e examinado por Crookes na presença de vários
cientistas, em seu próprio laboratório de físico-química.
Tem uma das fotos de Crookes do espírito materializado Katie
King, ao lado do médico Dr. James Gully . A foto foi tirada
em presença do então presidente da Royal Society of
Sciences, Sir William Huggins. Mas o Sr. Padre Quevedo insiste que
Crookes foi enganado pela médium (ele e todos os demais cientistas
que estudaram este fenômeno! E olhe que o Sr. Padre Quevedo
o que mais faz é tomar emprestado a pesquisa de outros para
manipulá-las, como já monstramos nas epígrafes
inciais deste artigo e vamos demonstrar ainda mais adiante). Tudo
não passando de fraude, mistificação.
No volume 2 de seu pseudo-tratado "As Forças
Físicas da Mente" - que, por sinal, diz ser na contracapa
considerado pela Fundação Internacional de Parapsicologia
de Nova York como dos melhores livros de Parapsicologia do mundo,
afirmação desmentida categoricamente pela mesma fundação,
como se pode ver no artigo do Prf. Wellington Zangari Pe. Quevedo:
Os Melhores Livros de Parapsicologia do Mundo? (e Quevedo não
faz parte dos pesquisadores desta associação!) -,
que vários autores, inclusive o Sr.Alfonso Martinez-Taboas,
membro real da International Parapsychological Foudation, e outros,
citados em seu excelente artigo "Uma Revisão Crítica
dos Livros do Pe. Quevedo", demonstra como esta obra é
plena de manipulações, sofismas e erros. Quevedo tenta
distinguir materializações (que para ele, não
existem) de fantasmogênese, ou seja, uma projeção
mental (puxa! como é poderosa a mente quevediana!). Tenta
incutir na cabeça da gente (e ele fez algum experimento de
laboratório como Crookes, Richet, Schrenk-Notzing e Geley
fizeram?) pra dizer que as ditas materializações eram
fantasmogêneses do inconsciente ou pura fraude. Aliás,
só fraude no caso de Crookes com uma possível tranfiguração
da médium que se passava pelo espírito Katie King.
Pois bem, Charles Richet, o grande Charles Richet,
Prêmio Nobel de Fisiologia e pai da Metapsíquica e
que trabalhou bastante para demonstrar a autenticidade dos fenômenos
paranormais extraordinários, como o das materializações,
embora tivesse cautela em aceitar a hipótese espirítica
ou a do "inconsciente maravilha", tendo justamente a maior
parte do tempo apenas se esforçado a demonstrar a realidade
objetiva dos fatos e nossa grande ignorância sobre a profunda
realidade que nos cerca, diz textualmente em seu livro "A Grande
Esperança", algo que nos parece dirigido ao sabichões
pseudo-sábios como o Sr. Oscar Quevedo (padre licenciado
em Humanidades e Psicologia - portanto, não podendo clinicar
nem psicopatoligizar ninguém, pois para tanto ele deveria
ter FORMAÇÃO em Psicologia, e não licenciatura
- que é para o ensino):
"Para assegurar que há fatos anormais,
maravilhosos sob o ponto de vista da ciência atual, invocarei
em primeiro lugar o argumento de autoridade. Em favor da nova
ciência (a Metapsíquica), há de um lado certos
sábios e de outro certo público.
"Em primeiro lugar falarei dos sábios.
"É facílimo dizer que se enganaram
ou foram enganados. É uma objeção que está
a altura do primeiro sabichão que aparece. Quando o grande
William Crookes relata ter visto, em seu laboratório, Katie
King, fantasma capaz de se mover, de respirar ao lado de sua médium,
Florence Cook, o dito sabichão pode erguer os ombros e
dizer: "É impossível. O bom senso faz-me afirmar
que Crookes foi vítima de uma ilusão, Crookes é
um imbecil". Mas este pobre sabichão não descobriu
nem a matéria radiante, o tálio, nem as ampolas
que transmitem as luz elétrica. E assim, minha escolha
está feita. Se o sabichão disser que Crookes é
um farsante ou um louco, serei eu quem sacudirá os ombros.
E pouco importa que rebocados pelo sabichão, uma multidão
de jornalistas - que nada viram, nem nada aprofundaram, nem nada
estudaram - diga que a opinião de Crookes de nada vale.
Não me admirarei.
"Se Crookes ainda estivesse só!
Mas não! Há uma nobre plêiade de sábios
(e grandes sábios) que presenciaram esses fenômenos
extraordinários. Em lugar de fazer essa simples suposição
que eles presenciaram o inabitual, poderei considerá-los
cretinos e mentirosos?" (RICHET, 1999, p. 77).
