COM RESPEITO À HUMILDADE
A humildade não "pega
bem" nos dias de hoje. Isso é o que se ouve, muitas
vezes.
Há uma noção generalizada de que ela diz respeito
à humilhação, rebaixamento, a menosprezo.
E numa sociedade em que se valorizam apenas os vencedores, os que estão
no alto, os que são "número um", falar
em "colocar-se abaixo", parece um absurdo.
Acontece que ainda vivemos reflexos do materialismo que reinou durante
tantas eras, e que nos gerou tantos males.
Entre eles o culto ao ego, uma preocupação ancestral dedicada
à formação do caráter que privilegia a força
pessoal, o destaque, a independência, o poder.
Essa preocupação em torno de falsos conceitos como o "de
que homem não chora, o forte prevalece, o vitorioso é
aquele que soube resguardar-se distante dos problemas alheios",
demonstra que esses são elementos nocivos e que se opõem
à humildade.
Evitamos, então, entendê-la como virtude, como força.
No entanto, a humildade "pega bem", sim.
Ela nos põe em contato com o chão, com a base e apoio
de tudo.
A própria raiz da palavra demonstra isso. "Húmus"
significava "solo". Também podendo ser entendido como
aquilo que torna a terra fértil.
Partindo desse princípio, começamos a entender melhor
o verdadeiro sentido de ser humilde.
Ser humilde é compreender nossa fragilidade, nossa fraqueza ante
as forças da vida e os fatores destrutivos que se espalham por
toda parte.
É observar a grandeza cósmica que nos deslumbra e perceber
a dimensão de nossa pequenez, reavaliando pensamentos e posturas.
A humildade é virtude essencial para uma jornada feliz na Terra.
Mediante a sua presença, percebe-se quanto se deve trabalhar
o íntimo para "aformosear-se" as aspirações
e avançar na solidariedade como fundamental comportamento para
o equilíbrio.
Analisando-se, por exemplo, as conquistas conseguidas pela ciência
e tecnologia, ao invés de presunção ingênua,
a humildade nos faz perceber o infinito das possibilidades a conhecer
e de enigmas a solucionar.
Por isso, quem é humilde cresce mais. Está ciente de que
tem muito a aprender, com tudo e com todos.
Não menospreza opinião alguma. Não busca fazer
prevalecer suas ideias à força. Não tira conclusões
precipitadas sobre essa ou aquela questão.
Quem é humilde sabe ouvir, e quando se utiliza da fala numa conversa
qualquer, a utiliza com tom adequado, ameno, sem ironias e sem a crítica
mordaz.
Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito
conhecimento, que se sintam humildes.
É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente
a cabeça para o céu, enquanto as espigas cheias as baixam
para a terra, sua mãe.
* * *
Jesus, que é o modelo da perfeição
e da beleza de que se tem notícia, apagou a sua grandeza na
humildade para ensinar a vitória sobre as paixões inferiores.
Deu exemplo máximo da sua elevação na última
ceia quando, envolvendo-se com uma toalha, lavou os pés dos
discípulos, demonstrando que sendo o senhor, fazia-se servo
de todos.
* * *
Redação do Momento Espírita,
com base no cap. 22, do livro Seja feliz
hoje, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 31.8.2018.