Seu brilho parece um sol derramado, um
céu prateado, um mar de estrelas (1).
Um dos maiores preconceitos pode ser
encontrado na Lepra. A pessoa com uma doença infecciosa curável,
chamada Hanseníase, é discriminada. O preconceito se transfere
para a atitude, aparecendo níveis de afastamento, discriminação
e segregação. (2)
Num Estado Democrático de Direito
podemos encontrar guerra religiosa e práticas fanáticas.
Entre nós temos duas torres gêmeas: a Umbanda e o Candomblé.
Basta vestir branco para ser expulso da favela por “traficantes
convertidos.”
A violência não é
privilégio desta última classe de espíritos. Podemos
encontrá-la na classe média. Não sei se o termo
“classe média” é um “pejorativo”.
No âmbito de uma comemoração,
disse a professora universitária: “a classe média
é o atraso de vida, estupidez. É o que tem de reacionário,
conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista. A classe média
é uma abominação política, porque ela é
fascista, uma abominação ética, porque ela é
violenta, e uma abominação cognitiva, porque é
ignorante.”
Numa entrevista, outro cidadão
comentava o povo nas ruas:
“(…) Essa realidade vai
mudar. Se a população atacar, partir pro contra-ataque.
Sou favorável a arranhar carro de autoridade, a jogar ovo, sou
favorável à revolta, ao quebra-quebra. Isso não
é vandalismo. Vandalismo é botar pessoas quatro horas
na fila das barcas todo dia. Vandalismo é roubar o dinheiro público.”
O Ministro Decano do STF, Celso de Melo,
dia 18 de setembro de 2013, nos permitiu avaliar o estágio em
que se encontrava, no final do julgamento da Ação Penal,
rotulada como Mensalão.
Não é democrático
ser violento. Necessitamos nos colocar acima da ideologia. Na sociedade
atual, vamos encontrar estágios diferentes no processo evolutivo
pessoal.
Em alguns, as consequências físicas
determinam se a ação é um ato bom ou não.
Os motivos morais são apenas baseados no desejo de evitar a punição.
Nos estágios iniciais o bom ou
o certo é aquilo que satisfaz necessidades pessoais. Nesse nível
quando a pessoa é agredida, ela também agride. Já
existe a igualdade e a reciprocidade, no entanto apenas por motivos
pragmáticos. Não há lealdade, gratidão ou
justiça.
Em estágios avançados de
conduta as pessoas já mostram respeito pela autoridade, pelas
regras fixas e pela manutenção da ordem social.
A evolução caminha surgindo
o respeito pelos direitos individuais, que são baseados no livre
acordo. Embora se valorize o aspecto legal, já se admite a mudança
da lei em função da utilidade social.
Num estágio posterior, as decisões
são norteadas por Princípios Éticos selecionados,
como justiça, reciprocidade, igualdade e respeito pela dignidade
do ser humano. Nem tudo que é legal pode ser considerado moral.
Através desse processo evolutivo,
foram surgindo Escolas Éticas (3),
mas uma delas, a Ética Espírita, ainda não é
considerada pela maioria dos estudiosos.
Na Ética das Virtudes buscava-se
“O Caminho do Meio”.
Com Jesus, na Ética do Amor, aprendemos
a “fazer ao outro o que gostaríamos que o outro nos
fizesse”.
No estado atual da educação humana,
é muito difícil alimentar, por mais de cinco minutos,
conversação digna e cristalina, numa assembleia superior
a três criaturas encarnadas, disse o espírito André
Luiz pelo médium Chico Xavier.
No século XX, Harbermas nos fala que
uma norma é válida, quando todos aqueles que possam ser
afetados, por ela, a aceitam sem coação. Introduz prévia
condição: que todos tenham tido livre participação
no evento prático, na discussão, no discurso, que levou
a formulação daquele acordo.
Sem coação, Allan Kardec brilhou, “parecendo
um sol derramado no século XIX”.
Com ele nos permitimos ampliar o número
de pessoas, no diálogo, na discussão, na assembleia requerida
por Harbermas.
O pesquisador francês havia convocado
as Pessoas Desencarnadas para a assembleia, onde haveria a participação
no discurso prático. Nos oferece assim um tratado de “Psicologia
Experimental”.
Na assembleia surge então o “mar
de estrelas”, o “céu prateado”, o Sol da Ética
Espírita com “O
Livro dos Médiuns".
Nele, vamos encontrar: “Espíritas
amai-vos, este é o primeiro mandamento, instruí-vos, este
é o segundo” (cap. 31, item 9).
Jesus sempre esteve em situação
difícil, diante da crise, fase difícil, grave, onde todos
estavam tensos, no conflito, queriam justiça com as próprias
mãos, mas a mulher encontrou Nele o argumento que evitou o apedrejamento.(4)
Estamos diante de uma ética
transdisciplinar, aquela que não recusa o diálogo, a discussão,
seja qual for sua origem – de ordem ideológica, científica,
religiosa, econômica, política ou filosófica.
O espírita deverá
reconhecer que o saber compartilhado conduzirá a uma compreensão
também compartilhada, baseada no respeito absoluto das diferenças
entre os seres, unidos pela vida comum sobre Terra, no terceiro milênio.
(5)
Já Emmanuel, outro espírito,
pelo mesmo médium, disse que “quando uma centésima
parte do Cristianismo de nossos lábios conseguir expressar-se
em nossos atos de cada dia, a Terra será plenamente libertada
do mal”. (**)
Espíritas, não somos muitos.
Que não nos abata o pequeno número de colaboradores, que
possamos lembrar a advertência de Emmanuel, em termos de “centésima
parte”.
Jesus, O Mestre, começou
o apostolado buscando o concurso de Pedro e André. (6)
(*) Texto elaborado para a reunião dos
15 anos de funcionamento do NEU-RJ.
(**) Oliveira, Alkíndar. Decálogo do Expositor Espírita.
Mundo Espírita. Página 2, fevereiro de 1998.
* * *
Leitura adicional
(1) Filhos de Gandhi
(2)Termos preconceituosos relacionados a deficiências, principalmente
à hanseníase
(3) Gontijo, J.T. 2011. Ética Espírita – Um esforço
para delineação.
(4) Crises e Argumentos. CEERJ
(5) Ética, Sociedade e Terceiro Milênio
(6) Emmanuel, Francisco C. Xavier. “Cristo e Nós”.
Livro Fonte Viva, FEB Editora
* * *
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosLCF/A_CIENCIA_DO_AMOR_LCF.html
> voltar - índice
topo