Mais adiante o grande Richet continua:
"Um primeiro fato é evidente: é
que todas as vezes que um sábio (um sábio de fato)
assentiu em estudar de maneira aprofundada esses fenômenos,
chamado outrora de ocultos, adquiriu a convicção
da existência desses fenômenos. Na história
da Metapsíquica, não conheço somente um caso,
não somente um, de um observador consciencioso que, após
dois anos de estudos, tenha concluído por uma negativa"
(RICHET, op. cit, p. 79).
O Próprio Richet não só controlou
experimentos rigorosos de materialização, como fotografou
vários espíritos, como o de Bien Boa, visto ao lado,
por intermédio das forças psíquicas da médium
Eva Carrière (Marthe Béraud).
Mas o Sr. "Caçador de Engimas",
com a humildade que lhe é peculiar, não só
diz que Crookes foi enganado ou, no mínimo, interpretou mal
o caso, como todas as pessoas que tenham capacidades paranormais
são doentes que precisam ser curados! Retoma uma concepção
de Pierre Janet que já caiu por terra, derrubado pelo próprio
fisiologista Richet, por Osty, Geley e outros reais estudiosos dos
fenômenos paranormais qualitativos. Mas, se é doença
quem o afirma a gora? E devem ser "curados" logo por quem?
Pelo licenciado, portanto, proibido de exercer a psicoterapia Padre
Quevedo?
Vejamos o que a este respeito nos fala o neuropsiquiatra
Dr. James Cerviño:
Os que realmente estudaram os fenômenos
mediúnicos não se iludiram com as ousadas extrapolações
de Janet. “Falou-se muito em histeria”, diz Charles
Richet, “mas convém notar que a histeria não
é uma condição favorável” (referia-se
à produção de fenômenos metapsíquicos),
“a não ser para dar uma desmedida extensão
a esta forma mórbida”. E sobre os médiuns:
“Em todo caso nego-me, em absoluto, a considera-los doentes,
como está bastante disposto a fazer Pierre Janet”
(Traité de Métapsychique). Maxwell, Osty, Myers
e outros metapsiquistas eminentes pronunciam-se no mesmo sentido.
Foram, inclusive, apontados os elementos para o diagnóstico
diferencial entre o transe mediúnico e os estados doentios
que se lhe assemelham (CERVIÑO, 1996,
pp. 42-43).
Aliás, já vimos que o Dr. Charles
Tart - real pesquisador - desmente Quevedo exatamente neste ponto.
Igualmente o faz o Dr. Alberto Lyra (LYRA,
1990).
Neste sentido, é útil a observação
dos parapsicólogos franceses Hubert Larcher e Patrick Ravignat
que destacam o fato de que alguns auto-intitulados "parapsicólogos"
nada mais são que proselitistas travestidos de pesquisadores
que na verdade acabam mesmo por prejudicar a ainda incipiente e,
academicamente, pouco aceita parapsicologia. De fato, o termos "parapsicologia"
e "paranormal" estão tão desgastados pelo
imenso uso de aproveitadores, que os pesquisadores sérios
preferem os termos "estudo psi" e "fenômenos
psi".
Observam Larcher e Ravignat:
"Os detratores são de duas espécies:
há os que, negando ferozmente a realidade dos fenômenos
que ela (a Parapsicologia) se propõe estudar, reduzem a
parapsicologia à psicologia pura e simples: mentira, burla,
farsa. Pondo deliberadamente de parte inúmeras experiências
positivas para se cingir aos casos de fraude flagrante, esses
capeões do racionalismo têm na ocorrência uma
atitude muito pouco racional e teimam em só ver truques,
ou quando muito, coincidências, nas resultados mais significativos.
"A segunda categoria de adversários
é mais sutil. Na ótica destes, a parapsicologia
na passaria de uma secção, de um arrebalde da psicopatologia.
Só admitem a existência de determinados fatos na
medida em que figurem entre os efeitos e sintomas de crises, de
perturbações nervosas e mentais: o paranormal não
seria separável do anormal. Em suma, suprimem os laboratórios
de parapsicologia aumentando ligeiramente o gabinete dos neuropsiquiatras.
"A verdade é
que, embora se trate de disciplinas conexas, embora o estado de
crise possa por vezes servir de suporte, de catalisador ao desencadear
de um processo do foro do parapsicólogo, os dois domínios
nunca se confundem; o doente sob vigilância médica
oferece sem dúvida com mais freqüência a oportunidade
de se observar premonições ou transmissões
de pensamento que o bom pai de família no pleno goso do
seu esquilíbrio, porque este último, com receio
de provocar a chacota ou de se ver TRATADO DE 'MALUCO', tem normalmente
tendência para dissimular os fenômenos que nos interessam"
(LARCHER & RAVIGNAT, "Os Domínios da Parapsicologia",
Lisboa, Edições 70, pp. 70-71).
