Milhares de criaturas esperavam-no coroado
de louros, numa carruagem de glória.
Ele, o Grande renovador, deveria surgir numa apoteose de exaltação
individual.
O trono dourado.
O cetro imponente.
O laurel dos triunfadores.
A túnica solar.
Os olhos injetados de orgulho.
O verbo supremo.
A exibição de riquezas.
Os espetáculos de poder.
A escolta angélica.
As sentenças inapeláveis.
Jesus, porém, caminha entre os homens, à maneira de servidor
vulgar, de vilarejo em vilarejo.
Veste-se conforme as usanças dos que o cercam.
Apostoliza em lares e barcos emprestados.
Ouve atenciosamente mulheres consideradas desprezíveis.
Atende a homens conhecidos por malfeitores.
Serve-se à mesa de pessoas classificadas como indignas.
Abraça crianças desamparadas.
Socorre doentes anônimos.
Acolhe a todos por amigos, a ponto de aceitar como discípulo
aquele que desertaria, dominado pela ambição.
Recebe remoques e injúrias de quantos lhe exigem sinais do espírito.
E parte do mundo, banido, entre ladrões, sob violência
e sarcasmo; no entanto, em circunstância alguma condena ou amaldiçoa,
mas sim suporta e ajuda sempre, respeitando nos seus ofensores filhos
de Deus que o tempo renovará.
Também na Doutrina Espírita, indene de todo cárcere
dogmático, a indagação campeia livremente.
Cristianismo redivivo, qual acontecia na época da presença
direta do Senhor, junto dela hoje enxameiam, de mistura com os corações
generosos que amam e auxiliam, as antigas legiões dos desesperados,
dos escarnecedores, dos indecisos, dos investigadores contumazes, dos
inquisidores da opinião, dos perseguidores gratuitos, dos gênios
estéreis, dos cépticos frios e dos ignorantes sequiosos
de privilégios, por doentes da alma...
Entretanto, se Jesus, que foi o Embaixador Divino, para manter-se ligado
à Esfera Superior exerceu a caridade e a tolerância em
todos os graus, como fugir delas, nós, espíritos endividados
perante a Lei, necessitados do perdão e do amparo uns dos outros?
É por isso que, em nossas atividades, precisamos todos de obrigação
cumprida e atitude exata, humildade vigilante e fé operosa, com
a caridade e a tolerância infatigáveis para com todos,
sem desprezar a ninguém.
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Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 35. Página
115.
Estudos e Dissertações em torno da Substância
Religiosa de “O Livro dos Médiuns”,
de Allan Kardec.
Capítulo XXXI - Dissertação XIII. Reunião
pública de 16/05/1960.
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