09/12/2021
Pesquisadores brasileiros são premiados
em concurso mundial sobre vida após a morte
Por Eliana Haddad
![](../Img_Nots/img_2021/Alexandre_Caroli_premiacao.jpg)
Alexandre Caroli
Com um ensaio sobre a obra psicográfica de Chico
Xavier, os pesquisadores Alexandre Caroli Rocha, Marina
Weiler e Raphael Fernandes Casseb foram premiados no concurso
promovido por Robert Bigelow, magnata norte-americano, sobre as melhores
evidências que comprovariam a existência da vida após
a morte.
Nos últimos 30 anos, o empresário tem investido em pesquisas
sobre fenômenos paranormais, buscas por vida extraterrestre e
em projetos espaciais.
Para esse concurso, Bigelow destinou aproximadamente dois milhões
de dólares em prêmios. Os três primeiros lugares
ficaram, respectivamente, com Jeffrey Mishlove: “A sobrevivência
da consciência humana após a morte corporal permanente”;
Pim van Lommel: “A continuidade da consciência: um conceito
baseado em pesquisas científicas sobre experiências de
quase-morte durante parada cardíaca” e Leo Ruickbie: “O
fantasma na máquina do tempo”. No segundo grupo, foram
escolhidos mais onze ensaios, e houve também menções
honrosas a um terceiro grupo, com 15 ensaios.
Cerca de 1.300 pessoas se propuseram a participar, das quais pouco
mais de 200 foram aceitas, de acordo com critérios do concurso,
e enviaram ensaios. Havia concorrentes de 38 países. No final,
29 trabalhos foram premiados.
A comissão julgadora
O concurso demostrou que há uma grande variedade de fenômenos
que pesam em favor da sobrevivência da consciência humana
após a morte corporal. A comissão julgadora foi formada
por profissionais renomados: o psiquiatra Christopher C. Green, neurocientista
do Detroit Medical Center; Jeffrey J. Kripal, professor de filosofia
na Rice University; a jornalista investigativa Leslie Kean, autora do
livro Sobrevivendo à morte: um jornalista investiga evidências
para uma vida após a morte, obra em que foi baseada a série
Vida após a morte (Netflix); o escritor e psiquiatra
Brian Weiss (autor de Muitas vidas, muitos mestres); Jessica
Utts, professora de estatística da Universidade da Califórnia;
e o engenheiro Harold Puthoff, diretor do Institute for Advanced Studies
at Austin.
Análise de psicografias
Os três brasileiros apresentaram um ensaio sobre a psicografia
de Chico Xavier, intitulado A mediunidade como a melhor evidência
para a vida após a morte: Francisco Cândido Xavier, um
corvo branco, que foi premiado no segundo grupo. Foi o único
a centrar seus argumentos na análise de psicografias.
“Dividimos os livros do Chico Xavier em três
grupos: primeiro, aqueles que ele atribuiu a autores como Emmanuel e
André Luiz, nomes que não nos remetem a pessoas conhecidas;
segundo, os atribuídos a escritores bem identificados, com obra
publicada em vida, como Humberto de Campos, Olavo Bilac e dezenas de
outros; terceiro, os das cartas familiares, atribuídas a pessoas
bem identificadas, mas sem obra publicada em vida. Esses três
grupos têm diferentes estratégias para justificar suas
alegadas autorias. Levamos em conta os registros biográficos
do médium e a maneira como ele produzia os textos”, explica
Alexandre Caroli, doutor em teoria e história literária,
que desenvolveu na Unicamp trabalhos sobre livros do médium mineiro
(O
caso Humberto de Campos: autoria literária e mediunidade
e A
poesia transcendente de Parnaso de além-túmulo).
Para a neurocientista Marina Weiler, que reside atualmente
nos Estados Unidos, “a obra psicográfica de Chico Xavier
apresenta informações muito detalhadas e específicas
dos autores aos quais as obras são atribuídas, muitas
vezes de conhecimento apenas do falecido autor. No nosso ensaio, tentamos
mostrar exemplos dessas informações inacessíveis
a Chico Xavier para fortalecer a hipótese de uma existência
de vida após a morte”.
![](../Img_Nots/img_2021/Marina_Weiler.jpg)
Marina Weiler
Tema controverso para a ciência
Segundo Raphael Casseb, também neurocientista, “o concurso
permitiu chamar a atenção para um tema que é normalmente
ignorado na grande maioria dos centros de pesquisa. Ao promover o concurso,
o empresário americano ligou os holofotes sobre um tema controverso
para a ciência, mas de um interesse imensurável para a
sociedade, que é a continuidade (ou não) de alguma forma
da personalidade humana”.
Os autores acrescentam que a obra de Chico Xavier “fornece fenômenos
tão intrigantes que muitos cientistas preferem ignorar, porque
lhes causam desconforto. Entretanto, com esse ensaio, não pretendemos
achar provas definitivas de vida após a morte, tampouco achamos
que estamos lidando com uma verdade inquestionável. Nosso objetivo
foi convidar os leitores, principalmente os cientistas, a estudarem
o tema de mente aberta, uma vez que esses fenômenos desafiam as
visões tradicionais do meio acadêmico”.
Os prêmios foram entregues em cerimônia em Las Vegas, em
4 de dezembro, e os 29 ensaios foram reunidos em série especial
de livros, que serão doados internacionalmente para universidades
e hospitais, para que o tema seja divulgado de forma mais ampla.
O texto apresentado por eles está disponível
neste link - https://www.bigelowinstitute.org/Winning_Essays/Alexandre_Roch_et_al.pdf
* Corvo Branco é uma
expressão da filosofia contra o indutivismo, que obtém
conclusões gerais a partir de premissas individuais. Ou seja,
basta um corvo branco para falsificar a afirmação de que
todos os corvos são negros.
![](../Img_Nots/img_2021/Raphael_Casseb.jpg)
Raphael Casseb
Estão disponíveis on-line gratuitamente
os 29 textos premiados na competição de ensaios sobre
evidências científicas da sobrevivência da consciência
após a morte do corpo promovido pelo Bigelow Institute for Consciousness
Studies (BICS).
O concurso distribuiu US$1,8 milhões e recebeu
204 ensaios de pesquisadores de 38 países.
https://www.bigelowinstitute.org/contest_winners3.php
Acesso aos textos dos ensaios em:
www.bigelowinstitute.org/contest_winners3.php.