A educação informal acontece
no lar, nas situações mais inesperadas. Sábios
são os pais que delas tiram o melhor proveito.
Mildred era uma garotinha, quando o mundo mergulhou na primeira grande
guerra.
Seu pai havia construído um imenso apiário, que era a
maior fonte de renda da família.
Todo apicultor sabe que uma colméia pode morrer de fome durante
o inverno, se a sua provisão de mel não durar até
o florescimento das plantas.
Por isso, constitui rotina que ele ajude as abelhas, nos meses de frio,
alimentando-as com um xarope feito de água e açúcar.
No período da primeira guerra mundial, vários alimentos
ficaram escassos. E um deles foi o açúcar, que foi racionado
pelo governo.
O pai de Mildred, como apicultor, recebia uma cota extra de açúcar,
especialmente para as abelhas. E tal ração passou a ser
criteriosamente guardada no porão da casa, separada da cota familiar.
Certo dia, a família recebeu a notícia de que parentes
distantes viriam para uma visita, no dia seguinte.
A mãe desejava fazer um bolo, mas não havia açúcar
suficiente. As crianças queriam o doce, mais que tudo, e acabaram
por convencer a mãe que, se ela apanhasse a medida necessária
do barril das abelhas, o governo jamais ficaria sabendo.
E assim foi feito. O bolo amarelo, assado no forno à lenha, ficou
maravilhoso. Principalmente depois de coberto artisticamente com merengue.
Todos se deliciaram. As crianças estavam exultantes, como se
tivessem ganhado um grande prêmio.
Pouco depois, chegou o dia da família receber a sua ração
mensal de açúcar. O pai foi ao armazém, entregou
os seus cupons e trouxe para casa um saquinho marrom, que colocou sobre
a mesa.
A mãe o olhou por alguns instantes. Pegou-o e com o mesmo medidor
que usara para o açúcar do bolo, separou exatamente a
quantidade que utilizara.
Então, ante o olhar estarrecido das crianças, que a acompanharam,
ela se dirigiu ao portão e despejou a quantia no barril das abelhas.
O que sobrou no saquinho teve que ser muito economizado naquele mês,
por aquela família de sete pessoas. Para Mildred, que adorava
doces, foi uma lição extra de sobriedade.
No entanto, a mãe não fez o menor discurso sobre o acontecido.
Nada disse sobre honestidade.
Para ela, aquele fora um ato natural, de acordo com a integridade com
a qual seu marido e ela viveram as suas vidas.
Mildred já passou dos 90 anos de idade. Há muito deixou
de ser aquela criancinha que olhava por cima da mesa da cozinha da mãe,
na pontinha dos pés.
Ela confessa que contou a história sobre a honestidade incondicional
de sua mãe inúmeras vezes, para seus filhos, seus netos
e até mesmo para os bisnetos.
Compara sua mãe a uma abelha que traça uma reta, quando
se encaminha para sua colméia, após os seus vôos
em busca do néctar.
Sua mãe, diz ela, sempre tomava o caminho mais honesto, uma linha
reta, precisa como uma flecha.
E foi por isso que moldou, sem alardes, a consciência de quatro
gerações de uma mesma família.
* * *
O coração da mãe é a sala de aula de uma
criança.
As lições mais profundas nascem dos momentos preciosos
de dificuldades, quando é preciso ofertar o ensino, com ampla
visão de quem semeia para o futuro.
* * *
Equipe de Redação do Momento
Espírita, com base no cap. Uma doce lição
de Mildred Bonzo, do livro Histórias para aquecer o coração
das mães, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer
Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante.