Era uma cidade perdida entre a exuberância da mata e o escarpado
da serra.
Uma cidade do interior como muitas outras.
Na única escola havia uma só classe de alunos e uma única
professora.
As crianças, de variadas idades,
eram amadas por ela e com carinho acolhidas todos os dias para as horas
de ensino.
Para aquela mestra, cada menino e menina
era uma criatura especial.
Quando chegou o dia do professor os alunos
desejavam lhe dizer que também a amavam muito e lhe levaram presentes.
Agitadas, cada uma delas desejava entregar
antes a sua dádiva.
Os filhos do dono da chácara próxima
trouxeram uma cesta de frutos. Cada um mais bonito e cheiroso que o
outro.
Os filhos do dono da granja trouxeram
uma boa quantidade de ovos.
A filha da cozinheira do restaurante
trouxe um bonito bolo de cenoura, com cobertura de chocolate.
Os três irmãos que viviam
na fazenda lhe trouxeram um pequeno animal, um cabritinho.
A cada um, emocionada, ela abraçava
e agradecia.
Por fim, o menino-índio, o único
índio na escola, lhe deu uma concha.
Ela ficou encantada com a beleza da concha
e, recordando seus próprios tempos de infância, colocou-a
no ouvido para escutar o barulho do mar.
Ficou embevecida. Pela sua mente passaram
as cenas dos dias em que, criança, brincava na areia, molhava
os pés nas ondas que morriam na praia, fazia castelos e fortalezas.
Quando foi abraçar o menino, reparou
que suas pernas e pés estavam empoeiradas, que a unha do dedão
estava quebrada e que seu short estava sujo.
A camisa estava molhada de suor. Braços
e mãos estavam imundos. O rostinho – bom, naquele rostinho
suado os olhos faiscavam de alegria, percebendo o encanto da professora
com a concha.
Foi no confronto com esses olhos que
ela se deu conta de que a praia mais próxima estava a três
horas de caminhada.
Considerando a volta, isso significava
seis horas de caminhada ininterrupta.
Perguntou ao menino:
“Mas você foi buscar essa concha para mim tão
longe?”
Sorrindo ainda, ele respondeu:
“A caminhada faz parte do presente.”
* * *
Pense nisso!
Quantas vezes você já ficou a questionar-se a respeito
da melhor forma de presentear um amigo?
Quantas vezes pensou que seus recursos não
eram suficientes para adquirir um bom presente?
Aprenda com o garoto da história. Dê
algo simples, mas valioso.
Pode até não ser embrulhado em luxuosa
embalagem, mas que contenha a sua parcela de carinho.
Algo feito por suas mãos, ou fruto de sua criatividade.
Uma flor que você cultivou. Um ramo silvestre
colhido em sua caminhada. Ou uma concha apanhada em praia distante.
Um livro que contenha luz. Uma poesia escrita por
você.
Considere que o verdadeiro valor de um presente
não está no preço, mas no apreço de quem
o oferece.
* * *
Texto da Redação do Momento
Espírita com base em história de autor desconhecido.
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