Hoje em dia, grande parte dos pais se
preocupa em conduzir seus filhos a um templo religioso, em virtude da
situação conflitante por que passa a nossa sociedade.
Todavia, esses mesmos pais têm encontrado grande resistência
por parte dos filhos, principalmente dos jovens e adolescentes.
Isso nos recorda uma experiência vivida por um casal de amigos.
Eles tinham um filho de 14 anos que não se interessava em freqüentar
as reuniões religiosas junto com os pais, apesar de todos os
esforços destes por persuadi-lo.
Todas as vezes que os pais lhe falavam sobre a necessidade de se buscar
a ajuda de Deus para enfrentar, com fé e confiança, as
agruras da vida, o filho se mantinha calado, dedilhando sua guitarra,
da qual poucas vezes se separava.
Um dia, já cansados de tentar convencê-lo, sem lograr êxito,
os pais foram um pouco mais veementes.
Aproximaram-se do rapaz e começaram a lhe falar da importância
de ele os acompanhar ao templo religioso.
O garoto, que até então estava calado, segurou as cordas
da guitarra com uma das mãos, fitou-os nos olhos, e disse:
- Meus queridos pais, há quanto
tempo vocês professam essa religião?
O pai imediatamente respondeu que já fazia 20 anos, e a mãe
disse que a professava desde o berço.
O jovem abaixou a cabeça e continuou a acariciar sua guitarra.
Mas os pais, inquietos, questionaram com impaciência:
- Filho, você está surdo? Por que não fala direito
com os seus pais? Diga-nos, por favor, os seus motivos.
O rapaz levantou a cabeça novamente,
olhou-os com um certo ar de tristeza e falou:
- Eu não queria magoá-los, mas, se vocês insistem...
- Vocês acabaram de me dizer os anos que cada um freqüenta
o templo religioso e eu, que na verdade já sabia disso, peço
que me digam, com toda sinceridade:
- Para que serve a religião, se vocês vivem brigando dentro
de casa?
- De que adianta buscar um Deus que não consegue fazer com que
vocês se entendam e se perdoem, ao invés de viverem aos
gritos um com o outro?
- Respondam, com sinceridade, de que vale uma religião se de
vez em quando eu vejo o pai dormindo no sofá e a mãe se
debulhando em lágrimas, lá no quarto?
- Será que vocês me acham tão infantil a ponto de
me convencer que a sua religião é boa para mim, quando
não consegue fazer vocês felizes?
- Não! Eu realmente não perderei tempo com essas coisas
que não são eficientes nem para vocês mesmos.
* * *
A história desses amigos
vale como motivo de sérias reflexões para todos nós.
Esquecidos de que nossos filhos são portadores de inteligência
e bom senso, queremos que acreditem no que falamos e não no que
eles observam no cotidiano, portas adentro do lar.
É importante que aprendamos a ensinar pelo exemplo e não
tentar convencer com teorias vazias.
Pense nisso!
Geralmente os responsáveis pelo distanciamento dos jovens do
Criador, são os pais, com sua falta de fé ou hipocrisia.
As religiões trazem, em seus postulados, as diretrizes que conduzem
a Deus, mas os religiosos, ou os que se dizemos tais, é que não
as entendemos ou as desvirtuamos.
Assim sendo, se quisermos, sinceramente, aproximar nossos jovens de
Deus, aproximemo-nos dEle primeiro.
* * *
TC 26/05/1998
Equipe de Redação do Momento Espírita, com história
adaptada do cap. Necessidade de exemplo livro Crepúsculo de um
coração, de Jerônimo Mendonça.
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