Davi é uma das esculturas mais
famosas do autor renascentista Michelangelo.
O trabalho, uma estátua de mármore que mede cinco metros
e dezessete centímetros de altura, retrata o herói bíblico
com realismo anatômico impressionante, sendo considerada uma das
mais importantes obras desse período da História das artes.
A escultura imponente se encontra em Florença, Itália,
cidade que, originalmente, encomendou a obra.
Michelangelo levou três anos para concluí-la, em 1504.
É fascinante perceber a habilidade dos grandes artistas, conseguindo
enxergar numa grande pedra uma bela escultura.
Um deles, certa feita, relatou que ficou a fitar um grande bloco de
mármore por horas e horas, até visualizar a estátua
ali dentro. Depois, segundo contou, bastou tirar as sobras, desbastando
a pedra, para que surgisse a escultura perfeita.
* * *
Inspirados na sabedoria
dos grandes mestres, podemos levar esse entendimento para nossas vidas.
Imaginando que nossa alma é nossa grande obra, a grande escultura
que precisamos aformosear, entenderemos que a técnica desses
artistas é genial.
Primeiro, a análise demorada. Olhar para dentro da alma, conhecê-la.
Penetrar em sua intimidade buscando encontrar-se.
É o conhecimento de si mesmo, a chave de todo progresso moral.
A grande viagem para dentro do Espírito, procurando lá
o que precisa de reforma, de melhoria.
Quais as nossas maiores imperfeições, nossas dificuldades?
E quais também nossas habilidades, nossos potenciais?
Estabelecendo o que precisa ser retirado,
encontrando as sobras da rocha do Espírito, começamos
então o trabalho de esculpir a alma.
Retirar tudo
que não é essencial, que não é nosso, que
não faz parte da construção da nossa felicidade.
Remover os vícios, as mágoas, os grandes e pequenos ódios
que fomos guardando ao longo das eras.
Retirarmos a poluição mental, os pensamentos de inveja,
ciúme e revolta.
Removermos a tristeza e a depressão que já nos fizeram
tão mal, que já nos fizeram desistir tantas vezes, soltando
o cinzel das mãos por alguns momentos.
Alguns blocos podem ficar sem o trabalho do escultor por um longo período...
Mas acabam por não resistir à ação do tempo,
e voltam a pedir que o escultor continue... continue.
O processo pode ser doloroso, incômodo, assim como as investidas
do artista, com suas ferramentas, contra o mármore.
As primeiras ações são as mais doloridas, pois
o bloco ainda está intocado em várias partes. Retirar
a alma da inércia espiritual não é nada fácil.
Porém, quanto mais vamos retirando, mais da nossa verdadeira
essência vamos enxergando, e isso concede ânimo, energia,
para não retardar o trabalho de escultura.
Após algum tempo, após algumas reencarnações,
começaremos a vislumbrar a beleza de Davi no meio de tantos pedaços
de pedra que foram vertendo da pedra bruta.
É assim que esculpimos a alma, nossa grande obra-prima, que inicia
sua jornada na simplicidade e na ignorância, e que a devemos concluir
na perfeição, na felicidade.
Nossa alma, nosso Davi, nossa grande obra!
* * *
Redação do Momento Espírita.
Em 19.2.2013.