Provavelmente os parapsicólogos franceses
citados não conhecem o Pe. "Caçador de Enigmas",
mas suas palavras bem parecem ser dirigidas a ele, que usa exatamente
destes expedientes citados. Mas tal aparente paradoxo não
é atributo exclusivo da pesquisa em parapsicologia. Se constatarmos
que existem doutores em Economia que adotam teorias favoráveis
ao cruel sistema capitalista e vários outros de renome que
simpatizam com o Socialismo, o mesmo se dando em História
e Sociologia, e ainda lembrarmos que muitos Físicos ainda
acreditam que podem encontrar erros na teoria de Einstein e que
ainda torcem o nariz às conseqüências filosóficas
e epistemológicas do Princícpio da Incerteza, de Heisenberg,
e do Paradoxo de Schröndinger e do Princípio da Dualidade,
de Niels Bohr, vemos que o que se tem é o apego a sistemas
metafísicos teóricos dados mais por simpatia pessoal
que por aceitação implícita e lógica.
Devemos lembrar que exibir conhecimentos enciclopédicos
não impede o mal uso, parcialidade e distorções
destes. Joseph Mengele era médico e Phd em Filosofia, pianista,
educado e bem apessoado, mas isso não o impediu de ser um
carrasco Nazista. Tomás de Torquemada (1420-1498) era sacerdote
católico, portanto, oficalmente um seguidor de Cristo. Mas
apesar do Cristo muito ter ensinado que é por muito se amarem
que seriam reconhecidos seus discípulos, foi responsável
direto pela morte de milhares de vidas, como líder da Santa
Inquisição Espanhola.
Não custa nada recordar um fato ocorrido
no Anhembi, em São Paulo, em agosto de 1992, quando, no 1º
Encontro Brasileiro de Parapsicologia e Religião, Henrique
Rodrigues, Clóvis Nunes e o psicoterpeuta Ney Prieto Peres
puderam, à convite da própria Igreja, participar de
debates com o ilustre parapsicólogo jesuíta que, esperava-se,
iria calar de forma irrefutável estes ilustres conferencistas
e pesquisadores, que postulam a comunicação entre
vivos e "mortos" como uma possibilidade real. Esta é
uma teoria. Como tal, merece respeito e poderia mesmo ser complementar
à teoria do "inconsciente" como agente paranormal,
como os conceitos de onda e partícula são complementares
na Física Quântica.
Nunes discorreu sobre as pesquisas em Transcomunicação
Instrumental e os progressos nas pesquisas em psicotrônica;
o psicoterapeuta Prieto Peres discorreu sobre as pesquisas e efeitos
terapeuticos do processo de regressão de memória,
objeto de pesquisas intensas em universidades dos EUA e Europa,
onde nomes com Ian Stevenson, Hans Ten Dam, Morris Netherton, James
Fadiman e outros se destacam. Finalmente o professor Henrique (sobre
o qual falaremos mais adiante) apresentou vários slides sobre
um museu muito especial criado e mantido pela Igreja Católica
Romana, instalado na própria Roma, na rua Lungo Travere Pratti,
nº 12,nas dependências da Igreja do Sagrado Coração
do Sufrágio. Trata-se do Museu das Almas do Purgatório,
em que estão catalogados mais de 280 "provas",
nos dizeres da própria Igreja, das manifestações
das "almas" de mortos em igrejas, mosteiros, conventos,
do qual foram testemunhas padres, freitas, bispos e cardeais. Convém
lembrar que o nome original do museu, tal como concebido pelo seu
idealizador, Padre Jouet, era "Museu Cristão do Além-túmulo".
O ilustre padre "parapsicólogo",
que se manifestou, logicamente, como de se esperar, contrário
às colocações dos dois primeiros pesquisadores
supra citados, viu e ouviu detalhes das imagens, nomes, locais,
datas, impressões e narrativas dos que presenciaram os fenômenos
apresentados pelo professor Henrique e... silenciou! Pois, como
nos fala o professor Henrique Rodrigues, das duas uma: ou ele confirma
o fenômeno mediúnico [de contato entre vivos e "mortos"]
dentro da própria Igreja, ou teria de classificar os envolvidos,
como ele costuma fazer com os não-católicos que experienciaram
fenômenos análogos, de tolos, charlatães, fraudulentos
ou vítimas do próprio inconsciente. Mais ainda, o
respeitável parapsicólogo jesuíta católico
ainda teve de engolir em seco a declaração apresentada
pelo professor Henrique de um outro padre jesuíta, responsável
pelo controle do museu, que diz textualmente o seguinte: "A
Igreja condena a possibilidade de evocar os espíritos dos
defuntos mediante a prática dos médiuns. Aqui se trata
de outra coisa. São espíritos que espontaneamente
se manifestaram para pedir sufrágios e deixaram marcas de
sua passagem", o que derruba o mais divulgado dos dogmas do
Sr. "Caçador de Enigmas", qual seja, o da impossibilidade
de manifestação dos mortos em meio aos vivos.
