PALAVRAS E AÇÕES
O filósofo americano Ralph Waldo Emerson tem
uma frase interessante quando trata a respeito das relações
humanas. Diz o seguinte: "Quem você é fala tão
alto, que não consigo ouvir o que você está dizendo."
Quantas vezes
já pensamos a respeito disso? Quantas vezes já avaliamos
o quanto nossas ações pesam no nosso cotidiano?
Muitas vezes, gostaríamos de ter um mundo mais justo, respeitoso.
Discursamos de maneira eloquente, usando raciocínio lógico
e perspicaz.
Doutras vezes exigimos do político, do chefe, do parente ações
mais justas, posicionamento mais claro, atitude mais honesta.
Indignamo-nos perante as injustiças sociais, escrevemos para
os jornais, mandamos correios eletrônicos a uma infinidade de
contatos, a fim de expressar nossa opinião.
Tudo isso é muito justo e o correto exercício de cidadania
cabe a cada um de nós de maneira impostergável.
Porém, já refletimos o quanto nossas palavras são
efetivamente coerentes com nossas ações? Quanto de nosso
discurso faz eco com nossos atos?
Ninguém tem o direito de exigir do outro aquilo que ainda não
se esforça por oferecer.
Se você recebe um troco a mais no caixa da padaria, e não
se incomoda em devolver o que não lhe pertence, é furto.
Se você não se incomoda em subornar o policial quando está
sujeito a uma multa, está fomentando a corrupção.
E se você falsifica documentações e recibos, a fim
de forjar sua declaração de renda, está incorrendo
em crime contra o Estado.
Muito embora desejemos uma sociedade melhor, faz-se necessário
uma análise do nosso proceder, a fim de que entendamos se nossas
ações são coerentes com nosso discurso.
Quem furta pouco, no troco do supermercado, furtaria muito, se tivesse
oportunidade. Assim, se você deseja políticos mais honestos,
que a honestidade comece por você.
Quem suborna em uma aparentemente "inocente" multa, compraria
consciências a qualquer preço, se assim tivesse condições.
Desta forma, se você anseia por relações sociais
justas e direitos iguais para todos, comece por não exigir privilégios
que não têm cabimento.
Quem não cumpre suas obrigações sociais, a partir
da sua própria declaração de renda, não
titubearia em forjar licitações, negociações
ou desviar dinheiro público.
* * *
Se você sonha com governantes
e homens de negócios que passem ao largo de conchavos e formação
de quadrilhas de paletó, comece por você.
Só teremos direito de exigir uma sociedade mais justa, a partir
do momento em que nosso discurso se concretize em valores e ações.
Até lá, correremos o risco de estarmos como o filósofo
previu: nossas ações falarão tão alto,
que ninguém conseguirá escutar o que estamos dizendo.
* * *
Redação do Momento Espírita.
Em 24.09.2009.
http://www.momento.com.br