“Pois
o que aproveitará o homem, se ganhar o mundo inteiro
e perder a sua vida ou causar dano a si mesmo?”
(Lc 9:25, Mc 8:36)
Suicidar-se é causar a própria ruína.
Indagados, sabiamente por Kardec, se seria suicida o homem que perece
vítima de paixões que "ele sabia" lhe
haviam de apressar o fim, os Espíritos responderam:
“É um suicídio
moral.” (1)
Na interrogação seguinte, para situar a gravidade deste
comportamento em relação à culpa do que tira de
si mesmo a vida, num ato de desespero, os Espíritos, referindo-se
ao primeiro, esclareceram:
“É mais culpado, porque
tem tempo de refletir sobre o seu suicídio.” (1)
No suicídio direto ou intencional,
o suicida num momento de insanidade e desespero, emprega um veículo
de ação imediata; uma arma de fogo disparada e endereçada
a um centro vital, um instrumento cortante para lesar os punhos, a ingestão
de veneno corrosivo ou tóxico, se precipita de grandes alturas
ou promove o próprio enforcamento. São todas formas, além
de outras, de provocar sinistramente a cessação da vida
material, instantaneamente.
“O suicídio não
consiste somente no ato voluntário que produz a morte instantânea,
mas em tudo quanto se faça conscientemente para apressar a extinção
das forças vitais.” (2)
Aqui o suicídio é indireto
ou não intencional, porque embora exista a "consciência"
de se estar causando um mal orgânico, por inconseqüência
não se consegue a ele resistir, devido à vinculação
por hábito ou vício a este fator desencadeante, que vai
corroendo o organismo aos poucos, ou o coloca em risco desnecessário,
acabando por provocar a morte física. Também aqui, o muito
é feito de muitos poucos. Neste caso, creio que os termos intencional
ou não intencional sejam mais apropriados do que involuntário
ou inconsciente, porque a prática do suicídio direto ou
indireto, exige justamente vontade e consciência, como foi definido
acima. No primeiro caso existe a nítida intenção
de se extinguir a vida com brevidade, no segundo, mesmo não existindo,
chega-se a este fim; é como se ingerisse um veneno em dose única,
letal, ou em doses fracionadas, homeopaticamente, respectivamente, com
plena consciência destes malefícios.
Cometem, neste último caso, suicídio
não intencional, os que se entregam aos vícios do tabagismo,
do etilismo, das drogas alucinógenas, dos jogos de azar; são
ainda suicidas, “os gastrônomos e filopanças, que
não comem para viver, mas vivem para comer,”(3)
ocasionando, devido a dieta desregrada, acúmulo de substâncias
indesejáveis no organismo (colesterol, glicose, lipídios,
etc.) que irão propiciar o desencadeamento de doenças
(arteriosclerose, diabete, obesidade, etc.), com todas as suas conseqüências,
que podem assim levar em longo prazo, à morte prematura.
“Antes de se fazer perceptível
na organização física, a doença, como disfunção
dos centros vitais, já se encontrava instalada no perispírito.”
(4)
Tais sintonias repercutem-se no psicossoma,
causando ou desencadeando doenças nos órgãos predispostos,
como nos relata André Luiz em “Nosso Lar” (5),
quando foi considerado suicida por ter levado uma vida desregrada, à
custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas,
além de descomedimentos que lhe ocasionaram a sífilis;
os centros vitais assim atingidos vieram ocasionar seu desencarne precoce,
por isso considerado um suicida, advertindo ainda o mentor espiritual
que lhe orientava, de que “(...) tua posição
é de de suicida inconsciente(...); centenas de criaturas se ausentam
diariamente da Terra, nas mesmas condições.”
(5)
Cometem também suicídio
os que imprimem, desnecessariamente, altas velocidades em seus veículos,
sujeitando-os a colisões e colocando suas vidas em alto risco,
os torcedores fanatizados que levam às últimas circunstâncias
suas paixões clubísticas e os praticantes do sexo desregrado.
“Mas não é somente
aí, no domínio das causas visíveis, que se originam
os processos patológicos multiformes. Nossas emoções
doentias mais profundas, quaisquer que sejam, geram estados enfermiços.(...)
Tendo-se presente que a mente é geradora de saúde e de
doença, mágoas, ressentimentos, desesperos, atritos e
irritações entretecem crises do pensamento, estabelecendo
lesões mentais que culminam em processos patológicos.”
(4)
Atentam ainda contra a vida os que anseiam
a morte, desejando que se concretize a cada instante e solicitando-a
constantemente ao Criador, na tentativa de burlar a Lei Natural, num
ultraje ao Senhor da Vida.
Assim, tais pensamentos e tais vontades
têm uma aparência fluídica que imprimem marcas significativas
no perispírito a se transmitirem ao corpo físico.
“O invólucro fluídico
do ser depura-se, ilumina-se ou obscurece-se segundo a natureza elevada
ou grosseira dos pensamentos em si refletidos. Qualquer ato, qualquer
pensamento, repercute-se e grava-se no perispírito.”
(6)
O Espírito vai assim calcando
sua marca vibratória no perispírito e este, por sua vez,
no corpo físico e via pineal repercutindo-se finalmente nos bióforos,
“unidades de força psicossomática atuando
no citoplasma e através dos quais são projetadas sobre
as células os estados da mente, determinando inclusive a saúde
e a doença.” (4)
Tais perturbações energéticas
alterando progressivamente as células, podem acabar por ocasionar
a cessação da vida orgânica.
A ciência vem provando que emoções
negativas e a depressão (raiva, medo ou tristeza) enfraquecem
a resposta do sistema imunológico, que produz menos anticorpos,
com conseqüente queda das defesas orgânicas. Nada mais do
que , nós espíritas, já sabíamos.
“A glândula pineal regula,
provavelmente, esta atividade imunológica; exerce sua ação
no mais importante centro de integração do sistema vegetativo
e do sistema nervoso cerebroespinhal: o hipotálamo.”
(7)
Todas são formas de, negligenciando
o corpo, abreviar a estada terrena, com sérias conseqüências
espirituais, denotando o assim suicida, covardia moral, que há
de ser combatida com urgência, pela coragem moral e amor à
vida, e zelando por ela, utilizaremos deste empréstimo divino,
não para o destruir, mas para construir sobre ele a depuração
de nosso Espírito.
“Preserva o teu corpo, preparando-o
para servir de domicílio pelo período mais longo possível,
a fim de que não te encontres entre aqueles que chegaram à
Pátria espiritual antes da hora, pelo nefando instrumento do
suicídio indireto.” (8)
* * *
BIBLIOGRAFIA
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
68ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987, p. 442, perg.952.
(2) KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 37ª ed. Rio de Janeiro:FEB,
1991, pg 300.
(3) VALLE, Waldo Lima do. Morrer e Depois? 2ª ed. João Pessoa:
ed. A União, 1997, pg. 239.
(4) ZIMMERMANN, Zalmiro. Perispírito. 1ª ed. São
Paulo: CEAK, 2000, pg. 366, 375, 376, 508.
(5) XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André
Luiz. Nosso Lar. 6ª ed. Rio de Janeiro: FEB, pg. 27, 28.
(6) DENIS, Léon. Depois da Morte. 18ª ed.Rio de Janeiro:
FEB, 1994, pg. 208.
(7) NOBRE, Marlene R.S. Obsessão e Suas Máscaras. 7ª
ed.: Ed. Jornalística Fé, 1997, pg. 230
(8) FRANCO, Divaldo. Pelo Espírito Joanna de Angelis. Reformador,
setembro/2003, pg. 20.
Trabalho publicado no Reformador
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosFM/SUICIDIO_MORAL.html
* * *
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 28.10.2010.