( * * Atenção:
Este texto foi escrito em entre janeiro e março de 2000.
No segundo semestre de 2001, porém, mais precisamente no
dia 28 de outubro, o programa Fantástico da Rede Globo apresentou,
como "Reportagem de Capa", uma matéria de 16 minutos
sobre o "Museu das Almas do Purgatório", acima
citado. Prestar especial atenção, nesta reportagem,
às afirmações do teólogo franciscano
italiano Gino Concetti à reporter Ilze Sacamparine, afirmando
textualmente que “O espiritismo existe, há sinais na
Bíblia, na Sagrada Escritura, no Antigo Testamento. Mas não
é do modo fácil como as pessoas acreditam. Nós
não podemos chamar o espírito de Michelangelo, ou
de Rafael. Mas como existem provas na Sagrada Escritura, não
se pode negar que exista essa possibilidade de comunicação”,
e do especialista em Vaticano, Sandro Magister: “A Igreja
acredita que seja possível uma comunicação
entre este mundo e o outro mundo. A Igreja tem convicção
de que esta comunicação existe. A Igreja se sente
peregrina, porque vive na terra e possui uma pátria no céu”).
Então, as idéias
do Padre Quevedo são representativas das da Igreja?
Fosse realmente a emissora que o contratou mais
interessada na exposição clara e profunda de fatos,
e não no mero sensacionalismo para promover um novo contratado
e faturar alto com o aumento da audiência - que seria elevado
com qualquer que fosse o expositor de um tema sedutor como a parapsicologia
-, e poderíamos, quem sabe, repetir o debate entre o Professor
Henrique e o Padre Quevedo. Ao menos, se espera que ele aceite este
desafio e não use da mesma desculpa que usou na Argentina,
quando a televisão de Córdoba o chamou para um debate
com o mesmo Henrique Rodrigues ao qual não aceitou com o
pretexto do interlocutor ser um mero "espírita fanático"...
As gritantes distorções e usos que
o superstar midiático da "parapsicologia" por ele
defendida no Brasil faz de textos, ou mesmo a cômoda "invenção"
de frases de autores consagrados dos estudos da Psicologia e Parapsicologia
é patética. Este estilo anti-ético e infantilmente
agressivo também faz parte de seus discípulos, entre
os quais o mais histriônico e fanático parece ser o
Sr. Luiz Roberto Turatti (veja o texto Padre Quevedo, Luiz Roberto
Turatti, Pretensos Sábios, Ridículos Polemistas para
se ter uma idéia disto, com observações dos
Srs. Eduardo Araia, da Revista Planeta, e do Psicólogo Wellington
Zangari, da PUC-SP). Para exemplificar, reproduzo, na íntegra,
um documento, que pode ser consultado no site da Revista Eletrônica
de Parapsicologia do Prof. Wellington Zangari, da PUC SP, que pode
ser acessada em http://www.pucsp.br/~cos puc/cepe/intercon/revista/polemica/tart.htm:
Psi X Psicopatologia: Dr. Tart Desmente Pe. Quevedo
Em maio de 2.000, a Revista Sexto-Sentido publicou
uma entrevista realizada com o Pe. Quevedo. Meses mais tarde,
o site "Oficial do Pe.Quevedo" (http://www.catolicanet.com/clap/entrevista.asp),
levou ao ar uma coletânea de entrevistas concedidas pelo
padre, dentre as quais a publicada pela Sexto-Sentido.
Em uma de suas respostas, o Pe. Quevedo, para
oferecer argumentos a favor da teoria psicopatológica de
psi, mencionou pesquisas realizadas pelo conhecido psicólogo
e pesquisador de psi americano, Dr. Charles T. Tart (http://www.paradigm-sys.com//cttart/).
Após tomarmos conhecimento do teor dessa entrevista, entramos
em contato com o Dr. Tart para esclarecer o assunto, uma vez que
não conhecíamos tais estudos pela literatura especializada
publicada. Abaixo, reproduzimos o trecho da entrevista em que
Quevedo responde à pergunta feita sobre psi e psicopatologia
pelo jornalista e editor da revista, Gilberto Schoereder. Reproduzimos,
ainda, a mensagem que nos foi enviada pelo Dr. Tart (original
em inglês e tradução) em resposta à
nossa solicitação de esclarecimento.
