RENÚNCIA DE MÃE
O amor é o combustível que mantêm
acesa a chama da esperança.
Pela tela da TV os rostos sofridos daquelas mães
encarceradas expressavam essa realidade de forma marcante.
A repórter as entrevistava e elas davam as
mais variadas e emocionantes respostas.
Pelo estatuto da criança e do adolescente,
o bebê que nasce na cadeia tem o direito de ficar com a mãe
por quatro meses.
Embora no Brasil essa legislação varie
muito de estado para estado, no caso da reportagem, após os quatro
meses as crianças seriam encaminhadas aos cuidados de algum parente
que se dispusesse a assumir a missão.
Já os bebês das presas que não
têm parentes, devem ficar em um abrigo do estado ou com uma mãe
substituta.
O que vale ressaltar de tudo isso, é o amor-renúncia,
possível de ser observado em algumas das mulheres entrevistadas.
O filho de uma encarcerada, que foi condenada por
tráfico de drogas, foi embora mais cedo, por decisão dela
mesma.
"Fiquei com medo de ele sofrer, porque ele
já estava me conhecendo. Eu saía e ele ficava me procurando",
contou a mãe.
As lágrimas contidas e a expressão de
sofrimento eram evidentes no rosto daquela jovem mãe, que acariciava
uma peça de roupa do seu bebê, que ficou como lembrança.
Ela escolheu renunciar à alegria de ter o filho
nos braços para evitar que ele viesse a sofrer por falta do seu
carinho, ao qual certamente mais se acostumaria com o passar do tempo.
Então preferiu que ele fosse embora...
Somente quem ama de verdade é capaz de um gesto
de tamanha renúncia...
Pensar primeiro no ser amado, antes de pensar em si,
é virtude pouco encontrada na face da terra, onde o egoísmo
ainda impera.
E algumas daquelas mães, enquanto cumprem pena
por seus delitos, já vivem o amor verdadeiro e livre portas da
alma.
Estavam impedidas de transitar livremente, mas eram
livres para amar. Livres do egoísmo que encarcera mais do que
mil grilhões.
A renúncia é uma face do amor que merece
destaque, pois é a capacidade de abrir mão da própria
felicidade em benefício da felicidade do ser amado.
O exemplo máximo de renúncia que se
conhece até hoje na Terra, foi o de Jesus de Nazaré.
Ele renunciou à paz dos mundos celestes para
mergulhar num corpo físico e habitar entre os homens, seus irmãos
a quem se comprometeu ajudar.
Talvez, motivadas por seu sublime exemplo, mulheres
oferecem colo e carinho a esses "filhos do cárcere",
mesmo sabendo que um dia terão que vê-los partir.
Chamadas de "mães substitutas", essas
mulheres tentam suprir a falta do afeto materno que a criança
sentirá, afastada da mãe, por força das circunstâncias.
São mulheres e mulheres... Umas geram os filhos
e outras geram a esperança para as que perderam a liberdade,
por fraqueza.
Muito mais do que o constrangimento imposto pelas
grades, essas mães sofrem pela privação do convívio
com o seu bebê.
Sofrem a cada dia por não estar ao seu lado
quando ele cair, para levantá-lo, pois estão tentando
levantar a si próprias, das teias da criminalidade em que se
arrojaram...
Sofrem por não estar por perto quando o filho
disser a primeira palavra, quando aprender a primeira letra...
E esse é apenas um pequeno capítulo
das suas vidas sofridas...
O amor tem várias faces, e a renúncia
é uma de suas mais belas expressões.
Texto da Equipe de Redação
do Momento Espírita, com base em matéria veiculada no
Fantástico, no dia 27/06/2004, intitulada "Filhos do cárcere"
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http://www.reflexao.com.br/mensagem_ler.php?idmensagem=1909
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