04/06/2021
Chip implantado no cérebro permite escrever
com o pensamento
Pesquisadores decodificam
padrões cerebrais da escrita à mão e os traduzem
em letras pela primeira vez
por Everton Lopes Batista
Folha de SP
Um homem tetraplégico, paralisado do pescoço
para baixo, foi capaz de gerar letras em uma tela de computador em tempo
real ao imaginar estar escrevendo com uma caneta na mão.
Para realizar a façanha, os cientistas usaram chips implantados
no cérebro do paciente para detectar os padrões cerebrais
envolvidos na escrita de cada letra. Eletrodos transferiram esses padrões
a um algoritimo capaz de ler e traduzir a atividade cerebral —o
movimento detectado no cérebro correspondente a uma letra se
tornava a versão digitada em uma tela.
A descrição do experimento realizado com o aparato, um
tipo de interface cérebro-computador (BCI, na sigla em inglês),
foi publicada na revista científica Nature
em 12 de maio. Esta é a primeira vez que cientistas identificam
os padrões cerebrais relacionados à escrita manual e os
transformam em texto.
O trabalho foi realizado por pesquisadores das universidades Stanford,
Brown e Harvard, todas nos Estados Unidos.
Usando a máquina, o participante do experimento, um homem de
65 anos de idade, foi capaz de digitar com uma velocidade de 90 caracteres
por minuto —semelhante ao que pessoas na mesma faixa etária
conseguem fazer usando um telefone celular, segundo artigo publicado
em 2019. A escrita realizada com ajuda da interface marcou acerto de
94%.
Uma parte dos pesquisadores envolvidos na pesquisa havia desenvolvido
um sistema anteriormente que permitia a uma pessoa escrever imaginando
mover o braço como um cursor em uma tela de computador e clicando
nas letras. O aparato permitia escrever a uma velocidade de 40 caracteres
por minuto.
O participante do experimento mais recente havia recebido dois chips
na parte do cérebro que controla os movimentos das mãos
e braços como parte de um outro estudo, chamado BrainGate2, encabeçado
pela Universidade Brown.
Uma parcela das pessoas que perdem movimentos do corpo devido a doenças
degenerativas ou acidentes pode se beneficiar de interfaces como a desenvolvida
pelos pesquisadores americanos. Isso porque, nessas pessoas, os comandos
cerebrais responsáveis pelos movimentos seguem ativos. A chave
está em traduzir os comandos em ações.
O físico britânico Stephen Haking (1942-2018) usava uma
interface cérebro-máquina para se comunicar. O aparelho
de Hawking usava um sensor que captava as contrações de
sua bochecha e as transformavam em letras e palavras.
Hawking perdeu movimentos do corpo como consequência da esclerose
lateral amiotrófica, uma doença degenerativa do sistema
nervoso.
O aparelho permitia ao cientista trabalhar, escrever livros e realizar
palestras —Hawking foi um dos mais prolíficos divulgadores
de ciência em vida.
Agora, os pesquisadores americanos devem testar o sistema que escreve
com o pensamento em pessoas que perderam a capacidade de falar.
O estudo relatado na Nature é um grande avanço para a
área das BCIs, mas os cientistas afirmam que este é apenas
o começo. "São necessários novos experimentos,
em mais participantes, e melhorias no sistema. Mesmo assim, acreditamos
que o futuro das interfaces cérebro-máquina intracorticais
é brilhante", escrevem os pesquisadores.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2021/06/chip-implantado-no-cerebro-permite-escrever-com-o-pensamento.shtml?origin=uol
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