Gilberto Schoereder (Revista
Sexto Sentido) [pergunta
29 no site oficial de Quevedo]: O senhor costuma dizer
que as manifestações parapsicológicas não
devem ser fomentadas ou desenvolvidas, mas curadas. Esse posicionamento
não encontra respaldo em todas as teorias parapsicológicas
já desenvolvidas. Existem linhas de estudo, que inclusive
pensam o contrário: que as faculdades são uma evolução
natural do ser humano e devem ser estimuladas. O senhor não
acha perigoso tentar conter uma capacidade mental que pode ser
inerente ao ser humano?
Resposta do Pe. Quevedo:
O Congresso Internacional de Parapsicologia, realizado
na Europa em 1953, proibiu fomentar esses fenômenos. O Dr.
Tart comprovou que as brincadeiras com o baralho Zener, que se
faziam na Duke University, podem causar lesões cerebrais
que não se curam nunca. Cada vez que se fala de uma casa
mal-assombrada, de pirogênese, logo surge uma epidemia de
casos. Faríamos um mundo de loucos, de hipernervosos, porque
ninguém manifesta um fenômeno parapsicológico
em estado normal, só em estado alterado de consciência.
Telepatia, por exemplo, todo mundo tem alguma vez. Mas uma casa
mal-assombrada, uma levitação, uma transfiguração,
uma pirogênese, uma autocombustão, são desequilíbrios.
Plenamente normal, equilibrado, ninguém manifesta sequer
uma telepatia, que é o fenômeno mais vulgar. O estado
alterado poderá ser uma emoção, um sonho,
o barulho dos atabaques, que causa uma desritmia cerebral, ácido
lisérgico, peyote mexicano, cânhamo índico,
mescalina, contágio psíquico, morte aparente, uma
febre alta. Por outro lado, isso surge do inconsciente e o consciente
não reconhece como próprio. Assim, há a necessidade
de atribuir algo a alguém, e a pessoa pensa que tem poderes
divinos, de espíritos, exus, orixás, fadas, ondinas,
salamandras, larvas astrais, gênios, mahatmas; interpretações
delirantes que levam à dupla personalidade. Um instituto
que promete fomentar os fenômenos parapsicológicos
vai atrair muito, vai estar cheio de seguidores, mas não
é científico. Os fenômenos devem ser curados.
Mensagem original do Dr. Charles T. Tart, em
inglês:
Enviada em: Terça-feira, 8 de Agosto de 2000 01:08
Assunto: Re: Psi and Mental Problems!
Dear Wellington Zangari,
It is sometimes amazing to hear about things
I am supposed to have said....
(Wellington: >supposedly, a parapsychologist,
Pe.Oscar Gonzales Quevedo...)
There is no legal limitation on who may call
themselves a parapsychologist. I reserve the term for those
who have scientific and/or scholarly training and have contributed
to the scientific and scholarly literature on the subject. Almost
all such people are members of the Parapsychological Association.
I have never heard of Pe.Oscar Gonzales Quevedo and he is not
listed in the membership directory of the Parapsychological
Association.
(Wellington: > Quevedo said that experiments
are very dangerous to the subjects and that you, Dr. Tart, have
proved that this subjects could be serious damages in brain
and in their mental process to participating in experiments
with ESP cards!)
I've never said anything remotely like this
and no of no evidence at all to even suggest such damage, much
less prove it. The greatest danger to subject participating
in card guessing experiments is boredom...
I hope you can clear this up in your local media
and get more accurate reporting.
Sincerely,
Charley Tart
Tradução da mensagem do Dr. Tart:
Enviada em: Terça-feira, 8 de Agosto
de 2000 01:08
Assunto: Re: Psi e Problemas Mentais!
Caro Wellington Zangari,
Às vezes é inacreditável
saber das coisas que supostamente eu teria dito...
(Wellington: >Pe. Oscar Gonzales Quevedo,
supostamente um parapsicólogo...supposedly, a parapsychologist...)
Não há limitação
legal para quem se denomine parapsicólogo. Reservo o
termo para aqueles que têm treinamento científico
ou acadêmico e têm contribuído para a literatura
científica e acadêmica sobre o tema. Quase todas
essas pessoas são membros da Parapsychological Association.
Eu nunca ouvi falar do Pe.Oscar Gonzales Quevedo e ele não
está na lista de membros da Parapsychological Association.
(Wellington: > Quevedo disse que os experimentos
são muito perigosos para os sujeitos e que você,
Dr. Tart, provou que esses sujeitos poderiam ter sérios
problemas cerebrais e em seus processos mentais por participarem
em experimentos com as cartas ESP!)
Eu nunca disse algo nem remotamente parecido
com isso e não há qualquer evidência que
sequer sugira tais problemas, muito menos que os tivesse provado.
