Yan, o Gnomo
Em algum ponto da floresta, o pequeno gnomo Yan chorava
enquanto conversava com o sábio Gnomo-mestre...
Quando lembro de tudo o que já me aconteceu
sinto o chão me faltar. Fico tonto, sabe? Por que será
que sofro tanto? Será que, por algum motivo, a Fada da Sorte
escolheu caminhos distantes dos meus? Será que todos os contratempos
a mim destinados resolveram acontecer de uma só vez? Mestre,
já não suporto viver assim...
O Gnomo-mestre, que reunia folhas numa pequena cabaça,
olhou para o aprendiz e disse:
Meu pequeno Yan, percebes o que acontece com as lágrimas
que derramas?
Como assim?
Senhor, eu não compreendo o que dizes.
Apontando para algumas áreas da mata, o velho
e experiente gnomo respondeu:
Olha com atenção. Por todo o caminho
espalham-se flores justamente nos lugares onde tens vertido teu pranto.
Tuas lágrimas mágicas têm feito
brotar lírios, papoulas e perfumadas alfazemas nos lugares onde
caem.
Yan olhou ao redor e falou demonstrando admiração
e um certo aborrecimento:
Mas então... quer dizer que o meu destino é
sofrer para fazer a floresta se encher de cor e perfume?
É preciso que meu coração morra
aos poucos para a Natureza se encher de vida? Isso não é
justo!
Com toda a tranqüilidade, o Gnomo-mestre respondeu:
Os olhos vêem o que querem ver. O coração
sente o que quer sentir.
Então é essa a interpretação
que fazes?
Se o teu sofrer, meu pequeno, faz brotarem as flores
mais belas, o que poderia então surgir do teu sorriso luminoso?
Se transformas o verde da floresta num tapete multicolorido
quando choras, o que poderia acontecer no momento em que espalhasses
a alegria?
Não será esse o momento de mudar a semente
que espalhas?
Percebes o poder que tens nas mãos?
A dor cumpre o seu papel e tem sua razão de
ser. Sim, deve ser vista.
Mas os olhos não podem se fixar nela por muito
tempo, senão perdem a chance de ver o crescimento que ela própria
fez acontecer.
As orelhas do gnomo Yan se movimentavam enquanto recebiam
as preciosas orientações do sábio, como se não
quisessem deixar escapar uma única palavra.
Seus olhos, agora mais atentos, notaram que uma luz
começava a brilhar em seu peito.
Teve vontade de sorrir mas estava difícil,
uma vez que sua boca tinha perdido esse hábito.
Portanto fez um esforço e logo, logo, seus
dentes estavam à mostra.
Foi aí que algo incrível aconteceu:
Quanto mais ele ria mais crescia. Crescia e crescia.
Quem jamais poderia imaginar que Yan era um gigante?
Aquele pequeno gnomo era agora um gigante grandalhão
e sorridente.
Ele continuou rindo e sua risada ecoava nas montanhas
e se transformava em música; música mágica que
curava os passarinhos feridos e as plantinhas doentes.
De uma hora para outra a floresta era só brilho
e festa.
Yan procurou o Gnomo-mestre para agradecer, mas não
conseguia mais enxergá-lo.
E foi aí então que, fechando os olhos,
ouviu uma voz que dizia:
"- Há e sempre haverá uma forma
mais doce de viver.
O sofrimento, no momento em que é percebido
como sofrimento, já está no ponto derradeiro da sua
função e precisa ser substituído por uma outra
semente.
Agradeça as lágrimas do passado e
diga-lhes adeus.
O momento agora é de focalizar os sorrisos
do futuro.
Há e sempre haverá
uma forma mais doce de viver."
Autor Desconhecido
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