Até onde se deve estender o amor ao próximo? A célebre
pergunta feita ao mestre Jesus: Quem é meu próximo?
- prossegue para muitas mentes.
Para Chan, assistente
social de Hong Kong, de trinta anos de idade, não havia dúvidas.
Ela ouvira falar que as condições no orfanato de Nanning,
na China, eram horríveis e decidiu ver pessoalmente.
Em agosto de 1992, ela conseguiu chegar até o diretor e ter sua
permissão para explorar o local à vontade.
Ficou chocada com o que viu. Berços de metal enferrujado, onde
bebês se amontoavam como sardinha em lata.
Subnutrição, brotoejas, choro, foi o que ela encontrou.
Eram trinta e seis bebês, quase todos meninas. Essas são
abandonadas na China com frequência, por causa da política
do país de um filho único e a preferência de séculos
por meninos.
Em verdade, os meninos que se encontravam no orfanato eram portadores
de alguma deficiência.
Naquela noite, quando retornou ao hotel, ela levou uma das crianças
consigo. Ao menos lhe daria uma noite de carinho. Cuidou de suas feridas
e das assaduras. No dia seguinte, ao ter que devolver o bebê,
sentiu o coração apertado.
Em média, quatro crianças eram abandonadas por dia naquele
orfanato, onde a falta de recursos e funcionários fazia com que
os atendentes dessem prioridade aos bebês saudáveis. Os
fracos recebiam pouca atenção e quase não sobreviviam.
Chan pensou em sua infância feliz. Seus pais lhe ofereceram um
lar acolhedor e ela teve formação universitária
no Canadá. O senso moral lhe foi dado pelos pais.
Quando voltou a Hong Kong, decidiu. Deixaria o trabalho na creche e
iria ajudar os órfãos de Nanning, embora isso significasse
abrir mão de uma vida estável e de um emprego bem remunerado.
Chan sabia que muitos ocidentais esperavam ansiosos pela oportunidade
de adotar uma criança. Nos meses que se seguiram, ela estabeleceu
uma ponte entre a China e os Estados Unidos.
Então, relatórios de adoções ilegais levaram
o governo de Pequim a proibir a adoção por estrangeiros.
Ela não desanimou. Passou a bater de porta em porta, procurando
pessoas que desejassem levar crianças para os seus lares.
A missão era difícil, mas ela conseguiu sensibilizar algumas
mulheres. Ela mesma passou a cuidar de alguns bebês, a fim de
retirá-los da triste situação.
Em 1993, o decreto contra adoção foi revogado e ela prosseguiu
em sua jornada de conseguir lares para os órfãos.
Dentre as primeiras mulheres, na China, que se dispuseram a abrigar
uma criança abandonada, no programa da jovem Chan, havia uma
cega de cinquenta e dois anos, que passara sua vida montando caixas
de papelão em uma fábrica e era casada com um criador
de porcos.
Chan se dedicou a administrar um orfanato que ficou conhecido como Amor
de mãe.
O anjo do orfanato, como passaram a denominá-la, elegeu
uma jornada de amor, agradecida pelo amor grandioso que ela recebeu
de seus próprios pais.
* * *
Não limitemos
nossa capacidade de amar e não nos permitamos afirmar que estamos
sós ou em abandono. Saiamos em busca de alguém solitário
e o amparemos.
Levemos para casa um filho alheio, em abandono, e o amemos.
O amor não tem limites e consegue superar obstáculos considerados
intransponíveis.
Redação do Momento Espírita,
com base no artigo O anjo do orfanato, de
Seleções Reader´s Digest, de janeiro de 1999.
Em 30.1.2013.
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