O maior perigo para o sujeito que participa nos experimentos
com a escolha de cartas é a chateação...
Eu desejo que você possa esclarecer os
meios de comunicação locais oferecendo informações
mais precisas.
Sinceramente,
Charley Tart
Não publicaríamos os documentos
acima caso não tivéssemos alguma confirmação
de que Quevedo, de fato, teria dito o que foi publicado na revista
Sexto Sentido. Entretando, o site oficial do padre reproduz a
entrevista, o que, de certa forma, significa que Quevedo confirma
ter dito o que foi publicado. Participamos de um debate na televisão
cerca de um mês após a publicação do
referido número da revista Sexto Sentido, com um dos membros
do centro que Quevedo dirige, o psiquiatra Dr. Vitor Arfinengo,
que defendia na entrevista os "perigos" da pesquisa
experimental de psi. Durante a entrevista apresentamos a posição
do Dr. Tart e entregamos a mensagem dele ao Dr. Vitor. Recomendamos
que uma cópia desta fosse entregue ao Pe. Quevedo. Em conversa
telefônica posterior, o Dr. Vitor disse ter entregue a mensagem
a Quevedo. Ainda assim o site oficial do Pe. Quevedo permanece
com a entrevista no ar.
O Portal Psi, está aberto à publicação
de qualquer manifestação do Pe. Quevedo a respeito
do caso.
Há muitos outros aspectos da mesma entrevista
(e de outras) de Quevedo que mereceriam comentários e documentações
complementares. Isso será objeto de novos textos que serão
publicados nas próximas atualizações do Portal
Psi.
Wellington Zangari
Coordenador / Inter Psi, CEPE, COS, PUC-SP
Editor / Portal Psi
Sr. "Caçador de Enígmas"
parece não levar muito à sério outros centros
de pesquisas, não parece muito simpático ao trabalho
de outros e faz vista grossa aos estudos da Universidade Federal
de Minas sobre estados de consciência, inciados com Pierre
Weil, atual reitor da Universidade Holística Internacional
de Brasília - UNIPAZ, e assessor da UNESCO em um trabalho
sobre Educação para a Paz (veja
aqui um texto do Prof. Pierre Weil em que ele fala da Parapsicologia
e de suas próprias pesquisas em Transcomunicação
Instrumental e com materializações tendo por colaborador
nada mais nada menos que o famoso neuropesquisador Dr. Stanley Krippner),
ou estudos de vários outros centros de pesquisas internacionais
cujas conclusões NÃO são idênticas às
suas, como, por exemplo, a pesquisa da Associação
Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal sobre as comunicações
mediúnicas, que demonstram as ocorrências de transformações
fisiológicas nos médiuns durante o transe, fora estudos
similares sobre estados alterados de pessoas místicas, como
os dos meninos de Medjugore, feitos por vários pesquisadores
do mundo. Desta forma, nomes como o do Dr. Ian Stevenson, da Universidade
de de Virgínia, EUA, com sua pesquisa sobre casos sugestivos
de Reencarnação, e o do Dr. Karlis Osis, sobre Near
Death Experiences (falaremos sobre elas mais adiante) sequer são
discutidas. Isso sem falar das várias pesquisas em Psicologia
Transpessoal levadas a cabo por vários centros de pesquisa
pelo mundo, e os estudos em Psicobiofísica da USP em convênio
com o IBPP que formou a primeira turma em Psicobiofísica
em 1997, para ficarmos, por hora, em apenas em alguns exemplos.
Quevedo fala de "provas científicas"
de alguns dos fenômenos extraordinários ocorridos na
Igreja, mas não diz em que periódicos científicos
e não-católicos estão tais provas e deixa de
fora qualquer possibilidade de que outros eventos não ordinários
que possam ter ocorrido fora dos meios católicos ou, se ocorrem,
são provavelmente, na melhor das hipóteses, quando
não produtos do já surrado "inconsciente maravilha",
ocorrências muito suspeitas, para não dizer fraudes.
Esta parcialidade, infelizmente, é uma constante em boa parte
dos que se dedicam ao estudo da parapsicologia. Porém, a
questão da "prova" é um ponto extremamente
controvertido nesta área, e existe cristalização
de posturas, do extremo cepticismo à extrema credulidade.
Ademais, partindo da existência positiva dos fenômenos,
o problema vem se dando nas hipóteses relativas à
causação dos mesmos, e estas sempre estão atreladas
à visão de mundo que cada teórico assume.
A epistemologia científica moderna pós-Einstein
e pós-Thomas Kuhn confirma, ao menos no nível da Física
Contemporânea, inteiramente esta afirmação.
