RESUMO
Segundo os dados do censo de 2000, realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pelotas
é a segunda cidade do Rio Grande do Sul com o maior número
de pessoas que se declara espírita. Enquanto a média
de espíritas do Estado é de 1,8% da população,
nessa cidade esse número sobe para 5,86% dos entrevistados.
Este trabalho procura compreender o que fez de Pelotas uma cidade
com tão expressivo número de pessoas que se identificam
como espíritas. Não se trata de uma pesquisa quantitativa
com vistas a comprovar se Pelotas de fato tem um número maior
de espíritas do que outras cidades do RS, mas sim de uma
investigação qualitativa através da qual se
buscou entender o processo de formação do Movimento
Espírita Pelotense e de uma identidade espírita na
cidade de Pelotas.
Nesse sentido, foi feita uma reconstituição histórica
desde o surgimento da doutrina espírita na França,
sua inserção na sociedade brasileira e sua penetração
em Pelotas durante o último quartel do século XIX,
buscando-se compreender como se constituiu um movimento espírita
na cidade e como se formou a identidade social das pessoas que se
identificam como espíritas.
Além de uma pesquisa com base em documentos e entrevistas
através da qual se procurou entender o processo histórico
de estruturação e desenvolvimento do Movimento Espírita
Pelotense, foi realizado também um trabalho de campo no qual
se buscou determinar os elementos constitutivos de uma identidade
espírita nessa cidade e de um ethos e ela associado, na perspectiva
de se explicar o que determinou essa associação de
uma parcela tão significativa da população
pelotense com o espiritismo.