Quando recebemos um convite para um aniversário,
um casamento, a primeira preocupação, quase sempre, é:
Como presentearei? O que oferecerei como presente?
E ficamos a cogitar o que será mais adequado,
mais bonito, mais precioso, mais agradável.
Assim, consultamos catálogos, sites, visitamos
lojas, verificamos preços. Afinal, o presente deve ser muito
bom, mas deve caber no nosso orçamento.
Será que a pessoa apreciará o que escolhemos?
Estará do seu gosto?
É sempre um grande dilema. Uma coisa é
certa: não importa o tipo, o tamanho, a qualidade do presente.
O mais importante é a intenção de quem dá
e a gratidão de quem recebe.
Assim aconteceu com Rita. Ela estava envolvida nos
preparativos do casamento da filha. Eram tantas providências:
o salão para a festa, a decoração, os músicos,
o cerimonial, o bolo, as bebidas...
Dois dias antes do casamento, ela estava revendo detalhes
no salão onde seriam recepcionados os convidados, quando viu
um senhor espreitando à porta.
Ela o cumprimentou e logo percebeu que era um solitário
desejando conversar. Ele contou que, em criança, sofrera um acidente,
batera com a cabeça e por isso, passara sua vida num asilo.
Encontrava-se, por um período, em casa de um
irmão e estava passeando antes do jantar. Quis saber o que é
que iria acontecer no salão e, ante a notícia do casamento,
perguntou se poderia vir dar uma espiada na festa.
Rita o convidou para a recepção.
Chegou o grande dia. No salão, a cerimônia,
a música, o corte do bolo da noiva, risos, danças.
Então, alguém veio dizer a Rita que
um cavalheiro estava na entrada e desejava lhe falar.
Era o homem solitário. Estava impecavelmente
arrumado, mas tímido. Não desejou entrar. Rita foi buscar
um pedaço do bolo da noiva e lho entregou.
Ele ficou comovido e lhe deu um presente: É
para a noiva, disse com orgulho.
Tratava-se de um pacote pequeno, mal embrulhado com
papel pardo, atado com um barbante.
Ele se foi e Rita colocou o presente junto a outros
tantos.
Após a recepção, já em
casa, ela principiou a anotar, com detalhes, cada um dos presentes e
quem o tinha oferecido.
Quando chegou no pequeno embrulho, o abriu. Era uma
pequena leiteira branca, de louça, dessas bem simples, que se
usam em hospitais e em asilos.
Então Rita chorou. Chorou pela felicidade da
sua filha e pela solidão daquele homem, que passara a maior parte
da sua vida numa casa para doentes mentais.
Chorou pelo gesto de amor daquele estranho. E, na
lista, escreveu: Uma leiterinha - Sr. Fulano, Asilo Tal.
Mais tarde, quando sua filha arrumou a casa, dispôs
os presentes, colocou a leiterinha em destaque, no meio de outras lindas
peças de prata.
Ela se comovera com a dádiva daquele homem.
Era um presente especial, de um mundo solitário para um outro
de esperança.
Um testemunho de amor de uma vida para outra.
* * *
Feliz é quem sabe ser grato ao que recebe, com
a certeza de que a alma que o escolheu, comprou, embrulhou e lhe ofereceu,
impregnou aquele objeto com toda sua afeição.
Por isso, todo presente é sempre muito especial.
Ele é mensageiro do afeto de alguém. Muito próximo
de nós ou simples conhecido, esse alguém despendeu seus
pensamentos, seu tempo para nos agraciar com um mimo.
Pensemos nisso.
* * *
Redação do Momento Espírita,
com base no artigo Testemunho de amor, de Rita Du Tot, de Seleções
Reader’s Digest, de dezembro de 1982.
Em 20.04.2011.
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http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2969&stat=0