Einstein mesmo chegou a dizer que "nunca podemos 'provar' uma
teoria. O que podemos fazer é demonstrar que ela faz sentido"
e Heisernberg chegou a afirmar que "todas as concepções
teóricas da Física nada mais são que modelos
que, mais que descreverem a matéria, descrevem a lógica
da mente que os criou". Se isso ao nível da Física,
o modelo maior de ciência, é assim, que dizer de uma
"ciência" tão controvertida quanto a Parapsicologia?
Além do mais, nem tudo o que "existe" pode ser
provado nos referenciais mecanicistas. Quem pode provar o que sonhou
na noite anterior? Quem mediu o consciente e o inconsciente?
Vejamos o que a este respeito nos fala o Prof.
Hernani Guimarães Andrade, em seu livro Parapsicologia -
Uma visão panorâmica:
Muitas pessoas ao tomarem contato com os
relatos [o autor se refere aos estudos de casos coletos pelo Dr.
Ian Stevenson (3.000 casos coletados em cerca de 40 anos de pesquisas),
pelo Prof. Hemendra Banerjee e do próprio Prof. Hernani
Guimarães Andrade (em torno de 80 casos coletados no Brasil),
entre outros, sobre relatos espontâneos de crianças
que sugerem reencarnação], estranham a expressão
"sugerem", usada para categorizar tais fatos. Não
são eles uma "prova" irrecusável da reencarnação?
De fato, para aqueles que presenciam e investigam diretamente
o comportamento dessas crianças, tais eventos mais do que
sugerem, trata-se de legítimas ocorrências de reencarnação.
Eles têm a força de uma prova do renascimento.
Entretanto, quando se trata de fornecer
a "prova" científica de uma hipótese,
esbarra-se com um número apreciável de outras hipóteses
que também poderiam explicar o fato investigado. É
preciso, então, fazer uma espécie de depuração
das circunstâncias que rodearam o caso, a fim de ter-se
base para o julgamento da hipótese mais provável,
capaz de explicar o fenômeno. Por esta razão, raramente
usa-se afirmar, quando em nível científico, que
se tem a "prova" para uma dada hipótese explicativa
para um determinado fato veridicado [a não ser em alguns
comportamentos dogmáticos]. Diz-se, normalmente, que se
têm "evidências" de apoio para uma referida
hipótese. Em outros termos, declara-se que o caso sugere
esta ou aquela explicação. Reconhecemos que tal
procedimento pode, até certo ponto, assemelhar-se a uma
espécie de eufemismo. Mas, se quisermos ter audiência
no meio científico, não há outra forma de
apresentar nossas teses, a menos que tenhamos evidências
tão gritantes, que eqüivalam a autênticas provas.
Mas nem sempre aquilo que soa como prova para uns, tem a mesma
tonalidade para outros.
Quando a questão revela implicações
com a tese da existência e da sobrevivência do espírito
após a morte do corpo físico, as coisas se complicam.
Defronta-se com uma muralha de cepticismo
generalizado e até tradicional, pois há muito, a
grande maioria dos cultores da Ciência vêm procurando
demonstrar que o homem é um ser exclusivamente material;
o resultado feliz (ou infeliz) da evolução cega
da matéria apenas. Torna-se até elegante e aparentemente
característica de elevado nível cultural, ser rigidamente
céptico em relação à tese espiritualista
(...) Alguns indivíduos, néscios ou doutos, chegam
mesmo a exirmir-se da tarefa de examinar estudos sérios
que eventualmente tratem dessas questões, para eles "proibidas"
por uma ou outra razão. Repetem o comportamento dos conspíscuos
professores da Universidade de Pizza, diante de Galileu, que os
convidava a observar, por eles próprios, os satélites
de Júpiter, olhando-os através da luneta. Negaram-se
a aceitar o convite, baseados, além da Bíblia, na
autoridade de Aristóteles, pois este sábio "nunca
mencionara, em seus ensinamentos, a existência de tais satélites..."
Passados cerca de três séculos,
os satélites de Júpiter foram fotografados de perto
pelas sondas interplanetárias... E os sábios doutores
de Pizza já não mais estavam vivos para constatar
tais evidências que se transformaram em provas objetivas
reais.
Por isso, não deve ter-se pressa
ou ansiedade em convencer os cépticos, uma vez que o seu
cepticismo não altera a realidade dos fatos (Andrade,
2002, pp.310-312).
