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Aos amigos espíritas:
"Se fosse um homem de bem teria morrido"
... e a covid19
Sob esse título, Fénelon,
Espírito, em Sens, 1861 (item 22 do cap. V do ESE), apresentou
uma breve dissertação sobre um ditado comum usado pelas
pessoas quando um homem mal escapa de um perigo. Ele atesta que esse
ditado retém em si uma grande verdade, muito embora fosse utilizado
com revolta ou tristeza pelas pessoas.
Fénelon comenta que a lógica é
simples: "sucede dar Deus a um Espírito de progresso ainda
incipiente prova mais longa, do que a um bom que, por prêmio
do seu mérito, receberá a graça de ter tão
curta quanto possível a sua provação." Sim,
para o Espiritismo, a vida espiritual é a verdadeira vida da
alma, e a vida material é uma oportunidade de provação
e aprendizado. Ensina também que o instinto de conservação
nos move a preservá-la, e que só a Deus pertence o direito
de dispor de uma vida material.
Assim, se a vida de um(a) amigo(a), familiar ou
ente querido foi "tomada" pela covid19 ou qualquer outra
doença fatal, embora nos solidarizamos ante a tristeza que
se faz presente junto aos familiares, considere que sucedeu a Deus
ter agraciado-o(a) com o retorno ao mundo espiritual.
Sobre nós outros, que conseguimos manter
o isolamento e evitamos o contágio, ou que nos recuperamos
da covid19 ou de qualquer outra doença grave, a dissertação
de Fénelon convida-nos à reflexão de que a nossa
estadia no mundo representa "prova mais longa" para aprendizado
moral e intelectual de que ainda necessitamos pois, afinal, se já
fôssemos homens de bem, é bem provável que já
tivéssemos morrido...
Como desejo permanecer encarnado, essa reflexão
me ajuda a me tornar mais humilde...
* * *
22. Falando de um homem mau, que escapa
de um perigo, costumais dizer: “Se fosse um homem bom, teria
morrido.” Pois bem, assim falando, dizeis uma verdade, pois,
com efeito, muito amiúde sucede dar Deus a um Espírito
de progresso ainda incipiente prova mais longa, do que a um bom
que, por prêmio do seu mérito, receberá a graça
de ter tão curta quanto possível a sua provação.
Por conseguinte, quando vos utilizais daquele axioma, não
suspeitais de que proferis uma blasfêmia.
Se morre um homem de bem, cujo vizinho é
mau homem, logo observais: “Antes fosse este.” Enunciais
uma enormidade, porquanto aquele que parte concluiu a sua tarefa
e o que fica talvez não haja principiado a sua. Por que,
então, haveríeis de querer que ao mau faltasse tempo
para terminá-la e que o outro permanecesse preso à
gleba terrestre? Que diríeis se um prisioneiro, que cumpriu
a sentença contra ele pronunciada, fosse conservado no cárcere,
ao mesmo tempo que restituíssem à liberdade um que
a esta não tivesse direito? Ficai sabendo que a verdadeira
liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços
que o prendem ao corpo e que, enquanto vos achardes na Terra, estareis
em cativeiro.
Habituai-vos a não censurar o que não
podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas.
Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem. Tão
limitadas, no entanto, são as vossas faculdades, que o conjunto
do grande todo não o apreendem os vossos sentidos obtusos.
Esforçai-vos por sair, pelo pensamento, da vossa acanhada
esfera e, à medida que vos elevardes, diminuirá para
vós a importância da vida material que, nesse caso,
se vos apresentará como simples incidente, no curso infinito
da vossa existência espiritual, única existência
verdadeira. –
Fénelon. (Sens, 1861.)
* * *
https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/887/o-evangelho-segundo-o-espiritismo/2236/capitulo-v-bem-aventurados-os-aflitos/instrucoes-dos-espiritos/se-fosse-um-homem-de-bem-teria-morrido
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