11/09/2021
Além de Darwin - Pesquisadores propõem
teoria das múltiplas origens da vida
Resumo do quadro teórico proposto
pelos pesquisadores para uma teoria das múltiplas origens da
vida.
Imagem: Christopher P. Kempes et al. - 10.1007/s00239-021-10016-2
Além de Darwin
A história da vida na Terra tem sido frequentemente comparada
a um revezamento de quatro bilhões de anos: Uma chama, acesa
no início da corrente, vai transmitindo vida da mesma forma até
o fim.
Mas, e se a vida for melhor compreendida na analogia do olho, um órgão
convergente que evoluiu de origens independentes? E se a vida evoluísse
não apenas uma, mas várias vezes de forma independente?
Esta é a nova teoria que está sendo proposta por Chris
Kempes e David Krakauer, do Instituto Santa Fé, nos EUA.
Indo além do darwinismo tradicional, a dupla argumenta que,
para reconhecer toda a gama de formas da vida, precisamos desenvolver
um novo quadro teórico.
A Origem [Múltipla] das Espécies
Em sua estrutura de três camadas, Kempes e Krakauer pedem aos
cientistas que considerem, primeiro, o espaço total de materiais
em que a vida poderia ser possível; segundo, as restrições
que limitam o universo de vida possível; e, terceiro, os processos
de otimização que dirigem a adaptação.
No geral, o novo quadro teórico considera a vida como uma informação
adaptativa, e adota a analogia da computação para capturar
os processos centrais da vida.
Em termos mais simples, emergem várias possibilidades significativas
quando consideramos a vida dentro da nova estrutura teórica.
A mais importante delas é que a vida se origina várias
vezes - algumas aparentes adaptações são na verdade
"uma nova forma de vida, não apenas uma adaptação",
explica Krakauer - e assume uma gama muito mais ampla de formas do que
as definições convencionais permitem.
Por exemplo, florestas, computação e até cultura
são todas formas de vida neste quadro. "A cultura humana
vive no material das mentes, da mesma forma que os organismos multicelulares
vivem no material dos organismos unicelulares," explica Kempes.
Definir a vida e construir coisas vivas
No quadro atual do darwinismo, quando os pesquisadores se concentram
nas características da vida de um único organismo, eles
frequentemente negligenciam até que ponto a vida desses organismos
depende de ecossistemas inteiros como seu material fundamental, e também
ignoram os modos como um sistema de vida pode ser mais ou menos vivo.
Na estrutura proposta, por outro lado, aparece outra implicação:
A vida se torna um continuum, em vez de um fenômeno binário,
vivo ou não-vivo. Esta não é uma ideia totalmente
nova, e os próprios autores citam uma variedade de esforços
recentes que colocam a vida, em termos quantitativos, em um espectro.
Ao adotar uma visão mais ampla dos princípios da vida,
Kempes e Krakauer afirmam ter a expectativa de gerar teorias mais férteis
para estudar a vida.
Com princípios mais claros para encontrar formas de vida, e
uma nova gama de formas de vida possíveis que emergem dos novos
princípios, não apenas vamos esclarecer o que é
a vida, explica Krakauer, mas também estaremos melhor equipados
"para construir aparelhos para encontrar vida", para criá-la
em laboratórios e para reconhecer em que grau algo que estejamos
vendo está vivo.
Bibliografia:
Artigo: The Multiple Paths to Multiple Life
Autores: Christopher P. Kempes, David C. Krakauer
Revista: Journal of Molecular Evolution
Vol.: 89, pages 415-426
DOI: 10.1007/s00239-021-10016-2