Bem aventurados os que são
misericordiosos,
porque obterão misericórdia.
Jesus (Mateus, 5:7)
Analisando esse ensinamento de Jesus,
Allan Kardec esclarece: "A misericórdia é o complemento
da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não
poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento
e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma
sem elevação, nem grandeza”.(1)
A necessidade do perdão surge
quando houve conflito entre duas pessoas ou mais. Aparecem, então,
em cena o ofensor e o ofendido e a animosidade se estabelece, desdobrando-se
de forma mais ou menos grave e até em grandes tragédias.
Quando se pensa em perdão, lembro-me de uma história muito
interessante que se denomina: Aceitar o “espinho” alheio.
“Durante a Era Glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos- espinhos, percebendo essa situação, resolveram
se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente.
Mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos,
justamente os que lhes forneciam calor. E, por isso, tornavam a se afastar
uns dos outros.
Voltaram a morrer congelados e precisavam fazer uma escolha: desapareceriam
da face da Terra ou aceitavam os espinhos do semelhante.
Com sabedoria, decidiram voltar e ficar juntos. Aprenderam, assim, a
conviver com as pequenas feridas que uma relação muito
próxima podia causar, já que o mais importante era o calor
do outro.
Sobreviveram!
A narradora da história, Rosana Braga, apresenta a Moral da História:
"Somos feitos de luz e sombras. Ou seja, todos nós temos
defeitos e qualidades. Portanto, se insistirmos em não aceitar
os defeitos das pessoas, principalmente daquelas que mais amamos e com
as quais convivemos, fica realmente muito complicado sobreviver.”(2)
Se é importante perdoar, como
saber exercitar esse estado sentimental e emocional tão necessário
para o nosso bem-estar.
Reflitamos sobre algumas dicas:
1. Perdoar o ofensor é estar
se perdoando, isto é: sair do estado emocional de raiva, rancor,
frustração, ódio, etc. que fazem mal à
alma e ao corpo.
2. Quando não perdoamos estamos sob a ação da
lei de causa e efeito, e, em consequência do desequilíbrio
emocional atraímos energias negativas, pessoas mais desequilibradas
e espíritos perturbadores.
3. Poderemos, pois, estabelecer algumas etapas para o perdão:
a) é muito difícil
esquecer uma ofensa grave, só pensando em esquecer;
b) procurar compreender porque a pessoa agiu daquela forma;
c) lembrar-se das possíveis coisas boas que a pessoa fez;
d) dar “um tempo” para que a intensa emoção
de raiva, rancor, mágoa e frustração sejam
atenuadas;
e) se, e quando possível, conversar tranqüilamente com
o (a) ofensor (a) para esclarecimento dos fatos que originaram o
conflito;
f) se não for possível o diálogo esclarecedor,
sentir-se tranqüilo por ter feito a sua parte.
Desta forma entenderemos melhor o alerta
de Jesus: “Bem-aventurados os que são misericordiosos,
porque obterão misericórdia.”
* * *
Bibliografia:
(1) O Evangelho
segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap.X, itens 1 e 4, Ed. FEB,
(2) Moral da história, Rosa Braga, pág. 69, Ed. Escala
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