É interessante mesmo observar que nosso "parapsicólogo
sacerdote" não é sempre tão bem aceito
mesmo entre muitos de seus confrades religiosos, e ele mesmo já
teve de amargar algumas observações duras de seus
superiores há algum tempo atrás. Foi assim que, em
1982, ele causou uma polêmica dentro dos próprios corredores
da Igreja ao publicar seu livro Antes que os demônios voltem,
tendo sido proibido por seu superior hierárquico, Pe. João
Augusto MacDowell, de exercer temporariamente a atividade de parapsicólgo,
o mesmo fato se repetido em agosto de 1984, quando o CLAP (Centro
Latino Americado de Parapsicologia), órgão pretensamente
científico e que tem uma santa, a Virgem de Guadalupe, como
padroeira, instituição que foi fundada e é
dirigida por nosso parapsicólogo, teve suas atividades suspensas.
Aliás, é de se destacar que ele, diante
da posição assumida, ao menos aparenta coerência
ao ter sérias dúvidas ou mesmo não aceitar
como reais (como falou em um recente curso de parapsicologia realizado
em João Pessoa) algumas das aparições atribuídas
à Virgem ou a quem quer que seja (veja mais adiante suas
próprias palavras a este respeito), como as que ocorreram
em 1917 em Fátima, Portugal, e que são objeto de devoção
de inúmeros católicos. Na verdade, o parapsicólogo
teórico jesuíta não deve se sentir tão
à vontade ante o relato dos vários fenômenos
de aparições de que está cheio a história
da Igreja, pois, sendo autênticas, e nem sempre sendo atribuídas
à Virgem, ele tem de concordar que algo como um espírito,
nos termos como o entendem os espiritualistas, existe - ou seja,
algo que representa a existência de vida após a morte
e que pode se comunicar com os "vivos" (possibilidade
que ele negou veementemente no programa "Jô Soares 11
e Meia", quando ainda no SBT, para, paradoxalmente, aceitar
a existência, no homem do "espírito" no programa
do Fantástico, ao menos no que foi ao ar dia 12 de março
de 2000. Meio contraditório o posicionamento do "Caçador
de Enígmas).
O fenômeno das chamadas "aparições",
contudo, é universal, conforme um estudo sério de
antropologia e etnografia comprova na coleta de registros, relatos,
tradições e lendas, pois se encontra em praticamente
todas as culturas. A interpretação de quem os vivencia
sempre se apresenta com os traços e roupagens culturais onde
se manifestam (veja mais adiante o exemplo amplamente registrado
pela imprensa internacional do fenômeno de Zeitun, no Egito,
em 1968, desde, é claro, que se aceite como documento válido
amplas reportagens da imprensa sobre fenômenos "estranhos").
Assim, uma aparição pode ser atribuída à
Virgem, a uma Deusa hindu, a um espírito protetor, um anjo,
etc., simplesmente porque esta se dá a um nível de
percepção que é difícil de descrever
na linguagem ordinária, daí a ocorrência de
explicações religiosas para definir a quase indefinível
experiência mística, como o sabem os psicólogos
transpessoais.
Aliás, quanto à questão de
Fátima, de Lourdes, de Medjuguore e outras, é bom
que o "O Padre que não tem medo de assombração"
seja mais claro e aberto frente às câmeras, pois se
é submetido à hierarquia da Igreja, ele mesmo parece
questionar o que a própria Igreja admite ser verdade, como
neste trecho de entrevista que ele concedeu e se encontra no site
"O Inexplicável HP", com o link "Padre Quevedo
2":
"1- O Milagre de Fátima. - No início
do século passado, três crianças viram no
céu a imagem de Nossa Senhora, que teria revelado a eles
três segredos. O terceiro, nunca revelado pelo Papa seria
sobre o fim do mundo.
Pe. Quevedo: "Não há aparições!
Se Fátima fosse uma aparição, todo mundo
a veria. Francisco, uma das três crianças, não
ouviu nada e não era surdo. Isso é um ERRO de interpretação,
não são aparições, mas visões
ao gosto do consumidor. Há um fenômeno parapsicológico
chamado 'ideoplasmia', que é a idéia plasmada. Você
emite uma energia e a imagem aparece como uma foto, é uma
espécie de fotografia do pensamento"
E ai? Quem está certo? O Dizer oficial da
Igreja que reconhece a aparição e seus milhões
de crentes ou o Pe. Quevedo? Como uma instituição
que se diz, na voz de sua ala mais radical - como a do Cardel Joseph
Ratzinger, prefeito da antiga Inquisição, hoje chamada
de Congregação pada a Doutrina (ou Defesa) da Fé
-, a "única" realmente detentora da verdade pode
ser assim tão dividida? Se Fátima foi um erro e a
Igreja sabe disso, então ela manipula a fé das pessoas?
E já que o famoso padre se diz tão devoto da Virgem
de Guadalupe, como explicar que a referida imagem impressa em um
poncho (avental ou capa) tenha se dado, segundo a lenda, depois
de algumas "aparições" de Maria ao índio
Juan Diego em 1531, se "aparições" não
existem?